A semana foi bastante promissora para os mestrandos e participantes do Lappis Keyla Roberta Libanio, Marcelo Ferreira e Daniela Borges. Eles qualificaram seus projetos de mestrado profissional no Instituto de Medicina Social da Uerj (IMS), na terça-feira (13/12).
As atividades de controle da dengue no município de Piraí/RJ, incorporadas às atividades da Estratégia de Saúde da Família (ESF) desde 2005 é o tema do projeto de pesquisa de Keyla Roberta Libanio. Segundo Keyla, as ações de Vigilância Ambiental em Saúde apresentaram avanços consideráveis na integração dos trabalhos e no fortalecimento do cuidado com o território, a fim de prevenir doenças e agravos transmitidos pelos vetores. O objetivo é estudar as práticas de vigilância da dengue e procurar entender os resultados quantitativos, bem como os processos contínuos de relações construídas por meio dessas políticas.
“Percebemos a necessidade de continuar uma reflexão sobre a integração das ações, pois este é um processo dinâmico, que implica em um exercício constante de avaliação e diálogo sobre as questões envolvidas no cotidiano desta prática”, afirma Keyla, que atua como coordenadora de vigilância ambiental em saúde no município de Piraí, e explica que o maior desafio na realização da pesquisa foi sair de sua posição de gestora para refletir sobre suas práticas como pesquisadora. “É um exercício muito rico e difícil, mas tenho conseguido alcançar os objetivos propostos”.
Daniela Borges analisa a inserção do cirurgião-dentista na atenção primária à saúde, também no município de Piraí. Sua pesquisa objetiva discutir sobre os desafios e potencialidades do trabalho desse profissional. Segundo Daniela, os pressupostos mais relevantes da sua pesquisa apresentam a hegemonia da tendência tecnicista nas concepções da prática odontológica, o que faz com que os profissionais, ainda centrados na habilidade técnica, se percebem afastados do trabalho em equipe de Saúde da Família.
A pesquisa de Daniela aponta para a necessidade de aprofundamento das estratégias de educação permanente, no sentido de valorizar o cirurgião-dentista. “A ampliação dos saberes e das práticas em saúde bucal são importantes, não apenas para os resultados diretos sobe a saúde bucal, mas para projetar os sentidos e as ações da Estratégia de Saúde da Família em um território”.
O tema do trabalho do psiquiatra Marcelo Ferreira foi a medicalização. Ao ser lotado em um PSF de Arrozal, maior distrito de Piraí, Marcelo conta que o modus operandi dos encaminhamentos para as avaliações psiquiátricas o motivaram a realizar a pesquisa. Sua estratégia metodológica envolveu entrevistas com profissionais da localidade e análise dos encaminhamentos feitos por escrito em guias de referência e contra-referência.
“A hipótese de que poderia haver uma concepção da Psiquiatria enquanto instância disciplinadora me motivou estudar os encaminhamentos. Essa concepção poderia ter como uma das consequências um processo de medicalização”, explica. O maior desafio na pesquisa, segundo Marcelo, é cumprir os prazos tentando criar janelas de oportunidade para dar continuidade aos estudos e reflexões acerca da relação Saúde Mental e Atenção Básica no SUS. “Uma cidade do porte de Piraí, com 26 mil habitantes, talvez devesse reavaliar o dualismo que existe na relação Atenção Básica e Saúde Mental. A superação desse dualismo pode permitir que tenhamos uma Saúde, de fato, coletiva”.
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