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HUAP realiza seminário sobre emergência

DSCN6892O Hospital Universitário Antônio Pedro (Huap/UFF) realizou uma reunião sobre seu Serviço de Emergência Referenciada em dia 3 de outubro. O objetivo do debate foi esclarecer os motivos que levaram a Emergência do hospital a funcionar seguindo o conceito de hierarquização e referência e contrarreferência preconizado pelo Sistema Único de Saúde (SUS). (Foto: o Diretor Geral do HUAP, Tarcisio Rivello)

Participaram do evento o reitor da UFF, Roberto Salles; o diretor-geral do Huap, Tarcisio Rivello; o diretor médico, Haberlandh Sodré; o chefe do Serviço de Emergência, Ary Bassous; o diretor de Enfermagem, Enderson Hernandes; e o professor associado do Instituto de Saúde da Comunidade Aluisio Gomes da Silva Jr, além das demais chefias de serviço e de representantes do Sindicato dos Trabalhadores da UFF (Sintuff), do Diretório Central dos Estudantes (DCE) e do Diretório Acadêmico Barros Terra (DABT), do curso de Medicina.

Aluisio Gomes da Silva Jr iniciou a discussão apresentando quadros da evolução do HUAP nos últimos 30 anos e demonstrou que o serviço de Emergência vem se modificando em tamanho e funcionamento mais por políticas internas da UFF do que pela articulação com a rede do SUS.

“Note-se a queda do numero de atendimentos foi grande – de 1000 para 150 por dia – entretanto, a gravidade dos casos aumentou, ou seja, as demandas mais simples foram absorvidas pelo crescimento da rede assistencial em Niterói a partir de 1990”, relatou o professor, que também é pesquisador do Lappis (IMS/UERJ).

DSCN6893De acordo com Aluisio, as questões críticas para a crise da Emergência do HUAP foram a saída dos docentes de Medicina das equipes da Emergência para atuar somente em atividades de ensino, na década de 1990(“embora fossem contratados para atuar no serviço de emergência”) o que reduziu as equipes de plantão; a precarização dos vínculos trabalhistas dos profissionais técnicos (médicos,enfermeiros e outros) que causou alta rotatividade de profissionais; e a descontinuidade administrativa da UFF e do HUAP(mudança de direção e mudanças de projetos institucionais) o que causou oscilações e contradições  importantes no rumo da gestão.

A primeira grande crise aconteceu em agosto de 1992, quando a Emergência foi fechada. O Conselho Municipal de Saúde de Niterói e os movimentos sociais mobilizaram o maior sindicato local (os metalúrgicos da construção naval) para reverter esta situação. Cerca de 3.000 metalúrgicos invadiram pacificamente o HUAP e a Reitoria da UFF e conseguiram a reabertura da emergência (fotos do FLUMINENSE atestam isto). Desde então a situação da Emergência vem sendo questionada.

“Questionamos qual é o papel que o HUAP quer desempenhar nesta rede atualmente. A resposta da Direção foi que o HUAP seria um hospital terciário e quaternário (alta complexidade) cuja Emergência seria utilizada para o encaminhamento de outras unidades de saúde e do SAMU e não teria mais ‘a porta aberta'”, informou Aluisio.

Segundo o Diretor Tarcisio Rivello, os investimentos estão sendo feitos para o HUAP fazer cirurgias cardíacas, Transplantes de Rim, Oncologia e outras especialidades complexas. Este seria o futuro do hospital que poderia ser compartilhado com as faculdades da área da saúde da UFF no ensino.

“Rebatemos que hoje a ’emergência referenciada’ atende um numero pequeno de pacientes e, segundo os Médicos Residentes, oitenta por cento deste atendimento é oriundo do próprio HUAP(serviço de oncologia).O atendimento especializado do HUAP gera sua própria demanda na Emergência. O que sobra para a rede? Se as outras especialidades do HUAP forem desenvolvidas vão então agravar a situação da Emergência do HUAP ?

A Direção do HUAP falou das metas pactuadas no SUS regional, mas não respondeu as perguntas. “Este debate não encerrou a discussão, novas reuniões serão agendadas. Pretendemos acompanhar a evolução do contrato de metas assinado pelo HUAP com o SUS e utilizá-lo como parâmetro nas próximas discussões”.

Emergência Regulada e Referenciada

A partir de 2008 o Hospital Universitário Antonio Pedro (HUAP) passou a funcionar com uma Unidade de Emergência Regulada e Referenciada conforme pactuado na contratualização com o SUS, estabelecendo mudanças físicas, funcionais e no perfil dos pacientes atendidos no setor. A Emergência Regulada e Referenciada atende os casos caracterizados como graves e de alta complexidade em diversas áreas. Os pacientes devem ser encaminhados por uma unidade de atendimento por meio da Central de Regulação da Metropolitana II e após contato com o Núcleo Interno de Regulação do HUAP (NIR).

A partir desta mudança, os alunos questionam o quanto foi perdido na questão do ensino. Hoje, a emergência possui nove leitos. Os alunos não podem tem mais a experiência que em outro momento adquiriram em uma emergência com muitos leitos.

Há cerca de um mês ocorreu uma ocupação na reitoria da UFF, onde questionaram a abertura da emergência pra livre demanda.

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