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Pesquisadores do IMS propõem GTs no Congresso Brasileiro de Ciências Sociais e Humanas em Saúde

Diversos pesquisadores do Instituto de Medicina Social da Universidade do Estado do Rio de Janeiro (IMS/UERJ) estão envolvidos na construção coletiva do 7º Congresso Brasileiro de Ciências Sociais e Humanas em Saúde, sendo coordenadores de seis Grupos de Temáticos (GTs). A submissão de resumos de trabalhos está aberta até o dia 30/05/2016 às 21h devendo ser realizada por formulário eletrônico contido no website do evento. Para a submissão, os autores deverão selecionar um dos 38 GTs existentes.

 

O 7º Congresso Brasileiro de Ciências Sociais e Humanas em Saúde da Associação Brasileira de Saúde Coletiva (Abrasco) acontecerá em Cuiabá, Mato Grosso, no período de 09 a 12 de outubro de 2016. Nesta edição, o congresso tem como temática “Pensamento Crítico, Emancipação e Alteridade: Agir em Saúde na (A)diversidade”, trazendo a reflexão sobre a pluralidade de experiências sociais e os respectivos contrastes e tensões expressos na vida de pessoas e coletividades no contexto contemporâneo.
Conheça os GTs coordenados por membros do IMS:
GT 4 – Direito humano à saúde
O GT visa analisar criticamente um conjunto de sentidos e conteúdos atribuídos ao direito à saúde como um direito humano, buscando identificar nexos constituintes do processo de efetivação deste direito pelas diversas instituições jurídicas, políticas e sociais. Considerando a relevância desta temática para a área da política, planejamento e administração em saúde, estima-se examinar os conflitos, pactos e negociações que subjazem à garantia do direito humano à saúde, no sentido de refletir sobre seus elementos constituintes, instrumentos institucionais de efetivação, argumentos de ampliação, etc. Os objetivos são os seguintes: a) discutir os desafios institucionais e culturais de efetivação do direito à saúde; b) analisar o direito à saúde de maneira interdisciplinar e comparativa, com foco no reconhecimento de direitos; c) estudar os limites e desafios das instituições jurídicas em saúde; d) conhecer e analisar as diferentes perspectivas da saúde pública e privada e estabelecer convergências e divergências no que concerne ao direito humano à saúde. O GT tem como justificativa a necessidade de serem desenvolvidos novos aportes e referenciais teóricos e empíricos para a reflexão, análise e pesquisa do direito à saúde como um direito humano no Brasil, com foco na interação entre as instituições estatais e a sociedade civil. A relação com o tema geral do Congresso é direta, tendo em vista a abertura que o GT possui em relação à diversidade e à alteridade como elementos indissociáveis do reconhecimento de demandas em saúde. O pensamento crítico passa a ser o elemento-motor de desnaturalização de certas práticas e modelos de saúde vigentes em prol da reconstrução do direito à saúde orientado pela integralidade e pelas práticas democráticas.
Coordenadores: Felipe Asensi (IMS/UERJ); Roseni Pinheiro (IMS/UERJ); Juliana Lofego (UFAC)
 

GT 14 – Políticas, Subjetividades e DST/HIV/AIDS
Este GT objetiva aglutinar pesquisas qualitativas que tenham como objeto a epidemia de HIV/AIDS em suas diversas dimensões. No Brasil, as Ciências Sociais, Humanas e da Saúde Coletiva têm produzido abundante literatura sobre o fenômeno, desde o início da epidemia. Suas análises têm contribuído para relativizar conceitos elaborados pela epidemiologia, compreender sentidos atribuídos pelos sujeitos à doença e para a construção de planos e políticas mais próximos das realidades culturais. Pretendemos dar continuidade às discussões realizadas no Congresso Brasileiro de Ciências Sociais e Humanas em Saúde de 2013, quando recebemos um número expressivo de resumos e reunimos pesquisadores inseridos em áreas, estágios profissionais e instituições variadas, possibilitando esboçar um retrato da área. Neste momento em que a quarta década da epidemia de HIV/AIDS tem se caracterizado pela proposição de estratégias de enfrentamento de cunho biomédico, temas como as políticas de controle e prevenção da epidemia no Brasil, com destaque para descentralização e mudanças nas redes de atenção especializada e básica, a persistência/aumento da infecção entre determinados grupos e os rumos do ativismo consagram o espaço do congresso como cenário de estímulo ao diálogo entre pesquisadores. Nesse sentido, esperamos trabalhos que nos permitam articular dois eixos: 1) políticas públicas de DST/HIV/AIDS, visando reunir pesquisadores e reflexões de gestores e ativistas implicados na conformação e análise de estratégias do campo. 2) subjetividades em torno das DST/HIV/AIDS – buscando conhecer e divulgar pesquisas qualitativas que abordem o plano das subjetividades individuais, as interações sociais que envolvem as pessoas vivendo e convivendo com o HIV/AIDS e as percepções dos atores sociais sobre as novas tecnologias de testagem e prevenção. Esses dois eixos muitas vezes convergem entre si, assinalando a necessidade de aprofundar as discussões acerca da imbricação entre as esferas das subjetividades e da política.
Coordenadores: Ivia Maksud (FIOCRUZ/IFF); Luís Felipe Rios Nascimento (UFPE); Claudia Mercedes Mora Cárdenas (IMS/UERJ)

