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UERJ inaugura exposição sobre a arte de internos e ex-internos da clínica Dr. Eiras

altO Laboratório de Pesquisas sobre Práticas de Integralidade em Saúde (LAPPIS/UERJ), em parceria com o Museu Bispo do Rosário Arte Contemporânea e o Laboratório de Estudos e Pesquisas em Saúde Mental e Atenção Psicossocial (LAPS/ENSP/FIOCRUZ), realizará no próximo dia 11 de novembro, às 17:30 horas, no auditório do Instituto de Medicina Social, na Universidade do Estado do Rio de Janeiro, a mesa de abertura da exposição “Singularidades”, que aborda o universo artístico de internos e ex-internos da clínica Dr. Eiras, em Paracambi. A mesa será formada pelos palestrantes Paulo Amarante (FIOCRUZ), Roseni Pinheiro (UERJ), Ricardo Aquino (Museu Bispo do Rosário) e Cristina Vidal (Campo da Intervenção da clínica Dr. Eiras). Os trabalhos ficarão expostos na sala de exposições da Rede Sirius, a partir do dia 11. Esta iniciativa conta com o apoio da Reitoria da UERJ, SubReitoria de Extensão e Cultura, FAPERJ, Rede Sírius, Hospital Colônia Dr. Eiras – Paracambi.

Segundo os curadores Ricardo Aquino e Paulo Amarante, a exposição reúne um conjunto de obras de artistas com diferentes linguagens e suportes. De acordo com os curadores, o que vale é a dimensão artística que nos sensibiliza nas obras que evidenciam distintas singularidades. Os curadores afirmam ainda que não há classificações, nem rótulos, nem etiquetas, “apenas o intuito de compartilhar o nosso espanto ao percorrermos o conjunto de 248 obras sob Comodato do Museu Bispo do Rosário de Arte Contemporânea e estabelecer este recorte que nos pareceu mais adequado às condições do momento e do espaço”.

altDe acordo com Roseni Pinheiro, coordenadora do LAPPIS e da Pesquisa “Necessidades e práticas na desinstitucionalização da clientela de longa permanência institucional: avaliação da demanda e adequação da oferta de cuidado”, que conta com apoio da FAPERJ e da UERJ, essa exposição é uma ferramenta metodológica importante para reafirmar a “transdisciplinariedade” na pesquisa nessa área de saúde mental. Acrescenta que iniciativas como essa se constitui em uma tarefa inerente às pesquisas de saúde coletiva, sendo a arte uma estratégia interessante de olhar as transformações vigentes, nesse caso o processo de desinstitucionalização. Além disso forjamos possibilidades de estudos sobre esse tema capaz de criar vínculos de afetos com a sociedade mediante a explicitação de um universo sensível que atinge à todos nós. Com isso combateríamos o estigma e a intolerância com a diversidade inerente ao ser humano, portador de transtornos mentais, ou não. Essa é a principal tarefa da universidade, que busca na indissociabilidade entre ensino, pesquisa e cultura um modo de lutar contra injustiça social.

Para os curadores as obras foram criadas em decorrência da necessidade humana de dar conta da sua incompletude, seja pela ciência, pela religião, pela filosofia ou, neste caso, através da linguagem artística. Isto foi o que moveu tantos artistas, fato este facilitado pela ação pontual, generosa e solidária de alguns poucos funcionários do complexo de serviços psiquiátricos de Paracambi.

Por tudo isto, estas obras soam e podem ser lidas como as marcas riscadas e raspadas nas paredes torturantes de tantas masmorras e tantas outras instituições de violência e exclusão política e social. Elas testemunham o triunfo sobre o anonimato e o silenciamento destas singularidades.
 

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