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Humanização do parto: questões étnicas e raciais em debate

 BoletIN: Quais foram os maiores desafios da implantação desse projeto? 

luis_eduardoApesar de existir uma área de humanização na Coordenadoria de Recursos Humanos da Secretaria de Estado da Saúde de São Paulo, a equipe da área não via o debate sobre o impacto do racismo na saúde como um tema a ser inserido na política de humanização das direções regionais de saúde. Para vencer este desafio o Secretário de Estado da Saúde teve que dar respaldo a proposta.

Outro desafio é que nas primeiras reuniões no hospital tivemos que mostrar aos profissionais e sociedade civil que tínhamos (1) o Comitê Técnico Saúde da População Negra da SES de São Paulo; (2) a Área Técnica Saúde da População Negra no Grupo Técnico de Ações Estratégicas – e esta tinha respaldo do Secretário e que o Hospital Geral de São Mateus ao possuir o Centro de Parto Natural – uma experiência recém implantada e inovadora na Administração Direta – era um fator a ser capitalizado pela equipe de profissionais do hospital.

Dentre os momentos mais tensos no Hospital, poderia destacar a discussão sobre a importância do quesito cor. Os atendentes do serviço de cadastro do hospital começaram a fazer a pergunta Qual é a sua cor? Apesar de termos distribuído folders, de existir uma faixa na entrada do hospital com a pergunta Qual é a sua cor. Os usuários viam a pergunta com desconfiança e aconteceram situações de conflito. A impressão é que a população negra está tão acostumada a ser alijada da política pública que ela reagiu – “era como se esta população estivesse nos dizendo…. aqui não… eu não vou ter minhas necessidades negligenciadas aqui também”. Mas quando os “Jovens Acolhedores” e as “Recepcionistas” explicavam a proposta eles imediatamente aderiam.

Outro grande desafio é que para atingir resultados efetivos na redução da mortalidade materna nós precisávamos atuar com os equipamentos de saúde da região de São Mateus, estes equipamentos são municipais e tínhamos que envolver a atenção básica e atuar em Rede. Nós trabalhamos, sensibilizamos algumas equipes do PSF e a Regional de Saúde, mas não conseguimos trabalhar na perspectiva da Rede para que assim pudéssemos conseguir resultados efetivos com os profissionais de saúde e atingir a meta – redução da mortalidade materna e infantil.

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