Nesta semana, Rio Branco, no Acre, transforma-se na capital da saúde. São 529 inscritos para participar do Seminário da Integralidade que, em sua décima segunda edição, vai discutir “Integralidade sem fronteiras: itinerários formativos, de justiça e de gestão na busca por cuidado”. O clima de expectativa e empolgação já toma conta dos organizadores, palestrantes, pesquisadores e participantes em geral.
As discussões começam a acontecer na segunda-feira, 13. Primeiro com o Encontro Regional Norte de Humanização e Apoio Institucional, sob a coordenação do professor Gustavo Nunes. Na terça-feira, 14, tem início o pré-seminário com a Ágora “Áreas programáticas estratégicas em saúde e integralidade do cuidado: as fronteiras das políticas específicas na efetivação do direito humano à saúde”, sob a coordenação do diretor do DAPES/MS, Dario Pache. Durante o pré-seminário, na terça e na quarta-feira, três mesas-redondas colocam em discussão a Universalidade do acesso ao cuidado nas fronteiras da Amazônia Legal, Comunicação e Saúde e Educação Médica nas Fronteiras.
Participam dessas mesas nomes como os de Eduardo Levcovitz (OPAS), Luiz Augusto Fachini (ABRASCO), Francioni Guizardi (EPSJV/Fiocruz), Inesita Araújo (Icict/Fiocruz), Mônica Petrucci (Universidad de Buenos Aires), Felipe Cavalcanti (IMS/UERJ), Rodrigo Silveira (CCSD/UFAC), Cláudio Claudino (SMS de Juazerio-BA) e Concita Maia (Secretaria Estadual de Política para Mulheres do Acre), entre outros.
Já a cerimônia de abertura do seminário propriamente dito, marcada para as 17h da quarta-feira, 15, terá sequência com a conferência “Fronteiras do cuidado na América Latina: a dádiva como travessia nas mediações sociais com a integralidade do direito humano ao cuidado”, proferida pelo professor da UFPE e presidente da ALAS (Associação Latinoamericana de Sociologia), Paulo Henrique Martins. Os debates, palestras e mesas-redondas do XII Seminário prosseguem até o final da sexta-feira, dia 17, quando acontece a palestra de encerramento com a participação do governor do Acre, Tião Viana.
Expectativas
Para Roseni Pinheiro (foto à dir.), coordenadora do Lappis, a realização dos seminário da Integralidade vem cumprindo a tarefa civil de possibilitar o intercâmbio e o encontro entre pesquisadores, gestores e profissionais de saúde. “Neste ano, essa troca de informações com temas que são transversais vai permitir ao grupo estabelecer um diálogo riquíssimo”, acredita Roseni.
Roseni vai coordenar a mesa “Cuidado, Direito e Multiculturalidade:os itinerários da justiça na busca por cuidado”, na manhã da quinta-feira, 16, que será formada por Bethania Assy (PUC-Rio/UERJ), Felipe Asensi (Direito/FGV), Gilcely Evangelista (da Coordenadoria de Saúde e Cidadania do Ministério Público do Acre), Alda Lacerda (EPSJV/Fiocruz) e Pablo di Leo (Faculdad de Ciencias Sociais da Universidade de Buenos Aires).
Em entrevista para o BoletIN, Pablo di Leo falou de suas expectativas: “Vai ser muito bom participar de um espaço público em que se compartilhem experiências, projetos e resultados de pesquisas e políticas de saúde, justiça e integralidade, provenientes de contextos culturais muito diferentes, explicitando os pontos de encontro, mas também de heterogeneidades, como meios para ampliar os sentidos e fortalecer as ações no campo da saúde pública”.
