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VIII Seminário e Ateliê do Cuidado: Contagem regressiva

altO VIII Seminário da Integralidade, que acontecerá nos próximos dias 10,11 e 12 de Setembro no auditório II da UERJ recebeu para esta edição mais de mil inscrições. É expressiva a demanda de profissionais de diversas áreas de interesse tais como médicos, psicólogos, assistentes sociais e professores, além de estudantes vinculados a instituições de todo o país. Os trabalhos enviados demonstraram interesse em participar do evento para debater e refletir junto aos pesquisadores a questão da integralidade dentro de um contexto social do cuidado com e para o usuário. A maioria dos interessados participa pela primeira vez do evento e as expectativas são as melhores.

O expositor Felipe Asensi, integrante da mesa que vai debater a questão da “Responsabilidade e decisão no cuidado: é possível fundar um ethos público na saúde?”, destaca a importância de se compreender a responsabilidade no cuidado, e que este assunto envolve aspectos de fundamental importância: “Existem responsabilidades, para além de  perspectivas externas que dizem respeito a ofícios de cada um no sistema de saúde. Fato que por sua vez, implica em compromisso social para com o usuário, que é o titular deste direito constitucional. É importante compreender que a responsabilidade no cuidado envolve muito mais do que o exercício puro e simples das funções dos diversos atores que compõem o processo de formulação, fiscalização e execução das políticas de saúde”,  acredita o pesquisador.

As inscrições ainda estão abertas tanto para o Seminário quanto para o ateliê da Integralidade, que terá três áreas de interesses: ensino, pesquisa e serviço.Para o ateliê ensino, os trabalhos “Ensino da saúde no hospital universitário de Juiz de Fora: uma experiência interdisciplinar na pediatria”, “A formação orientada por competência: a integralidade no cuidado em saúde”, “O cuidado integral como categoria norteadora do programa teórico de núcleo do programa de residência médica em medicina de família e comunidade do serviço de saúde comunitária Porto Alegre –RS”, “ Representação social da medicina social da medicina em estudantes do primeiro período da UFAC e as possibilidades de ensino e aprendizagem”, “ O encontro com a morte e os desejos de mudanças na formação médica: a procura do mestre Quiron”, serão avaliados respectivamente, pelos pesquisadores Lílian Koifman – Pesquisadora da Universidade Federal Fluminense para os três primeiros citados, Roseni Pinheiro – Coordenadora do Laboratório de Pesquisas em Integralidade e Octávio Bonnet.

altJá o ateliê dedicado às pesquisas terá a apresentação dos trabalhos “As experiências cotidianas na construção do sistema único de saúde”, “Participação, associações e capital social: estudo comparado da rede associativa de apoio ao PSF em Recife e Porto Alegre” , “Acesso aos serviços de saúde mental e a prática clínica: responsabilidade, ética e cuidado”, “A prática da integralidade no cuidado à saúde materno-infantil em um contexto rural”, “A equipe multiprofissional de saúde na atenção integral ao adolescente vivendo com HIV/AIDS”,  serão avaliados pelos pesquisadores  Octávio Bonet, Tatiana Gerhardt, Roseni Pinheiro e Lélia Madeira.

E por fim, no ateliê serviço, as apresentações “Em busca da integralidade no atendimento domiciliar ao acamado: a experiência de uma unidade básica de saúde de Porto Alegre”, “Atenção à saúde do adolescente: considerações sobre uma experiência no município do Rio de Janeiro”, “O cuidado ao agente comunitário de saúde: grupos de reflexão sobre prática profissional”, “A proposição metodológica dos estágios de vivência no sistema único de saúde: resgate histórico”, “Os bastidores de uma cartografia: humanização e acolhimento no território hospitalar” estão sob avaliação de César Favoretto, Lélia Madeira, Lílian Koifman e Ana Heckert.

Entrevista –  Felipe Asensi – Bacharel em Ciências Sociais e Direito. Mestrando em Sociologia pelo IUPERJ  e expositor na mesa de debate Responsabilidade e decisão no cuidado: é possível fundar um ethos público na saúde?
 
altQual a importância da responsabilidade e cuidado no tratamento dos usuários de saúde social coletiva?
É importante compreender que a responsabilidade no cuidado envolve muito mais do que o exercício puro e simples das funções dos diversos atores que compõem o processo de formulação, fiscalização e execução das políticas de saúde.

Responsabilidades, para além de uma perspectiva externa que diz respeito ao ofício de cada um no sistema de saúde, implica em compromisso social para com o usuário desse sistema, que é o titular do direito constitucional à saúde.
 
Como congregar a questão do cuidado às políticas públicas se levarmos em conta os usuários do SUS?
A própria idéia de termos como “serviço público” ou “servidor público” denota que o espaço do Estado não pertence propriamente aos agentes que dão vida às políticas de saúde. De fato, profissionais, gestores e membros do Ministério Público devem adotar uma postura que expresse da forma mais singela essas expressões: servir aos cidadãos.

Por isso, tratar de responsabilidade e cuidado no âmbito dos usuários do SUS implica resgatar o próprio sentido público do que significa cidadania, que enseja direitos inerentes à dignidade da pessoa humana e, por isso, que não podem ser violados, negligenciados, ou, até mesmo, restringidos de forma unilateral pelos diversos agentes estatais.
 
Em sua opinião, de que forma podemos chamar a atenção da sociedade para esse importante debate?
Existe uma diferença entre “chamar atenção” e “provocar atitudes”. Creio eu que, de alguma forma, a sociedade já percebeu as principais falhas e desafios no sistema público de saúde. Os problemas de medicamentos, o caos de filas em hospitais, a falta de leitos e outros, são problemas que fazem parte do cotidiano dos usuários e, portanto, acredito que sejam já identificados por eles como obstáculos ao efetivo exercício de seus direitos.

Por outro lado, o fato das pessoas identificarem problemas não enseja, necessariamente, que elas atuam na resolução concreta deles. Historicamente, temos uma sociedade civil passiva, que incorpora mudanças muito mais do que promove mudanças. Em geral, os momentos de agito ou movimento da sociedade foram pontuais, e o esforço tem sido justamente em enfatizar a idéia de cidadanizar o cidadão, de um lado, e desestatizar a sociedade, de outro.
 
Como podemos conscientizar a população a respeito das questões pertinentes à saúde pública do país?
 
Talvez, a principal tarefa seja conscientizar o cidadão de que ele é não é mero receptor de direitos, ou seja, de que o Estado não é um ser que tutela direitos. O passo decisivo para essa empreitada é o fortalecimento dos conselhos de saúde enquanto esferas de participação da sociedade civil e nichos privilegiados de cidadanização dos usuários do sistema de saúde.
 

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