Os livros “Razões públicas para a integralidade: o cuidado como valor”, “Ordem social, instituições e políticas de saúde no Brasil: textos reunidos” e “Desinstitucionalização da Saúde Mental” serão lançados oficialmente durante o VII Seminário Integralidade. As publicações marcam a inauguração da terceira fase do Projeto. O evento acontecerá no dia 28 de novembro, às 19h30.
O VII Seminário do Projeto Integralidade será marcado pelo lançamento de três publicações de pesquisadores/colaboradores do LAPPIS. Ao final do primeiro dia do evento (28 de novembro), às 19h30, os participantes vão poder conferir “Razões Públicas para a Integralidade: o Cuidado como Valor”, de Roseni Pinheiro e Ruben Araújo Mattos, “Saúde e Instituições Médicas no Brasil”, de Madel Therezinha Luz e “Desinstitucionalização da Saúde Mental”, de Ana Paula Guljor, Roseni Pinheiro e Aluisio Gomes Jr, em primeira mão. Todas as publicações pertencem à Editora IMS/UERJ/Cepesc/Abrasco.
“Razões Públicas para a Integralidade: o Cuidado como Valor” é uma coletânea que inaugura a terceira fase do Projeto Integralidade, sendo celebrada com a realização da sétima edição do seminário anual do projeto. A proposição desse tema se insere na linha de atuação e série editorial “Cidadania no Cuidado”, do Grupo de Pesquisa do CNPq LAPPIS, destinada a discutir e refletir criticamente sobre as práticas institucionais, desenvolvidas em serviços/programas de saúde, fundamentadas no princípio da integralidade, buscando compreender como estas práticas e os saberes que as sustentam podem possibilitar pensar e agir no sentido da alteridade, ajuizamento e a responsabilidade acerca das escolhas sobre os meios e formas de os sujeitos cuidarem e serem cuidados. Responsabilidade, epistemologia da prática, ensino, redes sociais e humanização, avaliação e organização dos serviços são alguns dos temas abordados. Composta por 23 textos inéditos, divididos em cinco partes, “Razões Públicas…” contou com a participação de diferentes grupos de pesquisa, que, em seus nichos locais, se voltam para pensar a ação no cuidado em saúde, sem o compromisso de prescrever a forma de cuidar ou prover cuidado.
A relação entre Estado, sociedade civil e instituições públicas de Saúde é abordada sob o prisma sócio-histórico “Ordem social, instituições e políticas de saúde no Brasil: textos reunidos”, de Madel Therezinha Luz. Composto por ensaios e artigos escritos ao longo dos últimos trinta anos, a publicação inaugura a coleção Clássicos para Integralidade em Saúde, criada pelo Grupo de Pesquisa do CNPq-LAPPIS, CEPESC-IMS/UERJ e ABRASCO. Esses textos resultaram, geralmente, de conferências posteriormente retrabalhadas, de palestras em seminários ou congressos, reelaboradas para publicação como capítulos encomendados para coletâneas resultantes dos eventos, e de alguns artigos publicados em periódicos qualificados no campo da Saúde Coletiva, sobretudo na área das políticas de saúde. “Um modo de olhar, sempre buscando a articulação entre as macro e as microanálises, destacando a dimensão histórica, mas buscando compreender as relações entre várias dimensões do objeto em exame…É assim o olhar de Madel Luz, exemplificado nos textos deste volume”, diz Ruben Mattos, autor do prefácio desta publicação. “Alguns desses textos foram escritos num contexto de luta contra o regime autoritário no Brasil, momento no qual as políticas de saúde não se pautavam pela perspectiva do direito universal à saúde e as condições de vida da população, apreendidas pelos indicadores tradicionais, se deterioravam a olhos vistos. Diante de um contexto diferente, após a democratização, com as condições de vida da população (vistos pelos mesmos indicadores tradicionais) em franca e longa tendência de melhora, com políticas públicas que defendem o direito universal à saúde, pode parecer ao leitor incauto que esses trabalhos já cumpriram seu papel. Diria, contudo, que eles seguem sendo profundamente atuais”, afirma.
“Desinstitucionalização da Saúde Mental”, título do livro de Ana Paula Guljor, Roseni Pinheiro e Aluisio Gomes Jr., oferece uma proposta avaliativa da relação entre demanda, oferta e necessidade. Tema amplamente discutido em simpósio realizado em setembro no Hospital Psiquiátrico de Jurujuba, em Niterói, que também é abordado na publicação. Nesta coletânea, o leitor encontrará um conjunto de trabalhos inéditos que busca cumprir um duplo objetivo: apresentar uma proposta avaliativa da desinstitucionalização em saúde mental e oferecer contribuições dialógicas sobre experiências de implantação de dispositivos desinstitucionalizantes, principalmente os Centros de Atenção Psicossocial (CAPS). Tal proposta nasceu no bojo da pesquisa intitulada “Necessidades e práticas na desinstitucionalização da clientela de longa permanência institucional: avaliação da demanda e adequação da oferta de cuidado” – 1ª fase, que teve início em 2004, contando com apoio da UERJ e FAPERJ em diferentes etapas e modalidades de sua atuação. “Apostamos que a leitura desta coletânea irá auxiliar na construção de pesquisas avaliativas em saúde mental, pois se o objeto desinstitucionalização é um processo, a avaliação também o é. Esta se iniciou a partir da inquietação dos avaliadores-pesquisadores implicados, que perceberam a importância de explicitar as práticas em curso nas equipes envolvidas no cuidado em saúde mental. Nesse sentido, analisar os impasses e desafios a serem superados deve constituir a tônica de toda atividade avaliativa, pois entendemos que as atividades de julgar e decidir são componentes da responsabilidade coletiva da qual a responsabilidade dos trabalhadores egestores sobre a saúde das pessoas é fundante”, convida os autores, na apresentação do livro.
Publicar coletâneas com os resultados das pesquisas realizadas pelos grupos é uma tradição dos seminários promovidos pelo LAPPIS. Roseni Pinheiro, coordenadora do VII Seminário Integralidade, acredita que o Laboratório sempre buscou convencionar a idéia de divulgação e disseminação dos grupos de pesquisa. “Esse ano, vamos ter a honra de publicar três livros, sendo um deles com o próprio tema do seminário. ‘Razões Públicas para a Integralidade: o Cuidado como Valor’ é uma publicação produzida no sentido de escutar, de incitar déias e gerar debates que pavimentam o solo epistemiológico para a terceira fase do Projeto Integralidade. É preciso aprofundar os dilemas sobre o valor dos valores na sociedade atual”, afirma. Para Roseni, mais que uma tradição, esses lançamentos visam tornar público tornar público quais são seus objetivos e os resultados de pesquisa, ou seja, “cumprir a tarefa civil da universidade de apresentar os resultados sobre a utilização dos seus recursos no que diz respeito às pesquisas realizadas no LAPPIS, visto que todas elas vêm de fundos públicos”. Seria uma forma de prestação de contas para a sociedade, as agências de fomento. “A maneira de como os resultados são distribuídos (publicações), cumprimos esse papel que é absolutamente inalienável do ponto de vista de qualquer pesquisador que trate não apenas de questões sociais, e sim sobre a melhoria das condições de vida das pessoas. Nesse ponto, a saúde é uma área bastante carente”, comenta. A coordenadora reitera que as pesquisas são fundamentais também para a utilização em sala de aula. “O ensino é a declaração pública da pesquisa. A razão pública da universidade é que as pesquisas gerem conhecimentos que possam ser ensinados e que o ensino produza questões que possam ser pesquisadas”.
Seja o primeiro a comentar