O professor César Favoreto, chefe do Departamento de Medicina Integral, Familiar e Comunitária da Faculdade de Ciências Médicas da UERJ, também vai estar presente ao XII Seminário da Integralidade, em agosto, no Acre. Ele participa da mesa-redonda “Educação Médica nas fronteiras: itinerários formativos de fixação de profissionais na região Amazônica”. Em entrevista ao BoletIN, Cesar fala sobre a competência para transcender uma visão centrada na racionalidade biomédica e avançar em direção aos sujeitos, ao mesmo tempo em que faz um convite à participação no evento.
BoletIN – Temas como a dificuldade em fixar médicos na região ou mesmo a atuação de estrangeiros sem diploma validado estarão em pauta na mesa de que você fará parte durante o XII Seminário da Integralidade Qual a contribuição das pesquisas acadêmicas nesse contexto?
César favoreto – O modelo biomédico é considerado universal quando se pensa a atenção às doenças. Contudo, quando a preocupação é a atenção às pessoas, às famílias e à comunidade, a homogeneidade biomédica, com suas classificações de doenças, rotinas de tratamento e modelos de atenção, é insuficiente e, mesmo, causadora de uma maior medicalização da vida e de perda de identidades. A Atenção Primária traz como eixos norteadores a centralidade na pessoa e a necessidade de uma prática contextualizada culturalmente. Entre as competências dos profissionais da APS, talvez a mais importante e difícil de ser desenvolvida é a competência cultural. Isto é a competência de transcender uma visão centrada apenas na racionalidade biomédica e integrá-la com as dimensões subjetivas e culturais dos usuários.
BoletIN – Nesse sentido, como você pautará a discussão durante o Seminário?
Cesar Favoreto – No seminário tentarei discutir esta competência cultural na prática médica e no ensino médico. O desenvolvimento da competência cultural é importante não apenas como uma atenção integral, mas também como uma forma de valorizar uma atuação fora dos palácios da doença. Valorizar a competência cultural do profissional representa valorizar a capacidade de escuta, de interpretação das realidades individuais e coletivas do binômio saúde e adoecimento e de desenvolver projetos terapêuticos singulares e coletivos cultural e socialmente contextualizados. Portanto, uma competência que legitima técnica e socialmente o trabalho em regiões distantes dos grandes centros e de se evitar uma prática medicalizadora da vida.
BoletIN – O tema do XII Seminário de Integralidade gira em torno da Integralidade sem fronteiras: itinerários formativos, de justiça e de gestão na busca por cuidado. Como você vê a importância desse debate para as práticas de saúde coletiva e a elaboração de políticas públicas de saúde?
César Favoreto – A proposta deste seminário no Acre é muito significativa. Ao fazer o deslocamento para o Norte e para a Amazônia, sinaliza para a importância de pensar a política de saúde, a organização de práticas em saúde e o ensino fora do eixo Sudeste. É um reconhecimento da necessidade de se conhecer e respeitar as especificidades culturais, sociais e políticas de outras regiões e de outros povos que compõem este nosso país. Assim como de aprender com eles valores e práticas que podem nos reaproximar de novos significados do que é o cuidado e a saúde.
BoletIN – Qual a sua expectativa para esse encontro de profissionais, pesquisadores, gestores e estudantes em saúde que vem acontecendo ao longo dos últimos 11 anos?
César Favoreto – Compreendo que um dos grandes avanços dos seminários foi integrar os saberes e os fazeres e assim se aproximar tanto dos usuários como das realidades vividas pelos profissionais de saúde, particularmente daqueles envolvidos com a APS. Outro ponto relevante é a idéia de indissociabilidade entre ação e formação na produção de sujeitos. Sejam os sujeitos promotores do cuidado ou aqueles a quem o cuidado se destina.
No site do Lappis e BoletIN, você acompanha, semanalmente, notícias, entrevistas e novidades sobre o XII Seminário da Integralidade.
Serviço:
XII Seminário do Projeto Integralidade
Data:14 a 17 de agosto de 2012
Local:Auditório doHospital das Clínicas do Acre – Rod BR 364 Km 2 – Rio Branco (AC)
Inscrições: https://www.lappis.org.br/site/inscricao.html
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Dr. Cesar Favoreto faz um grande papel na integridade em relação a médicos em outras regiões do país. Capacitando outros futuros médicos no que se diz respeito a saúde pública, bem estar na clínica familia.