Ampliar a participação de usuários do SUS e representantes de movimentos sociais nos próximos Curso de Desenvolvimento Gerencial para o Sistema Único de Saúde – CDG-SUS foi um assunto apontado no encerramento da formação de duas turmas consecutivas, ocorrido na sexta-feira (25/05), na Escola Técnica em Saúde Maria Moreira da Rocha. Realizado em uma parceria entre o Lappis e Secretaria Municipal de Saúde de Rio Branco, nesta etapa o núcleo Acre completou a capacitação da 2a e 3a turmas, em um total de 10 que acontecem até outubro.
O curso superou as expectativas de Francisco Oliveira, usuário do SUS e liderança comunitária, em vários aspectos. “É uma experiência, principalmente de poder conhecer como surgiu o SUS. Uma coisa magnífica! Que bom seria se todos os usuários tivessem essa dimensão, que pudessem conhecer a história do SUS, que é linda”, exaltou.
Como vice-presidente do Conselho Popular de Saúde do bairro do Calafate, ele estava acostumado a ver o lado do trabalhador nas capacitações e se surpreendeu ao perceber o usuário como foco para as melhorias. No entanto, ele considera que esse olhar deve ser ampliado. “Eu vejo que deveria ter a participação de mais usuários. Na minha sala só tem eu de usuário. Se pudesse ter mais uns 3 ou 4… mas acredito que isso vai acontecer”, sugeriu.
O coordenador da APASAMA – Associação de Pacientes e Amigos da Saúde Mental do Acre, Denivaldo Kepper, considerou importante e necessário para os movimentos sociais compreender como se planeja ações de saúde para o SUS. Ele também gostaria de incluir mais lideranças nessa formação: “Se o movimento tem esse conhecimento, vai entrar num nível de discussão com o gestor que não vai deixar ações e implementações de lado, porque a gente vai ter o entendimento do que é o SUS”. (veja o depoimento em vídeo)
Escuta e construção coletiva
O curso proporcionou uma ampliação de conhecimento ao ouvir a fala da diversidade de trabalhadores, do gestor e dos usuários, apesar de estes ainda serem poucos, segundo Selma Neves, que trabalha na gestão da SEMSA fazendo assessoria para os Conselhos Populares de Saúde – COPS e Conselho Municipal de Saúde. “O curso dá a oportunidade do debate, das discussões, da gente respeitar a opinião dos outros”, ressalta, compreendendo este momento como uma oportunidade de melhorias.
Ela destaca as ações propostas pelos participantes e pactuadas com o Secretário Municipal de Saúde, Osvaldo Leal, como uma ferramenta importante no processo. “A agenda que a gente está elaborando leva o olhar de todos esses agentes. E aí, com certeza, a gestão vai ter que avaliar, mas vai ter respaldo na hora da execução, porque não foi uma agenda construída só na gestão, foi uma agenda construída coletivamente”, explica.
Em junho, está prevista a realização de mais três cursos em Rio Branco, agora com mudanças na forma de inscrição, que será realizada pelos interessados por e-mail (cdgsusacre@gmail.com). Até o final do ano, serão realizados outros quatro cursos, abrangendo um total de 250 pessoas.
Depoimentos CDGSUS
“Eu acredito que de agora para diante, esse curso, o CDGSUS, vai ser um marco. Que os nossos erros a gente consiga avaliar, e que, de agora para frente, a gente tenha um novo momento onde a gente possa acelerar cada vez mais as nossas ações para melhorar o Sistema Único de Saúde.” Selma Neves – SEMSA Rio Branco
“Só em estar aqui nesse curso, eu vejo muita coisa nova, eu aprendo muito. Porque eu ainda curso psicologia, mas quando o povo fala que está na rede há dez anos, há oito anos, e hoje ainda vê coisas novas, eu digo que estou no céu, né? Eu aprendo cada dia mais. E relatos que eles contam, isso é maravilhoso. A gente vê que o CDGSUS não é só um curso, as pessoas saem daqui com sensibilização, mobilização. Muita coisa tende a melhorar. E para mim é muito interessante que daqui a cinco, dez, quinze anos eu possa falar que fiz parte dessa história. E estou nessa história.” Dani Tonelly – secretária-executiva do CDGSUS/Acre
“O CDGSUS é algo empolgante! A gente acha que tem uma bagagem de conhecimento e prática e quando a gente vai analisar dentro da proposta do CDGSUS a gente vê que não tem feito nem 30 % do que deveria fazer na atenção primária. E fiquei muito feliz porque deixei de ser ponta para ser miolo. Tenho certeza de que vai melhorar muito o serviço a partir de agora”. Marília Ribeiro enfermeira da Unidade de Saúde da Família do Comara (Rio Branco/Acre)
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