Série Parcerias LAPPIS
Enfermeira, professora adjunta do Depto de Saúde Pública e do Programa de Pós-Graduação em Enfermagem da FENF/UERJ, Diretora da FENF/UERJ. Estes são os cargos ocupados por Sonia Acioly que, em entrevista exclusiva, inaugura uma nova série de reportagens especiais do BoletIN. “Acredito que a produção do LAPPIS expressa a possibilidade de articulação entre profissionais de saúde, grupos de pesquisadores e estudantes de várias áreas de conhecimento, o que é muito raro no mundo acadêmico”, comenta Acioly. “Além disso, demonstra uma amplitude grande, já que discute desde aspectos que envolvem o cotidiano dos serviços de saúde, o trabalho em equipe, até aspectos conceituais voltados ao cuidado, o direito à saúde e tantos outros, tendo é claro com pano de fundo a perspectiva da integralidade”. A seguir, a professora disserta sobre a importância da pesquisa em integralidade e da parceria LAPPIS – Faculdade de Enfermagem (FENF).
BoletIN– Na sua opinião, qual a importância da pesquisa em integralidade para a Saúde Coletiva?
Sonia Acioly: Considerando o campo da Saúde Coletiva como um campo absolutamente híbrido, interdisciplinar e, por natureza um campo que articula saberes e práticas, entendo que a integralidade como princípio ético-político e como eixo de práticas de saúde é um tema fundamental a ser pesquisado. Isso pode ser confirmado pela grande receptividade que a temática teve ao ter tido maior visibilidade na área com a criação do LAPPIS. Ou seja, a temática já existia, mas parecia “escondida”, já que não vinha sendo identificada como um campo de pesquisa. Essa foi, para mim, a grande descoberta do LAPPIS, trazendo à tona um tema que estava lá e ninguém percebia.
BoletIN– Gostaria de destacar alguma pesquisa/trabalho/publicação específica, desenvolvida pelo LAPPIS?
Sonia Acioly: Cada um dos trabalhos desenvolvido pelo LAPPIS tem sua importância, mas gostaria de destacar a Pesquisa do ENSINASUS, já que possibilitou dar visibilidade a experiências de ensino na graduação na área da saúde – que estavam de modo mais intenso, articulando os sujeitos do ensino e do serviço – sejam profissionais, ou usuários, e ainda buscando construir processos integrais de ensino-aprendizagem. Ou seja, considerando a necessidade de integração entre áreas de conhecimento, valorizando os cenários de prática e, a escuta e ação coletiva dos sujeitos envolvidos nas várias práticas profissionais do campo da saúde.
BoletIN– Fale um pouco sobre a parceria LAPPIS – Faculdade de Enfermagem. Como a parceria funciona, quais os benefícios para ambas partes?
Sonia Acioly: A parceria entre o LAPPIS e a Faculdade de Enfermagem da UERJ nasceu por conta da nossa experiência de construção de um currículo integrado, a qual motivou a Prof. Roseni Pinheiro a convidar alguns professores que participaram ativamente da implantação do nosso currículo a participar da linha de pesquisa do grupo voltada para o ensino de graduação na área da saúde.
O currículo da Faculdade de Enfermagem baseia-se na teoria crítica da Educação cuja práxis é considerada uma proposta pedagógica inovadora, visto enfatizar a realidade e as experiências dos sujeitos envolvidos no processo ensino-aprendizagem. Isto significa construir uma proposta de educação profissional voltada para o desenvolvimento de uma consciência crítica relativa aos problemas de saúde da população brasileira, como também à construção de uma atuação voltada para a transformação desta realidade em consonância com o Sistema Único de Saúde.
A meu ver, os processos de transformação de práticas de saúde devem buscar contextualizar as dimensões histórica, social, econômica, cultural, e, também a redefinição de políticas e reorganização dos processos de trabalho. Essas são ações que articulam ensino, pesquisa e os nossos cenários de prática e vão além dos currículos. Entendo que a parceria entre a Faculdade de Enfermagem e o LAPPIS pode ainda gerar muitos frutos se pensarmos que a experiência produz conhecimento e que o conhecimento produzido pode se transformar novamente em ação refletida.
Hoje, além de uma graduação consolidada, que precisa de avaliação e realimentação constantes, temos uma pós-graduação em crescimento o que pode criar muitas trocas entre professores, mas também entre os grupos de pesquisa existentes na Faculdade, e o LAPPIS.
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