O seminário de pesquisa-extensão que aconteceu semana passada, em Petrolina, deixou muitos frutos para a pesquisa “Trajetórias de Cuidados em Saúde no Município de Juazeiro (BA): Construção da Integralidade no Contexto das Áreas Programáticas Estratégicas Saúde Materno-infantil e Saúde Mental”, que vem sendo conduzida pelo Lappis, em parceria com a Univasf e apoio da Secretaria da Saúde de Juazeiro. Fique por dentro dos desdobramentos do evento, que teve início com a assinatura do Termo de Cooperação Técnico-Científica para implantação oficial da Incubadora da Integralidade do Vale do São Francisco.
Foram dois dias de intensos debates nos Grupos de Trabalho, marcados ainda por uma Conferência da professora Madel Therezinha Luz sobre “Racionalidades e Práticas Médicas”. Ao final do Seminário, o grupo traçou um cronograma com prazos e produtos que vão desde a conclusão dos trabalhos de campo e sistematização das informações coletadas na Pesquisa até a realização de novos encontros como este que aconteceu em maio.
Na agenda, está programada a realização do Seminário Nacional das Incubadoras da Integrallidade, em setembro, e de um outro seminário, em novembro, para devolução dos resultados da Pesquisa para a sociedade. Além disso, faz parte do cronograma ainda uma oficina de textos e a edição de uma coletânea de artigos reunidos em livro, com textos de pesquisadores, docentes, preceptores, residentes e convidados em torno do tema: “Trajetórias de cuidados, mediações e integralidade em saúde”.
Na opinião da Diretora de Atenção à Saúde da SMS de Juazeiro, Geandry Peres, o seminário de pesquisa-extensão foi um momento ímpar para a região. “A pactuação entre os grupos de pesquisa e a instalação da Incubadora da Integralidade é a demonstração de que o processo de pesquisa em saúde está sendo fortalecido no Vale do São Francisco”, comemora Geandry, citando ainda as contribuições da professora Madel Luz para o processo. “Ela compartilhou sua experiência de vida entrelaçada com uma jornada profissional produtiva. E fez isso de maneira poética. Foi quase como um ‘soneto’, devido a estrutura lógica de seu depoimento desenvolvida em uma sequência harmoniosa e clara para os ouvintes”.
Termo de Cooperação
Durante a abertura do Seminário, o secretário de saúde de Juazeiro, Ubiratan Moreira, ressaltou a relevância do momento para o Vale. “É importante investir em pesquisa, pois abre portas para as melhorias dos serviços”, disse. “A Incubadora vai fomentar essa discussão, que será instrumento fundamental para qualificação do SUS na região”. Em sua fala, o secretário assumiu o compromisso de manter o apoio à pesquisa: “Estamos na ponta, colocando em prática os serviços, e a universidade é, sem dúvida, um espaço bem melhor para ajudar a orientar o SUS no município. Vamos continuar apoiando esse tipo de iniciativa, sendo esta uma das prioridades da atual gestão”.
Na ocasião, a coordenadora do Lappis, Roseni Pinheiro, declarou: “Instituindo a Incubadora, continuaremos o processo de produção, fruto de uma teoria viva. Parto do pressuposto epistemológico gramsciano de que se produz conhecimento na e para a saúde, com base em experiências. Vale a pena inovar”. Roseni defende que a principal tarefa civil da universidade é a decisão ético-política e pedagógica de apoiar, fomentar, interagir e participar na construção de conhecimento. “Os serviços de saúde não podem ser apenas um campo de coleta de dados, mas fontes de saberes e práticas concretas capazes de subsidiar reflexões de coletivos sobre adoção/criação de metodologias responsáveis e inclusivas”, acrescentou.
A coordenadora do Lappis disse ainda que o lançamento da Incubadora reúne forças para defender a pesquisa e a extensão como ações indissociáveis, e abre possibilidades civis e públicas de amadurecimento e valorização dos profissionais, dos usuários e da própria gestão como práxis da efetivação do direito à saúde como direito humano. “A Residência tem um papel de extraordinária importância nesse processo, temos que valorizar os profissionais que vão nos atender. Temos que pensar nas gerações futuras. O mundo carece de cuidado”, concluiu.
O Termo de Cooperação Técnico Científico foi assinado entre Lappis (IMS/UERJ) / LEPII / UNIVASF e Secretaria da Saúde e, de acordo com ele, a Incubadora da Integralidade em Saúde do Vale do São Francisco se propõe a estabelecer um conjunto de análise dos itinerários de cuidado na região, em relação às duas temáticas eleitas (Saúde materno-infantil e saúde mental), envolvendo municípios do Vale do Médio São Francisco, especialmente Juazeiro, além das cidades da rede do Lappis, que tem grupos articulados de pesquisa no Rio de Janeiro, Rio Branco, Cuiabá, Belo Horizonte e Porto Alegre.
Diálogos
Cláudio Claudino, pesquisador do Lappis, professor da Univasf e coordenador do Núcleo de Prevenção à Violência da SMS de Juazeiro, ressalta a importância do diálogo entre a universidade e os serviços de saúde. “A Incubadora do Vale é uma iniciativa propulsora de um “repensar” constante por parte dos que estão nos serviços de saúde, e é nessa perspectiva que acreditamos no trabalho do Lappis e nas contribuições diretas que ele trouxe para motivar-nos a aperfeiçoar cada vez mais nosso SUS”.
De acordo com Cláudio, a Pesquisa tem motivado muitos trabalhadores a acreditarem que a força de trabalho no SUS também participa diretamente “na produção de saberes de qualidade e mérito acadêmico e científico”. Esse é, para ele, um dos principais aspectos positivos desse processo de pesquisa. Fazendo um balanço do seminário da semana passada, Cláudio acredita que ele deixa lições para a gestão do SUS municipal e para nortear todo nosso Plano de Educação Permanente. “Podemos trazer o tema das Racionalidades Médicas e das Práticas Integrativas e Complementares em saúde como um dos eixos transversais a serem trabalhados na perspectiva da integralidade do cuidado, em nossas qualificações daqui pra frente”, conclui.
Para saber mais sobre a Incubadora do Vale clique aqui.
Seja o primeiro a comentar