A psiquiatra da Clínica Dr. Eiras fala sobre a exposição Singularidades, que poderá ser visitada na Rede Sirius da UERJ (no bloco C do 2º andar) de 11 de novembro de 2008 a 13 de março de 2009, e sobre a mesa-redonda no Auditório do IMS (6º andar, bloco E) que inaugurará a exposição.
1) Qual a finalidade da exposição e do documentário?
A exposição tem o objetivo de divulgar o trabalho de desinstitucionalização na clínica Dr. Eiras de Paracambi, impulsionar a trajetória percorrida pelos diversos atores envolvidos no trabalho e verificar os avanços obtidos. Já o documentário é fruto da pesquisa “Necessidades e práticas na desinstitucionalização da clientela de longa permanência institucional: avaliação da demanda e adequação da oferta de cuidado”, realizada pela professora Roseni Pinheiro.
2) Quais as expectativas para o lançamento da exposição?
As melhores possíveis. Acredito que as obras apontam que, apesar de toda dor e sofrimento da clínica, os usuários encontraram um meio para burlar os estigmas e engessamentos institucionais existentes em Paracambi. Este caminho percorrido de maneira tão singular é o caminho da arte, da beleza. Precisamos compartilhar com mais pessoas essa criatividade que lhes é tão peculiar.
3) Qual serão os assuntos tratados na mesa- redonda?
Dentre outros assuntos, falaremos dos projetos e estratégias de “intervenção” na cultura local, como o bloco carnavalesco Maluco Sonhador, a rádio Antena Virada, o Cinema na Praça e as oficinas de arte e artesanato. Tais ações, para além dos muros da Dr. Eiras, são bastante significativas, pois deslocam a discussão da loucura para outros ambientes, focando no usuário e nas suas necessidades.
4) De que maneira a realização desse projeto pode auxiliar no trato daqueles que são usuários da saúde mental?
O hospital Dr. Eiras já foi o maior hospital privado da América Latina. A intervenção é um marco na Reforma Psiquiátrica brasileira e o sucesso desta ação garante frente para muitas outras, pelo porte do hospital, pela longa permanência (algo em torno de 30 a 40 anos de internação) e as vitórias alcançadas pelos ex-pacientes que hoje se tornaram moradores da cidade com 21 residências e repúblicas. Nesse sentido, o projeto foi de extrema importância no trato desses usuários.
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