Notícia

Sociólogo Peter Conrad fala sobre medicalização e TDAH em duas conferências no IMS/UERJ – NOVA DATA E LOCAL

peterconradReferência no estudo da medicalização, o sociólogo americano Peter Conrad estará no Rio de Janeiro para ministrar a conferência “Medicalization and its Discontents”. Conrad, que já foi presidente do Departamento de Sociologia da Brandeis University por nove anos e, desde 2002, é como presidente do programa interdisciplinar “Saúde: Ciência, Sociedade e Política” (PESS), encerra as sessões com a mesa “The Growth of ADHD”, sobre o Transtorno do Déficit de Atenção e Hiperatividade,  no dia 1º de julho, às 10h, no auditório do IMS (Bl E/ 6º andar). (Foto: Peter Conrad em SP, 2010 – Divulgação: CRP-SP) NOVA DATA E LOCAL: a conferência “Medicalization and its Discontents”, com Peter Conrad (Harry Coplan Professor of Social Sciences Department of Sociology Brandeis University), dia 29/06/2011, quarta-feira, às 10h, no auditório do IMS-UERJ (Sala 6012, Bl. E)

 Menopausa. Grau de concentração. Infertilidade. Disfunção erétil. Ao longo das últimas décadas, essas e muitas outras condições ou características passaram a ser definidas e tratadas como problemas de saúde. Elas foram “medicalizadas” – transformadas em problemas que exigem a consulta a um médico ou especialista e, na maioria das vezes, tornam-se alvo de medicações.

Referência no estudo da medicalização, o sociólogo americano Peter Conrad estará no Rio de Janeiro para ministrar a conferência “Medicalization and its Discontents”, no dia 29 de junho, às 10h, no auditório do IMS/UERJ – BL E, 6º andar. Conrad, que já foi presidente do Departamento de Sociologia da Brandeis University por nove anos e, desde 2002, é como presidente do programa interdisciplinar “Saúde: Ciência, Sociedade e Política” (PESS), encerra as sessões com a mesa “The Growth of ADHD”, sobre o Transtorno do Déficit de Atenção e Hiperatividade,  no dia 1º de julho, às 10h, no auditório do IMS (Bl E/ 6º andar).

Conrad volta ao Brasil (em 2010, esteve em São Paulo para o I Seminário Internacional “A Educação Medicalizada: Dislexia, TDAH e outros supostos transtornos”) a convite do Professor Kenneth Rochel de Camargo Jr (IMS/UERJ). Ele, que vem trabalhando uma linha de pesquisa sobre medicalização, convidou Peter Conrad para a última edição do Abrasquinho, realizada em abril. O professor da Brandeis University e autor do livro “Medicalization of Society” não podia comparecer na data, mas se colocou à disposição para outro período. “Esse diálogo internacional é fundamental para a universidade, para a ciência no Brasil e também para o programa de pós-graduação. Acredito que devem ser criadas e ampliadas as condições para que possamos fazer isso , afinal, é uma interface é muito importante: trata-se de um pesquisador internacional que é uma referência na área”, diz Kenneth, que aborda o tema medicalização em uma de suas aulas da disciplina “Saúde e Sociedade”. “Foi uma surpresa muito agradável descobrir uma série de pontos de contato de ideias, que eu  havia escrito há muito tempo, em comum com ele”.

Atualmente, o professor do IMS/UERJ tem trabalhado as definições do conceito de medicalização que, segundo ele,  tem uma variação semântica muito grande e pode tratar de assuntos distintos. “Conrad está propondo uma declaração bastante clara e operacionalizável desse conceito.  Para ele, medicalização é um processo complexo, que não está necessariamente sendo liderado, nem aproveitado por uma corporação com o nome ‘medicalização’ pode indicar, ou seja, não é propriamente um movimento ‘de médicos’, por mais que eles tenham uma autoridade muito grande”, afirma.

kennethKenneth acredita que a medicalização não possui necessariamente uma implicação negativa (“há setores em foi benéfica, como o advento dos retrovirais no tratamento de HIV/AIDS, que não existia como um problema médico até os anos 1980”, diz ele) e que Conrad não está fazendo uma declaração de guerra a priori (é um termo eminentemente descritivo),  e sim utilizando a ideia de processo, além de observar a complexidade de atores envolvidos na questão da saúde. “É o que Conrad chama de ‘motores da medicalização’ (engines of medicalization), onde mostra que existe uma série de forças sociais e econômicas que sobredeterminam a prática médica. Uma parte da leitura sobre a medicalização provém de Michel Foucault: a medicina como uma grande instância de controle, não dá conta de importantes transformações que vem sofrendo, principalmente quando falamos de países como o Brasil”.

Quem é Peter Conrad

Peter Conrad é um sociólogo americano que pesquisou e publicou sobre diversos temas, incluindo o TDAH (Transtorno do Déficit de Atenção e Hiperatividade, medicalização, a experiência da doença, bem-estar no local de trabalho e biomédica.  É membro do corpo docente da Universidade Brandeis desde 1979 e desde 1993 tem sido o Harry Coplan Professor de Ciências Sociais.  Antes de Brandeis, Conrad lecionou na Universidade de Suffolk (1971-1975) e na Universidade de Drake (1975-1978). Na Brandeis, serviu como chefe do Departamento de Sociologia por nove anos e, desde 2002, é presidente do programa interdisciplinar “Saúde: Sociedade, Ciência e Política”.  Também foi professor visitante na New York University, Universidade Gadjah Mada (Yogyakarta, Indonésia), Universidade de Londres, Royal Holloway, da Universidade Queen e-Belfast (Irlanda do Norte).

Conrad é o autor dos livros Identifying Hyperactive Children: The Medicalization of Deviant Behavior (1975, 2004), Deviance and Medicalization: From Badness to Sickness (com Joseph W. Schneider, 1980, 1992), Having Epilepsy: The Experience and Control of Illness (1983) e The Medicalization of Society: On the Transformation of Human Conditions into Treatable Disorders (2007). Ele também editou ou co-editou vários volumes, incluindo Handbook of Medical Sociology, 5 ª edição (2000) e oito edições de Sociologia da Saúde e Doença: Perspectivas Críticas (1981-2009), um texto amplamente utilizado para a graduação.

Ele  recebeu inúmeras honras acadêmicas, incluindo o Prêmio Charles Cooley Horton (1981) para Deviance and Medicalization, um Distinguished Fulbright Fellowship (1997), o Prêmio Leo G. Reeder (2004), da Associação Sociológica Americana para “distintas contribuições para a sociologia médica” e Prêmio do Fundador Lee (2007), em reconhecimento das realizações significativas que, ao longo de uma carreira distinta, têm demonstrado devoção contínua com os ideais dos fundadores da Sociedade para o Estudo dos Problemas Sociais e, especialmente, com a tradição humanista de Alfred McClung Lee e Elizabeth Lee Briant.

Seja o primeiro a comentar

Faça um comentário

Seu e-mail não será divulgado.


*