Não fossem o letreiro e a ambulância estacionada na garagem, a casa cor de rosa em nada lembraria uma casa de parto aos olhos de um leigo, pois essa é uma das primeiras inovações, conforme explica Leila Azevedo, enfermeira coordenadora da casa de parto: “O ambiente desconstrói a ideia de hospital, não tem aquele cheiro de éter, tem mais colorido, lembra mais uma casa”. É realmente como se fosse uma casa, desde a entrada, com cadeiras de balanço feitas de vime enfileiradas, até as salas de consulta.
O fato de não ter muros ajuda a criar transparência, “porque as pessoas da comunidade podem ver o que estamos fazendo aqui, e isso gera mais confiança”, afirma a enfermeira. É um ambiente que busca o conforto, flertando com o esotérico, presente nos cristais e nas velas aromáticas. Na sala de consulta, paciente e enfermeiro não são separados por uma mesa e sentam confortavelmente em um sofá. As três suítes onde as gestantes se internam têm nomes como ‘Suíte Nove Luas’ e são equipadas com cama de casal e banheiro (com banheira). Isso tudo não quer dizer, porém, que a única preocupação é o conforto, pois a casa está bem equipada com o aparato necessário para cuidar das mães e dos bebês: “Temos os sofás de vime, mas também temos todo o equipamento para fazer exames obstétricos, por exemplo”, diz Leila.
Na sala de grupos, onde são realizadas atividades de acolhimento, um grupo de estudantes de enfermagem ouve atentamente a explicação de Edimara Medina, também enfermeira e coordenadora da Casa. Sentadas sobre almofadas,
assistem a um vídeo da Casa de Parto e fazem perguntas. Alunas da graduação e do curso de auxiliar técnico em enfermagem visitam a Casa, onde podem, de acordo com Edimara, “visualizar um novo modelo de atendimento”. Somos guiados pelas enfermeiras até os outros cômodos da casa: as suítes, onde alguns casais esperam a hora do parto e outros se preparam para receber alta; a sala de convivência, onde as mulheres e seus companheiros podem ver TV e descansar; a área externa, cujo gramado é usado para exercícios; e a cozinha, que tem um papel muito importante no funcionamento da casa: “É aqui que, durante o café da manhã, nós discutimos o que aconteceu na noite anterior com as pessoas que ficaram de plantão. É uma espécie de sala de reunião”, conta uma das enfermeiras.
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