A equipe de pesquisadores do Lappis, coordenada por Roseni Pinheiro (IMS-UERJ), partiu rumo ao Rio Grande do Sul, com o objetivo de devolver os resultados da pesquisa “Áreas programáticas e direito à saúde: construção da integralidade no contexto do apoio institucional”. Nesse caso, “devolver” não possui um sentido de “prestar contas públicas somente” (e toda a praticidade que o termo implica), e sim de comaparilhar os caminhos que os movimentos gerados em torno das práticas de apoio tomaram.
Quem são os agentes que movimentam as redes? Como trabalham? Qual é o papel do apoiador nos diferentes campos de atuação? Que mudanças podem ser percebidas durante o processo de apoio? Essas e outras questões foram abordadas em encontros que aconteceram em Porto Alegre, Santa Maria e Palmeira das Missões, cidades cujas experiências foram compartilhadas na pesquisa. Companheira de andanças e visitações, a profa. Liane Righi (SC-UFRGS) ajudou na interação da equipe do Lappis com os participantes das rodas de conversa, constituídas por apoiadores, coordenadores e pesquisadores, quase sempre acompanhadas de muito mate!
Com o intuito de ajudar a entender, contextualizar e problematizar os resultados obtidos nas experiências, surgiu, anteriormente ao processo de pensar as devolutivas, a ideia de registrar em vídeo essa trajetória, espontaneamente e através de entrevistas. Em parceria com uma equipe de profissionais de audiovisual e alguns colaboradores, incorporou-se então o uso dessa linguagem em todos os encontros, como um diário audiovisual de memórias de tudo aquilo que foi percebido e encontrado. Posteriormente, através da construção de um documentário (entre outros subprodutos visuais), a intenção é aproximar assunto e espectador, proporcionando identificação direta e instigando o interesse pelo universo abordado.
Incorporar resultados, dar visibilidade aos desdobramentos das experiências e trazer novas perspectivas para os que são, querem ser ou se identificam como apoiadores, configuram alguns dos objetivos maiores das devolutivas. Por isso, a agenda de encontros foi bastante movimentada, e, apesar da intensidade de debates, discussões e filmagens, as boas surpresas fizeram valer a pena. Roseni Pinheiro, traduziu suas sensações na fala abaixo:
“Preciso compartilhar um sentimento que não me sai do coração e que a cabeça insiste em memorizar. Descobri na devolutiva da pesquisa coletiva sobre o apoio institucional no Rio Grande do Sul, retornando para os pesquisados as nossa análises, sensações e inflexões, de fato se tratava da constatação de que eu mesma também era um dos pesquisados. Trilhando os caminhos do SUS nas experiências desse estado, pude vivenciar um sonho realizável, e foi justamente em uma experiência mais distante, em uma região mais rica de contrastes como Palmeira das Missões, que encontrei uma felicidade pública, coletiva, não menos sofrida, mas sinceramente contente. Como me ensinou Liamara vivenciei uma ágora de “Sonhação”, tão concreta tão real, que deslindava a nervura do real, do SUS universal, não somente no Rio Grande, mas real em todos os cantos do nosso país Brasil.
Peço-lhes desculpas pelo cansaço , mas entendo que esse é um dos ônus de quem tem um coração apaixonado e convicto, de que é possível cultivar sentimentos públicos com a integralidade em saúde em coletivos. E que a memória dessa vivência de experiênciações, jamais se torne uma “mera lembrança”
Liane você é incrível. Você é que nem samba: quem não gosta de samba, bom sujeito não é, e ruim na cabeça ou doente do pé. Grata a todos, Liane Beatriz Righi, Liamara Denise Ubessi, Denize Mafalda, Sandra Maria Sales Fagundes, Fabio Hebert, Fábio Luiz Alves, e ao mestre Gastão Campos.
Roseni Pinheiro
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