Segurança, bem estar e qualidade no atendimento médico são itens básicos, que devem (pelo menos em teoria) ser oferecidos em todos os hospitais. A gestão dos serviços hospitalares tem um papel fundamental na eficácia e na integração desses serviços, e esse é o grande desafio para os profissionais da área. Como oferecer auxílio médico, trazendo conceitos de Hotelaria para dentro dos espaços hospitalares, sem desconfigurar a unidade fisicamente ou descaracterizar o atendimento?
A professora do curso de Administração da Facudade Arthur Sá Earp Neto e especialista em gestão hospitalar Ana Maria Auler, respondeu algumas perguntas feitas pela equipe de comunicação do LAPPIS sobre as novas configurações do ambiente hospitalar, sua organização, a percepção dos espaços, a integração dos serviços e a expertise que os gestores precisam ter. Confira:
Hotelaria Hospitalar: fale um pouco sobre os serviços que podem ser integrados para a promoção do bem estar dos pacientes. O quanto isso pode influenciar no tratamento?
As atividades desenvolvidas em uma unidade hospitalar, além dos conhecidos cuidados e serviços de atenção à saúde, envolvem também questões como a segurança e o conforto dos pacientes, seus familiares, profissionais de saúde e demais trabalhadores. A hotelaria diz respeito aos aspectos de infraestrutura tão necessários para a efetivação do cuidado em saúde
Por tratar de aspectos tão relacionados ao cuidado em saúde, acredita-se que há uma relação direta entre esta atividade e a efetividade de um tratamento. Como exemplo podemos citar os serviços de higiene, segurança e manutenção de equipamentos.
Ao mesmo tempo em que adotar as diretrizes da Hotelaria Hospitalar pode distanciar o paciente de sua doença, amenizando os momentos de sofrimento, o Hospital pode adquirir um aspecto muito “turístico”, com cinco, quatro, três estrelas. Que cuidados precisamos ter nessa gestão para evitar rótulos negativos?
A gestão, quando realmente focada no usuário, não corre estes riscos. Vou explicar melhor. Se o usuário está no hospital para receber cuidados de saúde, toda preocupação deve girar em torno disto e não da produção de confortos supérfluos, que mais tem relação com a imagem da unidade do que com o trabalho de recuperação da saúde.
Atualmente algumas unidades, especialmente as privadas, buscam ter a aparência de um hotel, repleto de estrelas. Ora, isto não faz sentido na medida em que os objetivos de um hotel e de um hospital são distintos, embora possam possuir aspectos em comum. Além disto, investimentos desta natureza aumentam os custos, o que deve ser evitado no caso do SUS.
Você acha que ainda é preciso analisar as necessidades de grupos sociais específicos para melhorar a gestão em saúde? Um diálogo maior com os usuários é o que falta?
Sim, o gestor deve sempre estar em sintonia com as necessidades dos usuários, especialmente quando se trata de grupos sociais específicos. O diálogo deve ser sempre o caminho e deve-se buscar sempre intensificá-lo e qualificá-lo.
A formação de gestores para hospitais seguia a lógica específica das áreas de Economia e de Administração de Empresas. Nos últimos anos, observamos novos conceitos e lógicas focadas em profissionais de saúde, com pesquisas mais aplicadas. Na sua opinião o gestor de saúde precisa ter necessariamente formação em saúde? Se sim, qual é a importância dessa formação no dia a dia da gestão hospitalar?
Há diversos autores que abordam o tema da formação gerencial mais geral. Um dos autores que gosto é o Robert Katz que define que há 3 tipos de conhecimentos necessários a um gestor. O primeiro diz respeito aqueles específicos da gestão propriamente dita. O segundo seria o conhecimento “humano”, relacionado a capacidade de lidar com pessoas, com ênfase nos trabalhadores. Por último, ele defende a habilidade técnica que diz respeito ao conhecimento mais profundo do tipo de organização que você atua. Neste caso, as características e especificidades das organizações de saúde.
Compartilho da sua visão. Não se trata de qual a formação deverá ter um profissional, mas de quais conhecimentos, habilidades e atitudes ele deverá possuir. Estes conhecimentos, na minha opinião são vitais para que as organizações consigam efetivar o direito à saúde.
Ana Maria Auler M. Peres
Seja o primeiro a comentar