Tendo em vista o tema ”Busca por cuidado como um condicionante de saúde: é possível considerar a escolha do usuário na redefinição das ações de saúde?” a segunda mesa de debates da tarde de quinta-feira (11/09) levantou questionamentos a respeito da identificação de redes de mediadores das quais os usuários e os próprios cuidadores compartilham. A coordenadora do LAPPIS, Roseni Pinheiro, junto aos expositores Paulo Henrique Martins (DCS-UFPE/Nucem), Tatiana Gerhardt (Enfermagem-UFRGS), Alda Lacerda (EPSJV-Fiocruz) e Octavio Bonet (IFCHS-UFJF) tentaram responder tais questionamentos.
Para o pesquisador Paulo Henrique Martins, assim como o conceito de cidadania, a noção de usuário é constituída por outros de fatores: “Cidadania é na verdade a noção do ser humano em sua forma mais inerente. A noção de indivíduo é uma categoria abstrata. É preciso entender que o usuário se articula de acordo com as redes das quais é submetido”, explica.
Tatiana Gerhardt tratou a questão das práticas terapêuticas no apoio social e destacou a importância da necessidade de se conhecer estratégias para determinar o foco no usuário: “Do ponto de vista relacional, é impossível considerar a escolha do usuário na redefinição das ações de saúde”. Ela comentou ainda a importância da produção científica sobre desenvolvimento social no país após a criação do SUS: “O Sistema Único de Saúde funciona também como um determinante social. O usuário utiliza o serviço, mas será que de fato tem acesso ao cuidado?”
A pesquisadora Alda Lacerda apresentou estudos na linha de educação, saúde e cidadania que buscaram investigar as classes populares. Neste sentido, comentou a questão da religiosidade em oposição às práticas de tratamento adotadas nas regiões menos favorecidas. “Embora a motivação seja individual, a formação de redes sociais em detrimento da miséria e opressão existentes nesstas localidades gera um fortalecimento dos laços na medida em que nestas igrejas, as pessoas compartilham problemas, mas também soluções”, critica.
Já Octavio Bonet considerou a idéia de heterogeneidade dos mediadores e a busca do cuidado como um condicionante de saúde: “O sistema deve lidar com o usuário situado, como na relação médico-paciente. O usuário não é apenas público-alvo, mas mobiliza inúmeros outros mediadores”, afirma.
Por fim, Roseni Pinheiro questionou o papel do usuário no serviço de saúde e o papel que ele exerce na sociedade civil. Salientou a importância das discussões relacionadas ao trato do próximo: “É impossível falar de cuidado sem vivenciar o que o outro está sentindo. Ele está tão preocupado com sua condição que pode posteriormente nem mais ser reconhecido como o objeto do cuidado”.
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