Lilian Koifman (ISC/UFF), que vai coordenar a segunda mesa “Humanização e Educação permanente no SUS: itinerários formativos do agir ético-político no cuidado na saúde”, dia 16, à tarde, acredita que o debate vai ser uma boa oportunidade para pensar o docente reflexivo, que discute o seu percurso e tem consciência do seu papel formador. “Sempre chego aos Seminários do Lappis com grande expectativa. A primeira experiência itinerante, ocorrida no ano passado em Recife, superou minhas expectativas pois gerou participação intensa dos membros das mesas e do público. Saí muito otimista com a diversidade de experiências no âmbito da Integralidade que vêm sendo desenvolvidas no Brasil. Neste ano, em Rio Branco, estaremos certamente ampliando ainda mais o espectro e aproveitando a riqueza local, encontrada no povo acreano!”, disse ao BoletIN. Da mesa coordenada por Lilian, participam ainda Ana Heckert (UFES), Luciana Florintino (Núcleo de Humanização e Educação Permanente SMS/Juazeiro-BA), Júlio Müller (ISC/UFMT) e Douglas Angel (SMS/Rio Branco).
Na sexta-feira, 17, a mesa-redonda “As fronteiras do trabalho em equipe nas fronteiras: entre o geral e o específico na gestão do cuidado na saúde”, coordenada por Juliana Lofego (CFCH/UFAC) abre o dia, a partir das 9h. A professora Maria Elisabeth Barros (PSC/UFES), que participa da mesa, disse ao Lappis que o Seminário cria espaços de debate sobre a temática do direito ao cuidado, o que pode viabilizar a construção de planos de ação importantes. “Minhas experiências nos seminários do Lappis sempre foram muito positivas, espero que também nesse encontro possamos construir espaços de discussão e, consequentemente, criar estratégias de intervenção que busquem reverter as situações indesejáveis e afirmar e aprender com o 'SUS que dá certo’”, aposta. Participam desta mesa também Tatiana Coelho Lopes (Hospital Sofia Feldman), Carlos Eduardo Honorato (SES/RJ), Bárbara Cabral (PSI/UNIVASF) e Ximena Catalán (SMS/Rio Branco).
A última mesa do XII Seminário avalia a produção do cuidado em saúde. “Efeitos epistemológicos, políticos e normativos na racionalidade biomédica em saúde”. Coordenada por Aluísio Gomes da Silva Júnior (ISC/UFF), tem entre os debatedores, Rosangela Caetano (IMS/UERJ), Gustavo Nunes (Coordenador da Política Nacional de Humanização do Ministério da Saúde), José Ricardo Ayres (USP), Ana Flávia Nobre (SMS/Rio Branco) e Fátima Ticianel (ISC/UFMT).
Em entrevista ao BoletIN, Fátima Ticianel (foto à dir.) reafirmou a importância do Seminário para a caminhada das pessoas e das instituições, numa perspectiva de desenvolvimento da saúde coletiva, da gestão do SUS e fortalecimento do controle social. “Tenho participado de vários encontros produzidos pelo Lappis e tenho certeza que este também será de muita qualidade e de importantes trocas de conhecimentos e aprendizagens. Aprender com a experiência e com a própria prática. Parabéns a equipe organizadora”, disse.
A Universidade Federal do Acre constitui a rede multicêntrica do Lappis, com quem mantém parceria desde 2004, iniciada pela convocatória da pesquisa EnsinaSUS. A partir daí, vem participando de pesquisas, projetos e coletâneas lançadas pelo Lappis. Em 2011, firmou-se um convênio entre a Prefeitura Municipal de Rio Branco e o Lappis para o desenvolvimento de projetos no local, a exemplo da pesquisa sobre áreas programáticas e do Curso de Desenvolvimento Gerencial do SUS (CDG-SUS). “Para esse estado, é de suma importância o debate sobre a atenção à saúde levando em consideração o contexto local, pois apesar de grandes avanços na gestão pública na última década, a atenção à saúde permanece sendo um desafio em locais com grandes distâncias e com a diversidade cultural como é a Amazônia Legal, e em particular o Acre”, finaliza Rodrigo.
SERVIÇO:
XII Seminário do Projeto Integralidade
Data: De 13 a 17 de agosto de 2012
Horário: das 9h às 18h
Local: Auditório do Hospital das Clínicas do Acre (Rod BR 364 – Km 2 – Rio Branco-Acre).
Confira programação completa: https://www.lappis.org.br/site/programa.html
Toda a arte que ilustra o material gráfico do seminário e a capa desta reportagem é do artista plástico acreano Hélio Melo.
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