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Ética e técnica no cuidado: é possível conciliar na prática educativa na saúde?

altNo último dia do Seminário Nacional do Projeto Integralidade, a mesa de debates com o tema “Ética e técnica no cuidado: é possível conciliar na prática educativa na saúde?” reuniu César Favoreto (FCM/UERJ), Ana Heckert (PPGPSI/UFES), Elisangela Dittz (Hospital Sofia Feldman–BH), Lílian Koifman (ISC/UFF) e Isabel Brasil (EPS/Fiocruz). Coordenados por Roseni Pinheiro (LAPPIS/IMS), os pesquisadores buscaram esclarecer assuntos que permeiam o compromisso dos profissionais de saúde com a ética, em detrimento da importância da utilização de conhecimentos técnicos no trato dos usuários.

O expositor César Favoreto destacou, dentre outros assuntos, a questão das barreiras políticas e ideológicas para o ensino da integralidade, a desvalorização das competências dialógicas e interpretativas além da dificuldade atribuída aos médicos para compreender valores significativos como questões culturais e o exercício da afetividade. “O médico deve compreender os aspectos culturais que envolvem o cuidado com o seu paciente, assim como precisa valorizar as dimensões afetivas que os envolve”.

 
altA pesquisadora Lílian Koifman, por sua vez, compartilhou com o público que lotava a plenária, parte de sua experiência em medicina coletiva e explicou como são realizados os projetos executados com os alunos de primeiro e segundo período do curso de medicina na Universidade Federal Fluminense: “Buscamos abordar, desde o início da graduação junto aos nossos estudantes, as múltiplas dimensões do encontro na saúde. Mostramos, ainda, que é possível integrar técnica à ética, embora todos já venham condicionados a acreditar que a primeira se sobrepõe”, afirma.
 
Para discutir a utilização da técnica no cuidado, Elisangela Dittz, do Hospital Sofia Feldeman (BH), enumera aspectos do entendimento e conhecimento da saúde, como a importância da inclusão da família no tratamento do usuário e defende a ética baseada do diálogo, como instrumento de motivação da conduta humana: “O lugar do cotidiano ao serviço de saúde é construído a partir do conceito de que podemos refletir sobre o que fazer”, completa.
 
Na qualidade de representante da EPS-Fiocruz, Isabel Brasil discutiu a questão das limitações sofridas pelo cuidado integral e apontou como o MST congrega ética e técnica na construção do trabalho dos profissionais da saúde. “A busca pela felicidade com a técnica como desejo de construir ética não se materializa, apenas não consegue alcançar o movimento necessário para se concretizar”.
 
Ana Heckert pontuou os desafios que se colocam após 20 anos de SUS e comentou que o enfoque das discussões que permeiam a questão da ética na integralidade tomou outros rumos após esse tempo: “Não podemos desconsiderar que muitos avanços foram produzidos, por essa razão, o tema desta mesa redonda é tão provocador. O SUS representa uma política de pública de resistência que propõe outros desafios”.
 
A sanitarista e coordenadora do LAPPIS Roseni Pinheiro, reforçou a discussão da reserva do possível, assim como a idéia da liberdade e pensamento da condição humana enquanto política: “O possível não se esgota em uma única possibilidade e quando se fala da escolha, falamos também de política”, finaliza.
 
Após a apresentação de cada expositor, foram abertos os debates.

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