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“Integralidade é projeto ético, político e pedagógico”, concluem participantes de mesa de debates em Petrolina (PE)

DSC03550Quando o assunto é Integralidade, uma manhã inteira parece pouco. No final de maio, uma Mesa Redonda durante a II Semana de Enfermagem da Universidade de Pernambuco (UPE) – Campus Petrolina, pôs em discussão práticas alternativas de saúde, políticas públicas para a área, ensino, pesquisa e extensão. Num auditório ocupado em sua maioria por estudantes, o veterano Itamar Lages, deu o pontapé inicial de uma conversa que se anunciava promissora. “A Integralidade é a filosofia da práxis. Deve orientar nossas ações na prática o tempo inteiro”, disse. “Vejo como um conteúdo ético-político e, ao mesmo tempo, um dos princípios do SUS. Trata-se na verdade de justiça social”.

Na mesa de debates, que contou também com a participação dos professores Simone Diniz (COFEN), Alexandre Barreto (UNIVASF) e Rodrigo Cappato (UPE), a coordenadora do Lappis, Roseni Pinheiro, acrescentou que, além de um projeto ético e político, a Integralidade deve ser vista ainda como um projeto pedagógico. Para ela, é preciso formar um pensamento crítico permanente nos cursos de ensino superior sobre a questão, estar atento a plataformas que contemplem o assunto nos processos eleitorais de gestão acadêmica, aliar-se a outras disciplinas das ciências sociais e humanas que tratam do assunto inclusive no currículo e, fundamentalmente, produzir pesquisas que levem em conta o pesquisado e não apenas o pesquisador. “Aqui, também, não dá para falar de Integralidade sem praticar”, acrescentou, relembrando a filósofa Hannah Arendt para quem pensar o Outro significa “se ver como o Outro e não no lugar do Outro”.

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 O professor da UNIVASF, Alexandre Barreto, falou das experiências em práticas integrativas que vêm sendo desenvolvidas pelo núcleo temático da Universidade Federal do Vale do São Francisco. Barreto disse que o seu contato com uma literatura que inclui filosofia chinesa, indiana e até física quântica, fez com que ele percebesse que o modelo de ciência no qual estava inserido antes era passível de uma certa fragilidade mas, ao mesmo tempo, carente de uma série de transformações hoje em curso. “Eu só pude mudar alguns estilos de vida e hábitos que compreendia como nocivos, violentos e adoecedores, que me produziam sofrimento, porque entrei em contato com profissionais que tinham uma prática humanizadora”, concluiu.

Para a representante do Conselho Federal de Enfermagem, Simone Diniz, este é o momento de tomar consciência das conquistas alcançadas e discutir os caminhos que a Integralidade e as práticas alternativas pretendem seguir, a começar pelo debate sobre o papel do enfermeiro frente a outros profissionais de saúde. “A enfermagem precisa estar integrada a todas as práticas em saúde. Não pode ser uma prática subordinada nem deve ser vista como caridade”, pontuou, alertando para o fato de que, neste momento, é necessário ainda discutir o reconhecimento de práticas alternativas como a homeopatia. Hoje, o Conselho só autoriza e reconhece como legítimas a prática da acupuntura e da fitoterapia.

O professor Rodrigo Cappato, da Universidade do Estado de Pernambuco, falou sobre os pilares da medicina tradicional chinesa e sua inserção no SUS e apontou o dedo para uma ferida ainda aberta. Na sua opinião, os currículos oferecem o mínimo necessário para que os alunos tenham conhecimento sobre as práticas alternativas em saúde. “Nós estamos preparando nossos alunos para essa mudança de comportamento ou continuamos com o privilégio da alopatia?”, questionou. Em setembro, um novo seminário sobre Integralidade deve acontecer na UPE – Campus Petrolina trazendo o assunto novamente à tona.

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