Realizado entre os dias 13 e 14 de agosto, em Recife (PE), o I Simpósio de Avaliação na Perspectiva no Usuário rendeu boas impressões sobreos múltiplos olhares teórico-metodológicos, por grupos de pesquisa de várias regiões do País. O BoletIN conversou com dois deles, de Cuiabá e Porto Alegre, para saber o que essa discussão representa para a qualificação e aprimoramento de seus trabalhos.
Mais que um momento para apresentar a devolutiva de pesquisas que utilizaram a Metodologia de Análise das Redes do Cotidiano(MARES), o I Simpósio Nacional sobre Avaliação na Perspectiva do Usuário (“Contribuições para Estudos sobre Práticas Avaliativas Amistosas à Integralidade em Saúde”) foi um importante espaço para o intercâmbio de diferentes áreas do saber e os múltiplos olhares teórico-metodológicos, por grupos de pesquisa de várias regiões do País.
“O Simpósio foi considerado por nós tanto como um ponto de chegada, onde pudemos evidenciar o potencial das diferentes pesquisas realizadas em termos de contribuições para gestores, trabalhadores e processos formativos em saúde; e, também, como novo ponto de partida, uma vez que desejávamos reforçar nossa intenção de parceria em futuros estudos desta natureza com o LAPPIS, NUCEM e demais grupos”, dizem as Professoras Doutoras Laura Filomena Santos de Araújo e Roseney Bellato, Grupo de Pesquisa Enfermagem, Saúde e Cidadania (GPESC) da Faculdade de Enfermagem da Universidade Federal de Mato Grosso.
O grupo matogrossense, que participou com devolutiva dos resultados da pesquisa multicêntrica “Desenvolvimento de Metodologias Centradas no Usuário como subsídio para repensar práticas de avaliação de Integralidade – os Determinantes Sociais”, acredita que ainda se faz necessário ampliar a discussão sobre os indicadores / critérios em saúde centrados no usuário, como modo de contrapor os atuais “determinantes sociais em saúde”, uma vez que os Itinerários Terapêuticos podem evidenciar elementos qualificadores das práticas, tanto de gestão como de atenção em saúde. “No decorrer da pesquisa, tivemos a oportunidade de estarmos mais próximos dos pesquisadores do Estado do Acre, participantes da pesquisa multicêntrica, inclusive com oficinas de trabalho específicas com foco no referencial teórico-metodológico na construção de IT´s, o que foi bastante proveitoso, tal a qualidade dessa experiência”, afirmaram.
Essas oficinas deram a oportunidade para o grupo participar de três capítulos da coletânea Avaliação em Saúde na perspectiva do usuário: Abordagem Multicêntrica, na qualversaram sobre a região Centro-Oeste. “Vale ressaltar a importância da compilação como forma de divulgação dos resultados da pesquisa e da parceria multicêntrica e interdisciplinar, o que permite, pressupomos, maior visibilidade à própria produção científica, visto o grande alcance que as obras produzidas por seus pesquisadores têm junto à comunidade acadêmica e cientifica na área de saúde, estando entre os livros mais vendidos da Editora da ABRASCO nos últimos anos”, dizem Laura e Roseney, que ainda destacaram a agilidade com que a coletânea foi lançada, logo após o encerramento dos trabalhos da pesquisa multicêntrica, efetivada no período de um ano.
Para Tatiana Engel Gerhardt (Escola de Enfermagem/UFRGS), o simpósio foi muito “produtivo, instigante e renovador”, renovador pela produção de um conhecimento na área da avaliação e dos determinantes sociais em saúde capaz de tencionar as fronteiras estabelecidas pelas diferentes disciplinas que tradicionalmente trabalham sobre esses temas. “Os desdobramentos (da pesquisa) são promissores, pois ajudam a qualificar também a formação e a ação de profissionais de saúde. Enquanto pesquisador, através do projeto multicêntrico dá-se um salto qualitativo em relação ao que se produz na temática da avaliação e dos determinantes sociais a partir do momento que deslocamos nosso olhar para essa perspectiva (a das ciências sociais), permitindo enfrentar as limitações impostas pelas fronteiras disciplinares”.
Com o seu artigo “Itinerários terapêuticos de pacientes com câncer: encontros e desencontros da Atenção Básica à alta complexidade nas redes de cuidado” publicado na coletânea lançada durante o evento (“fruto do engajamento, da responsabilidade e da seriedade do trabalho de todos os pesquisadores ao longo deste um ano de trabalho”), Tatiana destaca que osresultados mostram que os imperativos da ação reforçam a exigência de uma renovação de enfoques científicos. “As iniciativas a favor da
interdisciplinaridade surgem do campo da intervenção onde os problemas abordados não podem ser resolvidos sem levar em conta a multiplicidade de fatores presentes no cotidiano”.
Coordenador do evento ao lado de Roseni Pinheiro, o professor Paulo Henrique Martins (NUCEM/UFPE) reitera que o encontro foi “bem variado em termos de participação” e acredita que as apresentações dos artigos publicados na coletânea foram “amplamente exploradas, permitindo a discussão efetiva das redes do cotidiano”. “Cerca de 260 pessoas passaram pelo evento nesses dois dias”, comenta. O simpósio contou ainda com a presença de autoridades da Secretaria Estadual e Municipal de Saúde do Recife, membros da Fundação Oswaldo Cruz (FIOCRUZ-PE), a Diretoria do Centro de Ciências e Saúde da UFPE e do coordenador da Política Nacional de Humanização (PNH) Dário Pasche.
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