 

GT 15 – O desafio das arenas transepistêmicas ampliadas: por uma nova epistemologia social
Gaston Bachelard propôs que toda a ciência começa com uma ruptura com o senso comum. Anos mais tarde, Boaventura de Souza Santos propôs que seria necessária uma segunda ruptura epistemológica, pela qual o conhecimento científico se tornasse senso comum. Parece-nos possível afirmar que a expansão da comunicação humana com as novas ferramentas desenvolvidas com o advento da internet teriam criado uma versão distópica da utopia de Souza Santos, na qual se esvai qualquer possibilidade de estabelecimento de consenso geral sobre o conhecimento, e a noção de expertise se descola de qualquer mecanismo de legitimação razoável. A partir da perspectiva fleckiana, consideramos que o espaço de comunicação da internet se tornou a superfície de emergência de estilos de pensamento construídos a partir de combinações variáveis de alguns elementos: incorporação de elementos dispersos e nem sempre coerentes entre si de discursos científicos; uma atitude de suspeição a priori com relação à ciência, em parte por uma atitude anti-establishment que resvala muitas vezes para teorias conspiratórias; adesão à falácia naturalista, isto é, considerar que o que é “natural” é necessariamente saudável e mesmo terapêutico; e componentes diversos do universo “new age”. No que diz respeito especificamente às questões ligadas à saúde, ao contrário do constatado por Boltanski em sua pesquisa original na década de 60 na França, esses estilos de pensamentos não são simplesmente uma coleção de fragmentos de conhecimentos médicos arcaicos e subordinados à medicina, mas todo um “corpo teórico” com seus próprios experts e mecanismos de legitimação. Algumas das propostas que circulam em tais coletivos de pensamento são potencialmente danosos à saúde de indivíduos e populações, como dietas “detox”, ativismo antivacina, “tratamentos” do autismo, por exemplo. É relevante do ponto de vista da Saúde Coletiva que se entenda como tais estilos de pensamento se desenvolvem e interagem com o campo científico.
Coordenadores: Kenneth Camargo (IMS/UERJ); Elaine Rabello (IMS/UERJ); Marcela Belardo (Universidad de Buenos Aires)

 

GT 22 – Ativismos interseccionais em gênero, sexualidade e saúde
O GT pretende reunir trabalhos que articulem as temáticas de gênero, sexualidade e saúde, nas formas contemporâneas de ativismo, seja na constituição de movimentos sociais, na realização de protestos com fins variados, ou em engajamentos individuais. Justificativa: Nos últimos anos, algumas mudanças no cenário político incrementaram a discussão em torno das temáticas de gênero, sexualidade e saúde. O aumento de coletivos ou perspectivas feministas em distintas lutas sociais (a exemplo, das práticas ciberativistas) fizeram analistas caracterizarem o momento no Brasil como uma “primavera feminista”. Ao mesmo tempo, o avanço de pautas conservadoras, tanto em espaços institucionais como na mídia e nas redes sociais da internet, vem definindo o pleito LGBT como “o grande inimigo da nação”. Essas duas bandeiras de luta vêm mirando uma gama mais ampla de direitos e políticas sexuais (aborto, educação sexual nas escolas, HIV/Aids etc.). A esse cenário, soma-se o atual decréscimo do financiamento estatal das ONGs e suas consequências desestabilizadoras, assim como o desgaste dos canais de interação socioestatais. Por último, observa-se que temas variados e complexos como medicalização, qualidade de vida, patologização de identidades sociais; saúde como direito social; acesso e qualidade da atenção à saúde (na rede pública e privada); divulgação científica, entre outros fatores, se interseccionam em distintos campos de pesquisa e contextos sociais. Objetivos: 1) entender como as temáticas de gênero, sexualidade e saúde tem sido incorporadas e articuladas nas formas contemporâneas de ativismo; 2) aprofundar o conhecimento do processo de institucionalização/desinstitucionalização da luta política nos campos do gênero, sexualidade e saúde; 3) explorar as multiplicidades de expressões, dispersões e recorrências das práticas (movimentos) ciberativistas; 4) compreender as matrizes teóricas, políticas e metodológicas das práticas (movimentos) ciberativistas; 5) explorar as intersecções de “lutas políticas” com temas como medicalização, direitos humanos, divulgação científica, serviços de saúde, “identidades biológicas”, biopoder, entre outros.
Coordenadores: Mario Felipe de Lima Carvalho (IMS/UERJ); Claudia Carneiro da Cunha (IMS/UERJ); Tatiana Lionço (IP-UnB)

