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A aula de José Ricardo Ayres

DSC02034.jpgPesquisador revisitou a teoria de Ricardo Bruno e provocou reflexões   

Quem pôde estar na palestra do professor José Ricardo Ayres (USP), na tarde desse sábado no ABRASCÃO, assistiu a uma verdadeira aula. Um dos maiores pesquisadores da saúde coletiva no Brasil, Ayres revisitou a obra do pensador Ricardo Bruno Mendes-Gonçalves e deixou os muitos participantes, que lotaram a sala de apenas 60 lugares da Faculdade de Economia, com vontade de ouvir mais sobre o autor.

“Revisitar um autor é como fazer esse autor falar de novo. Mas sua fala nunca é igual. A gente sempre ouve de uma outra maneira. Presta atenção de forma diferente”, disse, para uma plateia formada, em sua maioria, por jovens estudantes.

ayres_2.jpgA palestra de Ayres partiu de um conhecido texto de Bruno, “A epidemiologia e a clínica”, para discutir três pontos que, segundo o pesquisador, são fundamentais hoje: recuperar aquilo que deve ser apresentado às novas gerações, refletir sobre a “crise interna” pela qual o campo da saúde coletiva passa atualmente e ainda discutir a crise da atenção à saúde.

“Quem está nos serviços de saúde, hoje, enfrenta cotidianamente situações de violência envolvendo usuários e profissionais. Isso é sintoma dessa crise”, disse, para depois indagar: “O que é o campo da saúde coletiva hoje? Essa é uma pergunta definitiva”.

Durante sua fala, Ayres deu algumas pistas para responder a sua questão. Ao revisitar a Teoria do Processo de Trabalho em Saúde, de Ricardo Bruno, discutiu a prática médica como trabalho, falou do processo de trabalho médico e do caráter político, normativo e científico dessa prática, pôs para dialogar Jürgen Habermas e Heller e fez um convite à reflexão.

ayres.jpgPara Ayres, o papel do médico está tensionado no espaço de prática e é preciso pensar a partir dos processos concretos de prática. “Pensar humanização, integralidade e cuidado, centrado na relação intersubjetiva”, complementou.

Além disso, ele considera necessário pensar a crescente tecnificação e as consequências disso para os processos de trabalho, as identidades profissionais e suas relaçãoes com o papel social dos trabalhadores da saúde, a legitimação social e a relação entre serviços e usuários.

Ao final, Jairnilson Paim (UFBA), que coordenou a palestra, fez uma provocação a Ayres: que ele escreva um artigo sobre todas as questões que pontuaram a tarde de sexta. Afinal, só pouco mais de 60 pessoas puderam ouvi-lo.

Ouça aqui a opinião de José Ricardo Ayres sobre esta edição do ABRASCÃO.

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