HOSPITAL SOFIA FELDMAN

Hospital Sofia Feldman encerra curso internacional

SOFIA_FELDMAN_1.jpgDepois de 26 dias no Hospital Sofia Feldman, os 17 profissionais de 11 países da América do Sul, Caribe e África, que estiveram participando do III Curso Internacional de Assistência Humanizada à Mulher e ao Recém-nascido (TCTP), estão voltando para casa. A cerimônia de encerramento do curso aconteceu na última sexta-feira, 26.

O III Curso Internacional, realizado de 1º a 26 de outubro, no Sofia, é uma promoção da instituição em parceira com as Agências de Cooperação do Brasil (ABC) e do Japão (JICA). Cumpre o seu terceiro ano de curso, dos cinco acertados com os parceiros, a serem realizados no Hospital. Para esta edição, vieram participantes de quatro países africanos de língua portuguesa e sete latino-americanos: Cabo Verde, Angola, Peru, Honduras, Moçambique, Equador, Nicarágua, São Tomé e Príncipe, El Salvador, Guatemala e Uruguai. Durante sua estada no Hospital, os profissionais passaram por aulas teóricas e práticas, onde participaram das atividades de todos os setores.

Durante o mês, participaram de capacitações em Urgência e Emergência neonatal, receberam informações sobre o Sistema Único de Saúde (SUS), gestão e políticas públicas, sobre o Programa Rede Cegonha e de doenças sexualmente transmissíveis, do Ministério da Saúde do Brasil. Receberam informações sobre as boas práticas na assistência ao parto e nascimento, as evidências científicas na assistência à mulher e ao recém-nascido, os métodos não farmacológicos de alivio à dor, a importância da participação da família no cuidado, seguindo o princípio da integralidade da assistência, e tomaram contato com as ações de humanização praticadas na instituição.

SOFIA_FELDMAN_3.jpgO curso enfocou, também, a ambiência adequada ao trabalho de parto e nascimento e o Programa Doulas comunitárias – voluntárias da comunidade que dão conforto às gestantes no momento do parto. Conheceram o modelo de gestão participativa e o funcionamento do controle social dentro do hospital, além de receber noções de biossegurança.

Além disso, os participantes tiveram aulas práticas de campo, onde assistiram a partos em que a mulher é estimulada a adotar a posição e postura que melhor lhe convier: parto na água, no chuveiro, no banquinho de nascimento e na cama, de cócoras. Tomaram escalda-pés no Núcleo de Terapias Integrativas e Complementares, fizeram Yoga e Dança na Academia Sofia em Forma e foram capacitados em aleitamento materno. Também passaram por algumas atividades externas, visitando o Hospital Risoleta Neves, o Centro de Saúde Jardim Guanabara e a Comissão Perinatal, da Secretaria Municipal de Saúde de Belo Horizonte.

PRESENÇAS

SOFIA_FELDMAN_4.jpgO evento contou com a presença de Kelly Nishikawa Sales, representante da Agência de Cooperação Internacional do Japão (JICA), e Ana Cristina Escalera, da Agência de Cooperação do Brasil (ABC/MRE), promotores do curso. Segundo Kelly, eles já viram algum resultado de alguns países que participaram das edições anteriores. “É o caso da Guatemala, que traduziu o Manual de Doulas Comunitárias e introduziu o seu trabalho no Hospital”. Ana Cristina explicou que o Curso é uma ferramenta da parceria Brasil/Japão que tem tido muito sucesso, “o que pode ser observado pela grande demanda de candidatos, mostrando que eles – tanto da África quanto da América Latina – têm muito interesse em participar do Curso na modalidade TCTP (Cooperação Técnica em Terceiros Países) no Hospital Sofia Feldman. A cooperação só existe graças ao ‘know-how’ de vários setores, como aqui no Sofia, que dá um bom retorno e permitirá que, em seus países, eles repliquem o que aqui aprenderam”, afirmou.

Lélia Madeira, responsável pelo Curso, coordenadora da Linha de Ensino e Pesquisa (LEP), do Hospital Sofia Feldman, explicou que os 17 profissionais foram selecionados entre 80 outros interessados, de 18 países, e que o critério de seleção foi heterogêneo, mesclando médicos com enfermeiras e profissionais com gestores. O Hospital ganhou alguns presentes, como bandeiras dos países, textos de agradecimento e bonecas típicas.

