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Em seminário, Roseni Pinheiro defende uma nova relação entre saúde coletiva e comunicação

senacom roseni_1.JPGO I Seminário Nacional de Comunicação e Saúde (Senacom), que aconteceu em Goiânia no final de maio, reuniu mais de 250 pessoas entre profissionais de saúde e estudantes da área da saúde e da comunicação, para debater as diversas realidades do SUS e propor soluções para questões como a imagem da saúde pública diante da mídia. Roseni Pinheiro (na foto, à esquerda), coordenadora do Lappis, participou como palestrante da mesa que teve como tema: “A Saúde como mercadoria”.

Acreditando numa nova perspectiva de comunicação em relação às políticas públicas para a saúde, Roseni questionou o posicionamento da imprensa quando se trata de saúde pública. Para ela a comunicação tem que avaliar as críticas à saúde junto à população, de forma positiva.

Como membro da Associação Brasileira de Pós-Graduação em Saúde Coletiva (Abrasco), a professora pontuou que a saúde pública no Brasil melhorou nos últimos anos e que, por conta disso, a comunicação tem de modificar a relação entre a informação e a saúde coletiva. Diz Roseni: “A comunicação tem que ser reestruturada no tocante à saúde. Ela não pode tratar as políticas públicas para a saúde como vem tratando, servindo apenas ao mercado”.Senacom_publico.JPG

Direito ou mercadoria?

A mesa foi mediada pela jornalista Silvana Bittencourt, editora-assistente do jornal “O Popular” e, além de Roseni Pinheiro, teve como palestrante o professor sênior da Faculdade de Saúde Pública da USP, Fernando Lefevre.

Trabalhando com temas como a comunicação em saúde, Lefevre explicou o ponto de vista sobre o tema da mesa por meio de analogia a uma peça teatral. Segundo Lefevre vivemos numa sociedade que mercantiliza tudo e com a saúde não seria diferente.

Para o professor, “na sociedade de consumo na qual estamos inseridos, o indivíduo perde totalmente o controle sobre a saúde. Ela passa a ser definida completamente fora dele num acordo entre o mercado, o estado, os sistemas de saúde e os profissionais da saúde”. Durante a sua fala, Lefevre questionou se a saúde é direito ou mercadoria e se, para resolver essas querelas, há necessidade de um estado regulador.

Finalizando o debate nessa mesa-redonda, a jornalista Silvana Bittencourt disse acreditar ser bastante difícil uma nova abordagem da relação entre comunicação e saúde pública. Ela acredita que é papel da imprensa criticar e fiscalizar duramente as políticas públicas e afirmou que uma nova abordagem, como a sugerida pela professora Roseni Pinheiro, pode ser alcançada em publicações especializadas na área de saúde.

Outros momentos

O Seminário foi realizado pela Secretaria de Saúde de Goiânia através da Assessoria de Comunicação SMS e da Agência Integrada de Comunicação (Convênio SMS-UFG), com apoio da Universidade Federal de Goiás e da Associação Brasileira de Pós-Graduação em Saúde Coletiva (Abrasco). Na abertura do evento, quinta-feira, dia 31, o secretário municipal de Saúde, Elias Rassi Neto, ressaltou a importância de promover o debate sobre comunicação e saúde no SUS. O Seminário contou ainda com outras duasmesas-redondas que discutiram a relação do SUS com a mídia e a imagem do SUS na sociedade.

“A relação do SUS com a mídia” foi o tema da primeira mesa do evento. O debate que foi ministrado pela Assessora de comunicação da UFG Silvana Coleta contou também com as presenças do Vice-presidente da Associação Brasileira de Pós-Graduação em Sáude Coletiva (Abrasco) Luís Eugênio e Juvenal Vicenzi Coordenador de redação da Assessoria de Comunicação Social do Ministério da Saúde (MS) e do Secretário Municipal de Saúde Elias Rassi.

Segundo Luís Eugênio as várias mídias existentes estão interessadas no SUS e o sistema compreende os diferentes poderes que televisões, jornais, rádios e sites tem. “ Sabemos que os meios de comunicação tem interesses comerciais, políticos e ideológicos. O que queremos é que eles saibam como tratar a notícia.” O Vice-presidente da Abrasco também comenta que a mídia só valoriza o lado ruim. “ Temos que mostrar para a imprensa que existe o lado positivo. Para isso temos que ser cada vez melhores.”
Eugênio exemplificou o relacionamento entre as duas partes com a pandemia de Gripe A de 2009. “Na ocasião, as redes sociais foram mais rápidas que a Organização Mundial de Saúde (OMS), órgão que tinha a obrigação de repassar as informações.”

Para Juvenal Vicenzi, “é difícil encontrar qualquer ator social que seja contra o SUS, porque o sistema é orgânico, conveniente, mesmo que não funcione as vezes.” Ele diz que é preciso colocar os princípios do SUS em prática, ampliando as estruturas de comunicação entre as regiões. “Não há nada mais intrigante e desafiador do que fazer comunicação com saúde.” Um exemplo desse desafio é Campanha de vacinação contra a Gripe A em 2012. “Com o planejamento feito pelo MS nos meios de comunicação, conseguimos vacinar 6,7 milhões de pessoas nos últimos quatro dias de campanha”, aponta Juvenal.

Senacom_foto_mesa_final.JPGCom o tema “A imagem do SUS na sociedade”, a última mesa-redonda do Senacom contou com a participação da representante da Pastoral da Saúde de Goiânia, Albertina de Souza Bernardes; do professor adjunto da UFG e ex-diretor do Departamento de Análise de Situação de Saúde do Ministério da Saúde, Otaliba Libânio, e da coordenadora do Grupo de Trabalho de Comunicação e Saúde da Associação Brasileira de Pós-Graduação em Saúde Coletiva (Abrasco), Wilma Madeira.

A mediadora da discussão, Cristina Laval, é ex-diretora de Atenção à Saúde da Secretaria Municipal de Saúde de Goiânia e acredita que há uma distorção da realidade em relação à imagem do SUS. “A satisfação real do usuário do SUS é maior do que é divulgado pela mídia. Quem mais critica são os que não utilizam o sistema”.
Wilma Madeira, coordenadora da Abrasco, comentou sobre as várias facetas dos SUS e como cada cidadão o enxerga. Ela entende que o exercício de uma comunicação na saúde que dialoga com a população fortalece e traz para a prática os princípios de universalidade do SUS. Wilma levanta a questão de que a comunicação seja incluída nos demais temas da saúde e ressaltou a ideia do poder de fala, no qual quem o detém deve ter autoridade sobre o assunto.

Ao mostrar um panorama da imagem do SUS no Brasil nos últimos anos, o professor Otaliba Libânio questionou o fato do sistema ainda não ser bem visto pela sociedade apesar dos avanços alcançados e confirmados pelas pesquisas. Ele acredita que para mudar essa imagem negativa deveriam existir melhores estratégias de comunicação que ressaltem os avanços, melhores ambiências nas unidades, humanização e qualificação do cuidado.

Representando a Pastoral da Saúde de Goiânia, Albertina de Souza Bernardes enfatizou a importância da sociedade se envolver com a questão da saúde: “Não basta só a lei, precisamos do comprometimento da sociedade”, sendo aplaudida por todos do auditório. Albertina terminou sua fala com a citação “não tenha medo de mudar lentamente, tenha medo de ficar parado”, ressaltando que a sociedade deve buscar melhoria para o SUS, apesar de todas as suas qualidades.

Fonte: assessoria de imprensa SMS/Goiânia

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