Incubadora

No RJ pré-natal é feito no próprio local

A Casa de Parto é parte da rede municipal de saúde e o atendimento é gratuito no Rio de Janeiro. Para ser atendida, a mulher precisa morar nos arredores da Casa, nunca ter feito cesariana e a gravidez não pode ser de risco. Caso não se enquadrem nesse perfil, elas são transferidas para a maternidade de referência, a Alexander Fleming. Também é para lá que devem ser levadas as mulheres que venham a ter complicações no parto. O hospital fica a sete quilômetros da Casa. “De ambulância leva dois minutos”, segundo o motorista Marco Antônio. “É o nosso tempo recorde”, se orgulha. A transferência é facilitada para as mulheres provenientes da Casa, pois as enfermeiras da equipe também fazem plantão no Alexander Fleming.

Quem permanece na Casa, tem a gravidez acompanhada e é estimulada a participar dos grupos de acolhimento e preparo para o parto. Lá, as mulheres aprendem como é o funcionamento do local e trocam suas experiências. Durante as reuniões, que têm a participação da família, as mulheres se sentem mais à vontade para falar: “Elas trocam suas angústias, medos, dá para ver como cada mulher é realmente”, diz Leila. Sabendo a história de vida de cada uma delas, fica mais fácil atender as gestantes, e toda informação é escrita no prontuário de cada uma delas para que os enfermeiros saibam como ajudá-las. Em caso de necessidade, elas são encaminhadas para uma das duas assistentes sociais da Casa. Há ainda um grupo para os adolescentes, onde a jovem é incentivada a pensar o significado de ser mãe e os cuidados com o bebê, e seu parceiro, a assumir sua responsabilidade como pai.

É feito um plano de parto a partir do momento em que a futura mãe escolhe desde a posição em que vai parir até a música ambiente. É comum que o seu parceiro esteja presente na hora do nascimento do bebê, e participe fazendo massagem e até cortando o cordão umbilical. Podem ser usados chás, como o de canela, que estimula a libido e as contrações, e essências aromáticas, como lavanda e alfazema. Quanto à posição do parto, a gama de opções é vasta: na água, de cócoras, deitada, só para citar algumas. O parto é acompanhado por dois enfermeiros; um deles monitora a mãe, e outro, o bebê. O contato da mãe com a criança é maior que no parto em hospital: “Como nós não temos a mesma pressa que na maternidade, a mãe pode aproveitar mais o momento, e ao mesmo tempo nós podemos começar a avaliar as condições do bebê com ele já no colo da mãe”, exemplifica Leila. A mãe recebe alta em 12 horas, e retorna após dois dias para exames. Depois do parto, as mulheres podem continuar frequentando as rodas de conversa, onde o assunto varia desde o retorno à sexualidade e à nova vida com a criança até o planejamento familiar. Segundo Edimara, “Nós achamos que algumas mulheres poderiam engravidar de novo para continuar sendo acolhidas aqui, por isso, pensamos nesta atividade”. “Elas não conseguem se desvincular da Casa, e a gente não consegue se desvincular delas”, completa Leila.

 

 

 

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