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Formação do autor é tema do Espaço Saúde & Letras

altComo formar autores de livros em um cenário mais ocupado pelos artigos em periódicos? Essa foi a questão norteou o bate-papo Das ideias à palavra escrita – a formação do autor.

A atividade foi promovida pela Fiocruz, no Espaço Saúde & Letras, no dia 15 de novembro. Participaram da conversa a professora da Uerj, Madel Luz, o pesquisador Sérgio Rego, e a pós-doutoranda da Ensp/Fiocruz e Luciane Ouriques. A atividade foi mediada pela Assessora de Comunicação da Editora Fiocruz, Fernanda Marques.

 

Durante o agradável encontro foram discutidos como o excesso de quantativismo na ciência prejudica no processo de produção criativa e a necessidade de incentivar a produção de livros. Nesse sentido, Madel Luz sugeriu que se pratique a escrita. “Escrevam, escrevam sempre. Pois só escrevendo que o texto ganha forma. Não desaminem com as regras, apenas escrevam”.

Nesse sentido, Sérgio Rego contou uma experiência que está acontecendo na Ensp. “A gente tem procurado no nosso programa estimular a produção, que as pessoas pratiquem escrever sobre o que lêem. Estamos tentando criar para os alunos um blog, que eles escrevam reflexão sobre determinados temas. As pessoas estão escrevendo muito mal, elas têm que praticar. Por isso também a leitura é fundamental.”

Luciane Ouriques falou sobre como é importante dominar os autores tradicionais. “Eu retornei a ler Max Weber e percebi que uma série de autores que escrevem livros hoje em dia falam de coisas que Weber falava no início do século XX. É fundamental que os autores das ciências sociais e humanas busquem o livro porque nossas raízes de produção de conhecimento não estão desatualizadas”.

Ao término do bate-papo, os participantes ainda conversaram com a equipe do Lappis sobre a relação entre o livro e a produção do conhecimento. Para Sérgio Rego, a produção do livro permite uma forma mais fundamentada das ideias que se vai apresentar. ”Os artigos em geral têm uma limitação de espaço muito grande e muito objetiva, onde se perde uma parte da discussão mais aprofundada. Particularmente no campo das ciências humanas e sociais, que a saúde coletiva tangencia, você precisa ter um espaço onde se possa refletir mais sobre o tema”.

Já Luciene afirmou que o livro nos traz a possibilidade de novas linguagens, de expressar o conhecimento. “Ele é a excelência de divulgação do conhecimento, ele é o espaço que permite você desenvolver o argumento. Na medida em que ele sustenta a reflexão, permite a crítica do próprio conhecimento.”

De acordo com Madel Luz, a tradição dentro do campo da saúde coletiva é a do livro. “Quando começa a operar o sistema de avaliação científica, nos anos 90, começa haver o progressivo privilegiamento do artigo científico. Nesse momento, em que houve essa passagem, o livro começou a perder qualquer efeito. Mas se você olhar os livros dos anos 70 e 80 da saúde coletiva, eles são as referências mais importantes”.

Madel afirmou também que é preciso recuperar o valor do livro como produção científica e  invenção científica. “Um artigo pode traduzir um momento de uma pesquisa sem nenhuma invenção científica, sem dizer nada, a não ser resultados dela.  Mas o livro, tem que ter algo novo a dizer, algo que não existe. Ele tem que ser inventivo e não inovador. A inovação está muito ligada à tecnologia e a invenção, sim, está ligada ao conhecimento”.

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