INCUBADORA DE INTEGRALIDADE DO VALE

Uma Incubadora da Integralidade para o Vale do São Francisco

IMG_2471.jpgO Velho Chico está vendo nascer em suas margens mais uma boa experiência. Trata-se da Incubadora da Integralidade, projeto do Laboratório de Pesquisas sobre Práticas de Integralidade em Saúde (Lappis), em parceria com a Universidade Federal do Vale do São Francisco (Univasf) e apoio da Secretaria Municipal de Saúde de Juazeiro (BA). Desde agosto de 2011, a ideia vem sendo gestada por uma equipe que agrega professores, pesquisadores, gestores e estudantes residentes. Já está com uma pesquisa em andamento e, institucionalmente, teve o Termo de Cooperação Técnica assinado entre o Prefeito de Juazeiro, Isaac Cavalcante, e o titular do Instituto de Medicina Social da UERJ, Cid Manso.
As Incubadoras da Integralidade são experiências inovadoras onde ensino, pesquisa e extensão andam efetivamente de mãos dadas. Como diz o próprio nome, têm a ver com a ideia de concepção e gestação de idéias e, em linha mais geral, com a noção de processo e maturidade. São voltadas para a oferta do cuidado em torno do nascimento. Em cada uma das quatro Incubadoras espalhadas pelo País (Belo Horizonte, Campo Grande, Rio Branco e Recife), o tema é trabalhado de maneira diversa, de acordo com as especificidades de cada região, mas as áreas da saúde materno-infantil e saúde mental são os prioritários para as Incubadoras.

Em Juazeiro da Bahia, o grupo Lappis Vale do São Francisco vem fundando a Incubadora dentro do projeto de pesquisa “Trajetórias de Cuidado em Saúde em Juazeiro: construção da integralidade no contexto das áreas materno-infantil e saúde mental”. “A partir de um minicurso que aconteceu em novembro de 2011, foram pactuadas metas e responsáveis para concentrar esforços no atendimento dos eixos materno-infantil e saúde mental, no campo da Integralidade  no município”, lembra Ana Patrícia Araújo, residente em Saúde da Família da Univasf e integrante do projeto.

JUAZEIRO_4.jpgAtualmente, os residentes envolvidos estão mapeando experiências de pesquisa-extensão-ensino relacionadas a esses eixos, com potência de inovação, construídas pelo Sistema Único de Saúde (SUS) na região. Isso envolve vasculhar arquivos, entrar em contato com pesquisadores, registrar impressões e achados a fim de traçar um diagnóstico para o Vale do São Francisco. A cada semana, o grupo se reúne para traçar novos encaminhamentos. Essas reuniões acontecem sob a batuta da professora Roseni Pinheiro, através de videoconferências.

Em muitos momentos, são pontuados os nortes teóricos do projeto, como aconteceu durante conversa com a professora Alda Maria Lacerda da Costa, que discorreu sobre a dádiva e o cuidado. “As Incubadoras nascem com o espírito coletivo de potencializar as experiências inovadoras construídas pelo Sistema Único de Saúde (SUS)”, informa Roseni Pinheiro. “E a universidade tem um papel fundamental no sentido, de agregar valores éticos e políticos a fim de criar e integrar redes de saúde, trabalho e educação, para lutar em defesa dos princípios do SUS”.

Para o pesquisador do Lappis, Alexandre Barreto, professor da Univasf que integra o projeto, a experiência das Incubadoras serve para fortalecer a Integralidade enquanto ponto central da produção em saúde, entendendo produção como elemento técnico, científico, relacional e humano. “Vejo as Incubadoras como um empoderamento para os grupos e instituições, amparando-nos em fragilidades no âmbito da produção científica, auxiliando-nos no âmbito do planejamento, metodologia, sistematização e publicação da pesquisa, de forma a construir visibilidade e fortalecimento através de uma rede de profissionais e pesquisadores que comungam de uma mesma mentalidade epistemológica, política e de cuidado humano”, acrescenta.  

Saúde materno-infantil e saúde mental

Para Cláudio Claudino, pesquisador do Lappis e professor da Univasf, as áreas de saúde materno-infantil e saúde mental estão na ordem do dia em Juazeiro. Segundo Cláudio, que também coordena o Núcleo de Prevenção à Violência da Secretaria Municipal de Saúde, esses dois temas são prioridades no Plano Municipal de Saúde local. Ele cita a municipalização da Maternidade Municipal de Juazeiro e do Hospital Municipal da Criança, que eram instituições particulares e hoje tem 100% de cobertura SUS, como exemplo disso. “A Rede também contará em breve com a Rede Cegonha, com montante de recursos já aprovado pelo Ministério da Saúde para melhoria da assistência à mulher em todo ciclo gravídico-puerperal”, diz. Além disso, segundo Cláudio, o enfrentamento à violência contra a mulher, uma das frentes de atuação do Núcleo de Prevenção à Violência e Cultura de Paz de Juazeiro, contribui para efetivação do direito à saúde das mulheres violentadas na perspectiva da Integralidade.

Quanto à Saúde Mental, a I Conferência Interestadual de Saúde Mental, que aconteceu em Juazeiro em abril de 2010, apontou para muitos anseios da população que devem ser tomados em conta no momento de se pensar políticas públicas para assistência às pessoas em sofrimento psíquico na região do Vale. “Na rede própria SUS, Juazeiro possui CAPS II e CAPS ad, onde se prestam atenção aos usuários e suas famílias. Mesmo assim, as dificuldades estruturais e de sensibilização para o setor são imperativas, de modo a transcender estereótipos/preconceitos quanto ao cuidar desses usuários”, avalia.

(Leia mais sobre as Incubadoras do Lappis aqui no site acessando a seção Incubadora da Integralidade: Espaço David Capistrano)
 
 

Seja o primeiro a comentar

Faça um comentário

Seu e-mail não será divulgado.


*