Quando falamos em humanização, imaginamos a interação entre pessoas, o contato físico, os cuidados diários com o bem estar e com a saúde física e mental do próximo e as diversas possibilidades de promover melhorias nas relações interpessoais, trazendo um olhar agregador e integrado. Mas também existem práticas fundamentais de humanização em ambientes controlados e restritos, como as UTIs, por exemplo. Mesmo abrigando pessoas que no momento se encontram bastante debilitadas é possível utilizar os conceitos e as práticas de humanização no ambiente.
A valorização de equipes conscientes dos problemas dos usuários, a integração de funções, o investimento em uma boa comunicação, a qualidade na atenção, encontros diários de profissionais (debatendo o dia a dia da UTI) e a promoção de um ambiente acolhedor são pontos chaves. O intensivista Frederico R. Anselmo, da Universidade Federal de Ciências da Saúde de Porto Alegre, fez uma pesquisa sobre a eficiência desse “cuidado humanizado” nas UTIs da região e constatou que a taxa de mortalidade no grupo onde havia apenas passagem de plantão foi de 26%. Já no Grupo da UTI onde havia discussões interdisciplinares diárias e sistematizadas a taxa caiu para 13%.
Outro elemento importante nesse processo é a família do paciente, que compartilha de uma rotina diferenciada, reinventada pelas condições de saúde daquele usuário. Os familiares devem ser colaboradores, agindo de maneira complementar ao tratamento dos profissionais. Orientar o “trabalho” do acompanhante, que deve fazer o paciente se sentir útil e participante, faz parte da humanização na UTI. Por incrível que pareça, o simples fato de deixar entrar um pouco de “luz” já traz uma outra cara para a UTI e evita alguns casos de delírio, que são comuns em usuários que ficam uma grande quantidade de dias internados. Liberar acompanhantes em horário integral na UTI, para pacientes que não possuem grandes riscos pode ser bastante benéfico. Aproximar o máximo possível aquela rotina passageira da vida normal é o que se pretende alcansar.
Sabemos que atender com qualidade não significa apenas tratar da doença, mas humanizar o serviço, olhando para o indivíduo e para aqueles que o acompanham, tendo como foco o respeito à diversidade e a construção do trabalho em equipe. Existe um artigo acadêmico, feito por Silvio Cruz Costa, Maria Renita Burg Figueiredo e Diego Schaurich, que expõe de maneira quantitativa, a compreensão de enfermeiros sobre a política de humanização da UTI para adultos. Vale a pena a leitura.
Acesse o link: http://www.scielo.br/scielo.php?pid=S141432832009000500009&script=sci_arttext
Também sobre esse tema, Elias Knobel, diretor emérito e fundador do Centro de Terapia Intensiva do Hospital Israelita Albert Einstein e professor adjunto da Escola Paulista de Medicina – Universidade Federal de São Paulo, concedeu uma entrevista leve e descontraída para o programa do Jô Soares, em 2009 . O médico fala sobre bastidores divertidos da Unidade de Terapia Intensiva, como o episódio em que pacientes queriam que instalassem várias TVs para assistirem a Copa do Mundo, mesmo sem poderem ver quase nada. Veja abaixo:
Parte 1 e 2
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