Faleceu nesta última quinta-feira (3 de Julho) o Médico Pediatra, Especialista em Financiamento de Saúde e um dos fundadores do SUS, Gilson Carvalho. Para o LAPPIS e para todos os que possuem participação ativa na melhoria da qualidade dos serviços em saúde, foi uma grande perda.
Gilson nasceu na cidade de Aracajú, Sergipe, no ano de 1946, mas passou boa parte de sua vida em Minas Gerais, lugar que considerava sua terra natal. O Médico era formado pela Escola Federal de Medicina e Cirurgia do Rio de Janeiro e Doutor em Saúde Pública, pela USP, tornando-se depois especialista em Pediatria e Administração Hospitalar.
No serviço público, atuou como diretor estadual da Vigilância Epidemiológica da RMVale. Já no Governo Federal, foi Secretário Nacional de Assistência à Saúde, diretor de Departamento do SUS e de Controle de Avaliação do Inamps (Instituto Nacional de Assistência Médica da Previdência Social). Quando perguntado sobre o futuro do SUS, Gilson dizia: “Envolve questões práticas, e os profissionais da ponta do serviço nem sempre tem tempo para refletir sobre isso”. Na opinião do médico, para proporcionar de maneira efetiva o financiamento da saúde, é preciso aplicar uma Lei que ele mesmo inventara:
“Inventei uma Lei que denomino como Lei dos Cinco Mais:
1-Mais brasil; 2-Mais saúde – SUS; 3- Mais eficiência, 4- Mais honestidade e 5- Mais dinheiro.
Explicando: não se consegue melhor saúde sem mexer no Brasil injusto e iníquo (trabalho, salários, casa, comida, vestuário, esporte, lazer, educação, cultura, saneamento, meio ambiente).
Mais SUS: temos que seguir o modelo SUS que ainda não tiramos por inteiro e universalmente, do papel da Constituição Federal e Leis. Por exemplo: pensar em integralidade com ações de promoção, proteção e recuperação da saúde.
Mais eficiência: estamos atrasados anos luz em gestão (público e privado
na área de saúde), administração financeira, de recursos humanos, de materiais, de transporte, de estrutura, de contratos-convênios, dentre outros.
Mais honestidade: que é igual a menos corrupção.
Mais dinheiro: o qual é demonstrável como necessário e imprescindível só trabalhando com o que gastam os planos de saúde no Brasil e países do mundo.”
Entre os desafios contemporâneos da saúde que precisam ser enfrentados, o médico citava as relações entre os princípios da universalidade e da integralidade que garantiriam o “tudo para todos”, sendo essa a conjugação máxima da constituição da lei de saúde; os serviços próprios e privados; quantidade e qualidade de médicos; modelos a serem trabalhados; a eficiência gerencial e operacional; e a participação das pessoas nas áreas propositiva e controladora.
O ministro da saúde, Arthur Chioro, foi ao velório, realizado em São José dos Campos, e reconheceu a importância de Gilson, principalmente quanto ao financiamento do sistema público de saúde no país. “Ele era muito simples e especial. Foi um profissional digno para atender a população. Perco um amigo, um tutor e uma referência na área”, afirmou.
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