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Responsabilidade e Julgamento: os valores das práticas de acolhimento é tema de dissertação

Defendida no último dia 02 de abril, a dissertação baseou-se nos conceitos de Responsabilidade e de Julgamento para avaliar as práticas de acolhimento na Estratégia de Saúde da Família.

Responsabilidade e Julgamentos: os valores das práticas de acolhimento na Estratégia da Saúde da Família é tema de dissertação de mestrado

Que valores podem sustentar a prática do acolhimento no contexto da Estratégia da Saúde da Família? A questão foi o ponto de partida para a pesquisa desenvolvida pelo psicólogo Pedro Sanches, durante seu mestrado no Programa de Pós-Graduação em Saúde Coletiva do Instituto de Medicina Social da UERJ. A dissertação – defendida no último dia 02 de abril e orientada pela pesquisadora Roseni Pinheiro – baseou-se nos conceitos de Responsabilidade e de Julgamento para avaliar as práticas de acolhimento no programa.
“O trabalho aponta a defesa de valores que possam colocar o homem, e não o acúmulo de riquezas, como o objetivo último das ações de saúde. São destacados elementos que permitem divergir de uma visão monológica de indivíduo, fundada pela teoria contratualista e que constitui um dos pilares do utilitarismo, para dar lugar a uma concepção de sujeito constituído na intersubjetividade, e que tem, portanto, responsabilidade para com os outros e o mundo que o cerca”, explica Sanches.

 

O pesquisador utilizou como material de estudo os “diários de campo” de sua própria experiência durante o período de residência médica em uma Unidade Básica de Saúde no estado do Rio Grande do Sul.
“Minhas experiências foram reconstruídas a partir de narrativas registradas em relatórios e diários de campo elaborados durante o período de minha residência. Esses relatos refletem o cotidiano da unidade de saúde e a partir deles podemos pensar em soluções para a questão do acolhimento na saúde pública”, ressalta Sanches.
A metodologia utilizada é um dos pontos de destaque do trabalho, já  que possibilitou uma análise das sensações e sentimentos que o pesquisador percebe em si mesmo e no confronto com o campo, seus participantes e suas relações. “A análise dá destaque ao lugar do pesquisador no campo, permitindo compreender os nexos de sua intervenção, além colocar luz nos jogos de poder presentes no campo de pesquisa” aponta o pesquisador.
“Um dos pontos mais altos do trabalho do Pedro diz respeito à coerência com a natureza interdisciplinar do campo da saúde coletiva, a transdisciplinariedade do objeto: práticas de acolhimento. A coragem de produzir um giro epistemológico reflexivo sobre sua prática, realizando um movimento de desfamiliarização e compartilhamento dos seus ‘diários de memórias’ da experiência de residência, foi ousado, mas não menos reflexivo para o desenvolvimento de novas abordagens. Como enfatiza a banca, é um belo início de uma carreira acadêmica que enfatiza a responsabilidade e o juízo crítico, não menos político do trabalho de em equipe de saúde em permanente formação” esclarece a orientadora Roseni Pinheiro.
A banca da defesa foi composta pelos professores: André Luiz Mendonça (IMS/UERJ), BethaniaAssy (PUC-Direito) e Carlos Eduardo Honorato (IPUB/UFRJ), que aprovou por unanimidade a defesa de Pedro recomendando sua continuidade como estudos doutorais e de novas pesquisas
 
Os resultados do estudo reforçam a importância de aliar o cuidado em saúde a valores humanos, proporcionando o diálogo e a reflexão entre os profissionais de saúde, os pacientes e suas famílias. Segundo o pesquisador, desta forma, o atendimento em saúde será pautado por princípios e postura ético-política.
“O acolhimento é entendido no contexto desse trabalho como uma postura e prática orientada pelo entendimento do cuidado como um valor humano, pautado por uma relação que instigue o sentimento público de responsabilidade daquele que acolhe com quem busca o acolhimento”, conclui Sanches. 

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