Saúde para quem? foi o tema do 8º Seminário de Pesquisa, organizado pelos alunos do Instituto de Medicina Social da UERJ.
O evento, que ocorreu nos dias 11 e 12 de novembro, foi norteado pelas manifestações de junho.
O Seminário de Pesquisa é um evento tradicional do Instituto de Medicina Social da Uerj. A oitava edição do evento contou com mesas redondas, oficinas e grupos de trabalhos, reunindo estudantes e pesquisadores do IMS e especialistas em saúde de outras instituições.
“É uma oportunidade única para nós, estudantes, participar da organização desse evento. Vale destacar a liberdade que o IMS nos deu para montar a programação do evento. Organizamos de acordo como nós imaginávamos. Juntamos mestrandos, doutorandos das três áreas de atuação do Instituto. Conseguimos pluralizar os debates sobre a saúde coletiva”, comentou Leandro Gonçalves, mestrando de Política, Planejamento e Administração em Saúde do IMS/Uerj.
Os estudantes do IMS, organizadores do 8º Seminário, prepararam uma programação onde foi possível debater os movimentos de junho; o complexo médico industrial da saúde; o sistema político partidário; o sistema de saúde; programa mais médicos, entre outros temas.
“A gente tentou organizar em concordância com os movimentos populares que eclodiram em junho desse ano. Muitas das exigências envolviam a saúde. Eles pediam hospitais no padrão FIFA, diziam que a saúde era melhor que o Neymar. Então, procuramos trazer essas demandas populares para academia para podermos pensar quais são os rumos dessa saúde pública.”, explicou Raquel Oscar, mestranda de Ciências Humanas em Saúde do IMS/Uerj.
Cerimônia de Abertura
As atividades do 8º Seminário de Pesquisas tiveram inicio, às 10h, com o pronunciamento do diretor do IMS/Uerj, Cid Manso. Na ocasião, ele disse que o Seminário é fundamental dentro do contexto da saúde coletiva.
“Os alunos são a alma do IMS. Fazem com que a gente busque sempre se aprimorar. Nós não somos apenas um instituto de pesquisa, nós formamos pesquisadores. Acho que o tema do Seminário é de muita importância, pois ainda não está claro o impacto dessas manifestações para o Brasil. Vocês estão cumprindo o papel fundamental do pesquisador, que é questionar e buscar sempre o entendimento”, falou Cid Manso.
Em seguida, o professor Martinho Silva (IMS/Uerj) mediou a mesa de abertura “Movimentos de Junho, a imprensa e o ideário popular em saúde”, na qual o professor Giuseppe Cocco (ESS-UFRJ) e o pesquisador Paulo Bruno (Fiocruz) foram palestrantes.
O professor Giuseppe Cocco falou sobre as especificidades das manifestações de junho, sobre a democracia e sobre a atuação da grande mídia nas manifestações. “O pobre no Brasil quando luta é morto, numa guerra sem significação. A polícia mata e tortura porque ela tem permissão. Ela está obedecendo, faz parte do modo como funciona o poder”.
Já o pesquisador Paulo Bruno, que foi preso injustamente durante os protestos, acusado de roubo, incêndio, dano ao patrimônio público e formação de quadrilha, relatou para os estudantes seu período na prisão. ”Descobri que a algema é um instrumento de tortura. Ela vai apertando o seu pulso até ficar roxo. A gente pensa que os instrumentos de tortura acabaram com a Ditadura, mas não. Eles foram aprimorados. Há uma pedagogia do terror”, comentou.
Outras atividades
Na parte da tarde, as atividades começaram com as apresentações dos Grupos de Trabalho. Em seguida, para encerrar o primeiro dia do evento, aconteceu a mesa-redonda “O complexo médico industrial e o processo de financeirização da saúde”, mediada pelo professor Cid Manso (IMS/Uerj) e composta pelos palestrantes André L. Mendonça (IMS/Uerj) e Maria de F. