Incubadora

Equipe bem integrada, resultados animadores

Para fazer parte da equipe de enfermeiras da Casa de Parto, é necessário ter pelo menos cinco anos de experiência com enfermagem obstétrica. “É a experiência na sala de parto que permite ao enfermeiro identificar possíveis complicações e avaliar os riscos”, diz Leila Azevedo, enfermeira coordenadora da casa de parto. Todos os enfermeiros precisam estar de acordo com a proposta do parto humanizado, mas não são apenas eles que entram no espírito da Casa: “desde a cozinheira até o motorista, todos vestiram a camisa da casa de parto”, afirma.

Segundo a coordenadora, “tem motorista que rega as plantas e até cozinha pra gente. Todo mundo acaba fazendo algo além de sua função”. A cozinheira Zeneide Monteiro confirma: “Eu cuido mesmo é da cozinha, mas às vezes faço um ou outro serviço como voluntária”, conta enquanto planta uma muda no jardim da Casa. Ela é que faz a comida dos funcionários e das gestantes, e ainda arruma tempo para contribuir na construção do ambiente de trabalho. “É assim mesmo”, explica Edimara, “cada um de nós traz alguma coisa pra cá, um cristal, um quadro”.Com uma equipe integrada que tem vínculos fortes entre si e com a Casa, não é nenhuma surpresa que os resultados sejam bons. Com três meses de experiência na Casa, Marco Antônio não se lembra de ter levado nenhum bebê com problemas para a maternidade de referência, e afirma que situações de emergência são muito raras: “Eu só aguardo de prontidão. Às vezes, levo um ou outro exame pro laboratório, só não rego planta do jardim nem cozinho, quem faz isso é o outro motorista”, defende-se. Os números confirmam: dos mais de 70 partos apenas três precisaram de transferência para o hospital. “Nossos resultados têm sido muito elogiados pela Secretaria de Saúde do município”, orgulha-se Leila. Marcos Dias, gerente do programa de saúde da mulher da Secretaria confirma: “A situação das mulheres na casa de parto é privilegiada, em especial durante a gestação”, elogia. (veja sua entrevista acompanhado de Katia Ratto)

Porém, boa parte da reputação da Casa se deve à população local. “No começo, houve uma certa desconfiança, até porque não somos moradores daqui, mas nós entramos em contato com os líderes comunitários, e hoje são eles que vêm nos procurar para saber sobre o andamento da Casa, acabam fazendo propaganda da gente”, diz Leila. Outro fator é a propaganda boca a boca feita pelas mulheres que passam pela casa: “Elas falam para as outras como foram tratadas aqui, e mesmo aquelas que não são atendidas por algum motivo voltam para a comunidade e contam para as outras o porquê de não terem sido atendidas, acabam fazendo nossa propaganda também”, diz.

Michel Dias Rosário e Bruna de Souza Bento acabaram de ter seu terceiro filho, Ian, na casa de parto. Para ambos, a experiência foi muito melhor que no hospital: “Dá pra acompanhar minha esposa, participar e ver meu filho nascer”, diz ele. Bruna faz coro: “A gente se sente à vontade, pode caminhar, não precisa passar pela agonia de ficar deitada em uma cama que nem no hospital”.

 

 

 

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