Também estiverem presentes o diretor administrativo do Sofia, Dr. Ivo de Oliveira Lopes, o diretor da Fundação de Assistência Integral à Saúde – FAIS, gestora do Hospital, Sr. José Moreira Sobrinho e Jorge Nolasco, presidente da Associação Comunitária de Amigos e Usuários do Hospital Sofia Feldman –(ACAU-HSF). Jorge pediu aos representantes da comunidade que se levantassem e disse: “É o povo lutando pela saúde 24 horas dentro do hospital”.

PROFISSIONAIS DO SOFIA

As profissionais do Sofia, que acompanharam os visitantes de perto, também falaram sobre a experiência. A enfermeira obstetra, Vera Bonazzi, disse que o grupo estava unido e coeso e que tem boas expectativas nos planos de ação: “Depois do primeiro encontro, somos todos irmãos, que continuemos a comunicar em pensamento e ações”. A enfermeira Elis Regina pediu veementemente que eles não desanimem e não desistam, “não deixem a peteca cair”. O obstetra Edson Cabral, declarou-se emocionado em ver pessoas de lugares tão distantes aqui no Sofia, “aprendendo o nosso modelo de assistência” e desejou a todos um bom retorno. A assistente social Elen Santana os acompanhou nos passeios turísticos e disse que a brincadeira na roda gigante e carrossel, na Pampulha, logo nos primeiros dias, ajudou a quebrar o gelo e que ali falaram a primeira linguagem, a linguagem do sorriso. “Espero que voltem com uma boa bagagem. A gente fica com um pouco de cada um de vocês”.

“É sempre uma honra recebê-los” – declarou Dr. Ivo – “Estou com o coração muito alegre. Espero acontecer mais vezes. Conhecer o que vocês trazem para nós é sempre algo a mais, que nos dá a certeza que nós, trabalhadores da saúde, em locais diferentes, estamos construindo algo; estamos todos construindo um mundo melhor para nossas mulheres e crianças”.

José Sobrinho disse que ficou feliz ao recebê-los, mas que agora estava com um sorriso amarelo e triste: “Vocês vão deixar uma lacuna. Frederico Ozanam, criador da Sociedade São Vicente de Paula, sonhava uma grande rede de caridade. Estamos formando uma grande rede humanizada. Fazemos parte desta rede, somos uma malha deste pano e a rede vai se estender mundo afora”, filosofou.

Lélia Madeira finalizou: “Nós precisamos construir pontes para todos neste universo, porque somos irmãos e não derrubar pontes”.

O RETORNO

Amadeu Sanchez Gomgora (gestor) – Peru
“Ao voltar, irei trabalhar em torno do que vi aqui. Vamos fazer não uma cópia do Sofia, mas trabalhar para enriquecer a nossa assistência. Dar um maior estímulo em prol da humanização. Creio que exigirá muito esforço, mas será positivo”.

Lourdes Suyapa Munoz (enfermeira) – Honduras
“Excelente estada, boa aprendizagem, toda equipe do Sofia é muito solidária, comprometida com a saúde. Tudo o que nos transmitiram foi desafiante. Vamos embora muito motivados a beneficiar à mulher e a criança. Ao retornar, primeiramente, vamos transmitir as informações sobre as práticas e evidências científicas ao nosso gestor local e depois ao ministro da saúde. Quero implementar no meu país o acompanhante no trabalho de parto, os métodos não farmacológicos de alívio à dor, o parto vertical, o programa Doulas, saúde do trabalhador e terapias integrativas para funcionários e usuários”.

Nancy Tito (enfermeira) – Peru
“Quero incorporar a atenção humanizada à mulher e ao recém-nascido. Primeiramente, fazer uma reunião com o diretor, depois, convocar os colegas e transmitir a experiência e o plano de trabalho. Adotar o acompanhante de parto, métodos não farmacológicos de alívio à dor, terapias integrativas e as capacitações em urgências e emergências em Neonatologia. Fazer oficinas para profissionais de assistência materna, neonatologia e universidade. E contatar com nosso Ministério da Saúde. Este é um hospital amigo da mãe e do recém-nascido, tem uma só filosofia, trabalhar em equipe pelo bem-estar da mãe e a criança; e diferentemente de outros modelos, aqui os médicos fazem parte da equipe”.

