davinci_justificativaMuitos sentidos se combinam e se conflitam na formação da ideia de Integralidade, entretanto, o seu significado não se pode recusar de reconhecer que é o cuidado como valor. Pelo aspecto legal, trata-se de um dos princípios do Sistema Único de Saúde – SUS, previsto na Lei Orgânica da Saúde.

Quando, no Brasil, as discussões da saúde se deslocaram da observação da prática médica para uma reestruturação do sistema, Integralidade passou a ser pensada como o próprio viés da mudança. Com a Reforma Sanitária Brasileira, a atenção integral se tornou uma das diretrizes do SUS. Talvez a principal delas.

Incorporada ao sistema como princípio, a noção de Integralidade está presente em vários níveis das discussões e das práticas na área da saúde. Ela passa pela reorganização dos serviços de saúde, pelos conhecimentos e ações dos profissionais isoladamente e em equipe, pelas relações dessas equipes com a rede de serviços como um todo e pela formação permanente dos profissionais na saúde.

O imperativo categórico do principio da Integralidade consiste na reafirmação do Direito à Saúde, como direito humano ao cuidado, com a centralidade no usuário e de sua participação no projeto terapêutico a ele destinado e por um desenho coletivo de sistema preparado para ouvir, entender e, a partir daí, atender às demandas e necessidades das pessoas.

O trabalho do LAPPIS, ao longo de seu amadurecimento como grupo de pesquisa em seus 18 anos de existência, tem sido propor formas alternativas de se compreender e agir em relação à Integralidade. O conceito de Integralidade defendido pelo grupo não se fecha em modelos ideais, mas, ao contrário, abre espaço para sua natureza polissêmica e polifônica. Por outro lado, se permanecer indefinida e ampla como vem sobrevivendo, a Integralidade pode significar tudo e, portanto, se desvincula do seu foco: integração e integridade de pensamentos e práticas. Resulta daí o esforço do LAPPIS de buscar metodologias para construir um conceito operatório para a ideia de atenção integral, uma definição construída a partir das práticas e das relações, na qual as pessoas, as instituições e os serviços possam se reconhecer.

Escuta, cuidado, acolhimento, tratamento digno e respeitoso são algumas idéias que certamente participam dos sentidos e signos da Integralidade. Olhar o ser humano como um todo, substituir o foco na doença pela atenção à pessoa, com sua história de vida e seu modo próprio de viver e adoecer são outras perspectivas. Reconhecer e lidar com diferentes saberes, com a diversidade de demandas e a pluralidade de seus sujeitos, requer que se abra mão de modelos pré-estabelecidos e se dispor a discutir e experimentar os alcances e limites do que pode ser a Integralidade torna-se também um caminho profícuo. A Integralidade poderia ser encarada exatamente como a própria travessia desse caminho que se sustenta na garantia do Sistema Único de Saúde (SUS) e pelo Estado democrático de direitos.

 

Sobre a Indexação

Integralidade em Saúde

Descritor em espanhol: Integralidad en Salud

Descritor em inglês: Integrality in health

Categoria: SP.001.034

Definição: “Princípio fundamental de sistemas públicos de saúde que garante ao cidadão o direito de ser atendido desde a prevenção de doenças até o mais difícil tratamento de uma patologia, não excluindo nenhuma doença, com prioridade para atividades preventivas e sem prejuízo dos serviços assistenciais. A integralidade supõe um cuidado à saúde e uma gestão setorial que reconheça a autonomia e a diversidade cultural e social das pessoas e das populações. “

Relacionados Português:

  • Assistência Integral à Saúde
  • Educação em Saúde
  • Promoção da Saúde
  • Humanização da Assistência
  • Equipe de Assistência ao Paciente

Número do Registro: 55475

 

DeCS – Descritores em Ciências da Saúde – do que se trata?

Trata-se do vocabulário estruturado e trilíngue que foi criado em 1982 pela BIREME – Centro Latino-Americano e do Caribe de Informação em Ciências da Saúde – para uso na indexação de artigos de revistas científicas, livros, anais de congressos, relatórios técnicos, e outros tipos de materiais, assim como para ser usado na pesquisa e recuperação de assuntos da literatura científica nas bases de dados LILACS, MEDLINE e outras. Na BVS, Biblioteca Virtual em Saúde, o DeCS é a ferramenta que permite a navegação entre registros e fontes de informação através de conceitos controlados e organizados em português, espanhol e inglês.

Foi desenvolvido a partir do MeSH – Medical Subject Headings da NLM – U.S. National Library of Medicine – com o objetivo de permitir o uso de terminologia comum para pesquisa em três idiomas, proporcionando um meio consistente e único para a recuperação de informação independentemente do idioma. Além dos termos médicos originais do MeSH foram desenvolvidas as áreas específicas de Ciência e Saúde (2005), Homeopatia (1991), Saúde Pública (1987) e Vigilância Sanitária (2005).

Os conceitos que compõem o DeCS são organizados em uma estrutura hierárquica permitindo a execução de pesquisa em termos mais amplos ou mais específicos ou todos os termos que pertençam a uma mesma estrutura hierárquica.

Tem como finalidade principal servir como uma linguagem única para indexação e recuperação da informação entre os componentes do Sistema Latino-Americano e do Caribe de Informação em Ciências da Saúde1 , coordenado pela BIREME, e que abrange 37 países na América Latina e no Caribe, permitindo um diálogo uniforme entre cerca de 600 bibliotecas.

Participa no projeto de desenvolvimento de terminologia única e rede semântica em saúde, UMLS – Unified Medical Language System da NLM com a responsabilidade da atualização e envio dos termos MeSH em português e espanhol.