Em discussão, as novas mídias na saúde e o acesso aberto
A décima edição do Congresso Brasileiro de Saúde Coletiva terminou esse domingo, em Porto Alegre, depois de uma extensa programação – toda ela com a proposta de refletir sobre o campo da saúde coletiva. Na manhã do último dia, o Espaço Saúde & Letras promoveu um ótimo debate, coordenado pela Editora Fiocruz, e colocou na berlinda as novas mídias na saúde e o acesso livre.
A mesa foi composta por Abel L. Packer (SciELO), Roseni Pinheiro (IMS/UERJ) e Umberto Trigueiros (Icict/Fiocruz). E a ideia, segundo João Canossa, editor executivo da Fiocruz e idealizador do debate, era trazer para o Congresso a discussão sobre as possibilidades da tecnologia no que diz respeito à ampla circulação do conhecimento: o acesso facilitado a materiais e referências bibliográficas importantes a partir da disponibilização em ambiente virtual.
Para Umberto Trigueiros, a questão do acesso aberto é fator decisivo para o caminho do conhecimento. “As novas mídias possibilitam esse acesso numa velocidade muito grande”, disse. “E isso está diretamente ligado à possibilidade de desenvolvimento dos povos. Não há como trabalhar de uma outra maneira do ponto de vista da informação do acesso público à saúde”, acrescenta.
A professora Roseni Pinheiro concorda que as novas mídias e o acesso livre devem ser vistos como uma possibilidade de democratizar o conhecimento. “Por conta do acesso, isso pode ser o ponto de partida para mobilizar e impactar outras politicas públicas”, disse.
Mas fez uma alerta quanto ao que ela chamou de “cilada falaciosa entre o físico e o virtual”, apontando a preocupação de que a excessiva apologia às novas mídias acabe por reiterar as desigualdades. “Há regiões no Brasil ainda muito carentes, portanto, é preciso estar sempre atento a outros elementos no que diz respeito ao acesso que não se limite apenas à disseminação dessas ferramentas”.
BLOGS E REDES SOCIAIS
A jornalista Fernanda Matos, assessora de imprensa da Editora Fiocruz que mediava o debate, fez uma provocação aos debatedores sobre a circulação do conhecimento nas redes sociais (facebook e twitter), que vai além dos ambientes mais acadêmicos.
Abel L.Packer, do SciELO, biblioteca eletrônica centrada na comunicação cientifica, disse que o Brasil ainda está engatinhando em relação ao uso das redes sociais para publicação científica. É preciso desenvolver capacidade para utilizá-las de modo mais eficaz como uma maneira de pulverizar a informação cientifica. “As grandes editoras e periódicos internacionais funcionam como repositório de conteúdo original. Mas em torno deles, os blogs podem potencializar informações, divulgá-los, potencializá-los, compartilhar esse conteúdo”, disse. “Não se trata mais de uma ação individual mas de um compartilhamento. Há um sentido de comunidade aí que é extraordinário”.
Para a professora Roseni, há ainda um outro fator a ser considerado na discussão sobre novas mídias e acesso livre: “o papel do comunciador de jornalismo”. “É necessário criar mecanismos comunicativos de disseminação do conhecimento. Mas não se pode perder de vista que existem sujeitos por trás disso”, comenta. “Recuperar o papel desse profissional é fundamental hoje para a democratização do conhecimento. Não há mais tempo de se esquivar dessa responsabilidade”.
O debate é rico e espera-se que sempre tenha espaço em congressos dessa natureza.
Depois da discussão, a Fiocruz lançou o II Edital do Selo Fiocruz Vídeo, com o objetivo de financiar a produção de vídeos com a temática da saúde. Para saber mais, clique aqui.
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