 

GT Ampliando Linguagens

A Comissão de Ciências Sociais e Humanas em Saúde ao se sentir convocada a pensar novas formas de produção do conhecimento que evoquem o reconhecimento ético-moral dos direitos emancipatórios pautado pela alteridade dos sujeitos, inova, assim, sua programação ao buscar olhares sensíveis que captam a essência dos espaços de vida e que contribuem para uma escrita densa e sensível sobre os modos de “ser sociedade”, onde a abertura para a relação com o outro e para a compreensão do seu ponto de vista, imersa na alteridade, seja capaz de implicar em constante reflexividade ética e de produzir diferentes linguagens sobre os inúmeros contornos da vida.

Nossas reflexões sobre as repercussões da produção do conhecimento na sociedade partem do compromisso de que não se faz ciência apenas com nossos pares na Academia, mas também, e principalmente, com a sociedade sem a qual a ciência perderia seu sentido e essência. Assim, precisamos criar movimentos entre as formas de conhecermos e compreendermos o mundo em que vivemos e o lugar que nele ocupamos estabelecendo pontes de ligação entre as diferentes formas de produção do conhecimento e de sua capacidade de comunicação. Reconhece-se assim a necessidade do campo da Saúde Coletiva de considerar e se apropriar da multiplicidade dos gêneros discursivos nas suas práticas de pesquisa, de produzir outros movimentos possibilitando igualmente uma melhor devolução à sociedade daquilo que a ciência produz, assim como potencializar a comunicação e visibilidade, no campo científico, das experiências dos indivíduos no que diz respeito a sua saúde.

Essa tentativa se configura no desenvolvimento de um espaço, no formato de Grupo de Trabalho (GT) transversal às atividades clássicas de um congresso, espaço denominado Ampliando Linguagens. Esse GT é destinado à apresentação de múltiplas práticas e reflexões teóricas em Saúde Coletiva que se formulem e se expressem em linguagens mais artísticas e menos convencionais no campo científico e acadêmico, que expressem reflexões sobre as fronteiras do conhecimento. Trata-se de um movimento de dialogicidade, cuja natureza transdisciplinar, permite acolher expressões clássicas e contemporâneas que singularizam e põem em relação corpo, natureza e símbolos, visibilizando fronteiras entre as experiências simbólicas e as experiências racionais voltadas para o cuidado de si e do outro.

Parte-se do pressuposto de que essas linguagens expressas por intermédio de imagens, da musica, da literatura, do desenho, do teatro, dentre outras, permitem alargar a capacidade comunicativa e atingir as pessoas através do envolvimento de múltiplos sentidos na apreensão e na leitura do mundo e do Outro, propondo experiências de desestabilização de visões pré-concebidas, desafiando produções normativas estanques e propondo análises críticas com eficácia poética. Entendemos que a linguagem artística convoca o sujeito a um vir-a-ser.

Nesse sentido, temas como desigualdades, injustiças, racismos, formas de controle, dominação e outros; mas também avanços democráticos, boas práticas de saúde, construções do bem comum e formas de resistência e esperança serão os eixos de configurações possíveis de outras palavras em ato. Delinear caminhos ou atalhos possíveis na direção de transformações de um pensar agindo reflexivamente sobre vida, ciência e cultura. Outras palavras para traduzir o mundo em desalinho, as perplexidades, o chacoalhar das utopias.

MODALIDADES: Artes visuais (fotografia, cinema e vídeo); Artes Cênicas e Literatura (teatro, sarau); Artes plásticas; Expressão vocal, instrumental e corpo/dança; Outras (especificar).

Coordenadores: Mônica Nunes (UFBA); Roseni Pinheiro (UERJ); Tatiana Engel Gerhardt (UFRGS)

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