Carla Rosário (médica clínica geral) – Cabo Verde
“Estou aqui porque há vontade política de mudança em meu país. Gostei de tudo, da hospitalidade, da atenção, dos métodos. Ao voltar, quero implantar coisas que dependem de mim. Meu hospital não tem separação entre as camas, vou falar com a diretora sobre isto. Colocar os prematuros dentro dos lençóis na UTI, demarcando espaço como no útero, e o banho de balde. Eu assisto a recém-nascidos e posso fazer isto. Também pretendo sugerir a possibilidade de acompanhantes no trabalho de parto ou uma visita mais prolongada, adotar os métodos não farmacológicos de alivio à dor, as massagens, a bola do nascimento, o banho morno e a escada de Ling, que as mulheres usam para ficar de cócoras. O meu primeiro passo será expor tudo isto que aprendi aqui para o diretor e passar os vídeos; temos que provar que isto existe. Não sabia que era tudo isto. É tudo de bom, sem nenhuma crítica. Aqui só tem virtudes”.

Maria Victória Villalba Tejera (enfermeira licenciada) – Uruguai
“A experiência foi maravilhosa; os recursos humanos, a planta física, a escuta e compreensão da mulher e da família. Nunca estive num lugar assim. Meus planos para o retorno: primeiro, vou dividir esta experiência com as minhas equipes da universidade e unidade básica; segundo, vou comunicar com a companheira parteira que veio aqui em 2010, quero fazer um intercâmbio com ela para ver que atividades fez e o que implementou;  terceiro passo: Capacitar meus companheiros de trabalho na Policlínica para humanização da atenção e criar oficinas para trabalhar com as mulheres. Quarto passo: Adotar as práticas do contato pele a pele da mãe com o bebê, o banho de balde e o Método Canguru. Vou levar, ainda: As terapias integrativas, o curso sobre a Bola de Bobath, a Classificação de Risco, as massagens e a ambientação física como a que vi na casa de parto. O Brasil me encanta. Quero trabalhar com vocês”.

SOFIA_FELDMAN_2.jpgGilma Olrias (obstetra) – Nicarágua
“No meu país, se a mulher tem bolsa rota, fica hospitalizada, deitada por 20/30 dias. Na Casa da Gestante, elas têm menos restrições e mais liberdade. Pretendo levar a experiência para a Nicarágua. Gostei do prontuário, onde a mulher é tratada pelo próprio nome e da divisão dos alojamentos conjuntos, que dão privacidade à mulher e foram feitas com poucos recursos”.

Mariflor Castro Monterroso (enfermeira) – Guatemala
“Quero levar a humanização na assistência e a integração de terapias de apoio para o hospital em que eu trabalho. Temos uma atenção mais mecânica, não integral. Aqui, se faz um bom atendimento com poucos recursos e com menos quantidade de recursos humanos capacitados. É um hospital integral, que oferece uma atenção bastante completa, com pessoas competentes, dando a satisfação esperada pelo usuário”.

Rubens Lemos Rodas – (médico/gestor) – El Salvador
“Volto com o propósito de construir uma Casa de Gestante. Eu trabalho na zona rural, as pessoas vêm de muito longe, não têm transporte, caminham às vezes até duas horas para chegar ao hospital. A Casa de Gestante vai ajudar muito às mulheres. O que mais o encantou no Sofia foi a cordialidade das pessoas. Todas adoráveis. Minha primeira providência ao retornar será transmitir a meus companheiros informações sobre a assistência humanizada ao parto. Vou passar os vídeos e mudar imediatamente um procedimento, começar a permitir a deambulação para as mulheres”.

Mack dos Santos (enfermeira) – São Tomé e Príncipe
“Fiquei encantada com o trabalho em equipe e com o sorriso das pessoas, o parto na água, as doulas e a presença de familiares, que não permitimos lá. Estou gostando de tudo, vou levar para lá o Projeto Doulas, o parto na água e a presença de familiares”.

Adelina Santos (enfermeira) – Cabo Verde
“Gostei da banheira e do chuveiro usados para ajudar a aliviar as dores do parto. Vamos tentar implementar nos nossos serviços e os biombos no alojamento conjunto; lá eles só são usados pontualmente, quando precisamos fazer algum exame. Assim que voltar, pretendo falar com os meus gestores, mostrar os vídeos sobre o Sofia e procurar sensibilizá-los. Gostei muito da UTI Neonatal, quando eles colocam um lençol enrolado para o bebê. Ele fica mais firme. E vou fazer o banho de balde, como se faz com os prematuros na UCI, pois o bebê fica mais tranqüilo”.

Fonte: matéria publicada no site do Hospital Sofial Feldman

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