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Entrevista com Paulo Henrique Martins antecipa debate do XXVIII Congresso da ALAS

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O XXVIII Congresso Internacional da Associação Latinoamericana de Sociologia (ALAS), que vai acontecer em Recife, entre os dias 6 e 11 de setembro, já pode ser considerado um dos mais importantes eventos do continente no campo das Ciências Sociais. O tema deste ano, “Fronteiras Abertas da América Latina”, promete render grandes discussões entre os 30 Grupos de Trabalho que integram o Congresso. Para antecipar o debate, vale conferir a entrevista concedida pelo vice-presidente da ALAS, professor Paulo Henrique Martins, à pesquisadora do Centro de Pesquisa de Pós-Graduação sobre as Américas da Universidade de Brasília (CEPPAC/UnB), Flávia Lessa de Barros.

O documento, intitulado “A sociologia latinoamericana entre os desafios da descolonização planetária e a reconstrução da utopia democrática – uma reflexão a partir da ALAS”, integra a série CEPPAC, editada desde 2006 pelo Centro de Pesquisa e Pós-Graduação sobre as Américas, cujo objetivo é a divulgação de artigos, ensaios e dados de pesquisas nas Ciências Sociais. Para conferir na íntegra a entrevista, clique aqui

Para a coordenadora do Lappis, Roseni Pinheiro, a reflexão apresentada na entrevista pelo companheiro de lutas e parceiro do Grupo de Pesquisa Lappis, traz uma contribuição histórica, política e epistemológica para produção de conhecimento desse campo na América Latina, assim como para os estudos e pesquisas no campo da saúde coletiva em geral. “O tema da descolonização mundial de formação e produção de saberes e práticas traz à tona um debate inadiável quanto ao reconhecimento e conhecimento das especificidades da produção da sociologia latinoamericana. E, sem dúvidas, isso se aplica ao Brasil, em várias situações, quando chegamos ao ponto de alguns sociólogos desconhecerem ou desconsiderarem a produção da sociologia latinoamericana”.

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De acordo com Roseni, levantar essas questões, a partir da trajetória de uma associação tão pujante como a ALAS, é fantástico, inovador, uma vez que a ideia de ‘Fronteiras Abertas’ norteadora do congresso possibilita realizar vários percursos sobre a inserção das ciências sociais na criação da saúde coletiva no Brasil – que teve como grande expoente Juan Cesar Garcia, médico e sociólogo que, à frente da OPS, possuía duas grandes preocupações: a educação médica e a formação de profissionais de saúde e o movimento em torno do caráter transformador da medicina social. “Temos que nos preocupar muito mais com o objeto do que somente com o método. Muitas vezes reduzimos o objeto ao método e aí perdemos muitas possibilidades de experimentar as transformações sociais e culturais”, acredita Roseni, concordando com Paulo Henrique Martins que defende que os pesquisadores da América Latina têm essa preocupação aguçada.

E, por fim, quanto à superação da colonialidade do saber que negligencia as diversidades e especificidades do nosso continente em circuitos de produção, disseminação e divulgação de conhecimento científico, hegemonicamente dominado pelo hemisfério Norte, outra preocupação apontada pelo pesquisador, Roseni pontua: “Como coordenadora da BVS Integralidade em Saúde, temos percebido que descritores inclusivos de interdisciplinaridade, tais como o cuidado, são submetidos a escalas hierarquizantes do conhecimento, que reduzem sua capacidade catalisadora de sistematizar temas afins presentes nos veículos de divulgação de produção científica. Um dos efeitos terríveis disso é a invisibilidade de questões socio-ético-políticas fundamentais para o avanço da ciência no país”. Para ela, trata-se, portanto, de uma contribuição inovadora de reintegração de linhas de pensamentos apartadas por “disputas de interesses adversos à defesa do bem comum e da justiça social”.

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