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O grande problema da Privatização da Saúde no Brasil

SaúdeFaltam médicos no interior do Brasil. Todo mundo vive repedindo essa frase e, de fato, é uma realidade. Mas as pessoas não destinam muito tempo para refletir sobre os motivos reais desta falta, não só de médicos, como de vários profissionais da saúde em áreas remotas ou carentes no Brasil. O grande problema com relação a esta falta é a inexistência de hospitais estatais com profissionais devidamente concursados, que possam usufruir de uma carreira definida e ascendente.

A privatização das instituições de saúde, por meio de Organizações Sociais da Saúde (OSS) e convênios, muitas vezes ilegais, com entidades privadas, possui o intuito de retirar a via de acesso por concurso público, fugir das licitações e por fim, da responsabilidade fiscal. Existe hoje uma distorção no formato de contratação de profissionais da saúde, principalmente médicos e, geralmente, os governos estaduais e municipais acabam optando pela privatização da saúde via OSS.

Há aqueles que preferem colocar a culpa da escassez desses profissionais na falta de recursos e equipamentos, o que se configura um pensamento pouco plural sobre a questão. A professora do Depar­ta­men­to de Saúde Coleti­va da Universidade de Brasília (UnB), Ximena Pamela Bermudez, em entrevista para o jornal Gazeta do Povo, por exemplo, foi enfática: “Primeiro precisamos de médicos onde não tem. A ideia de que a tecnologia resolve tudo é equivocada. A medicina é uma ciência voltada ao lado social, para salvar vidas. Se tivesse médico em lugares remotos do país haveria atenção básica, pelo menos”.

Já em entrevista para a Folha de São Paulo, ao falar sobre o desafio de suprir emergencialmente a falta de médicos na atenção básica, o Ministro da Saúde, Alexandre Padilha, disse: “Infelizmente o impacto é de médio prazo, pois o Brasil nunca planejou a expansão da residência a partir da necessidade da população”. Na opinião dele, a questão de especialização acadêmica para formar médicos leva de dois a três anos.

Segundo dados do próprio Ministério da Saúde, aproximadamente 80% dos problemas podem ser resolvidos na atenção primária, garantindo o direito a saúde, com ações de prevenção e diagnóstico precoce. E isso vai precisa ir muito além do “pensar” o tempo de especialização acadêmica e profissional dos que se formam. A questão é complexa, mas uma coisa é certa; a falta de organização de redes integradas de serviço está no meio de todas as discussões, já que essas práticas diminuem a visão mercantilista de muitos profissionais de saúde e formam uma verdadeira teia de cuidados, onde percebemos os seres humanos não como meros pacientes temporários, mas levamos em conta a sua totalidade e especificidades, trazendo uma visão 360 graus.

 

 

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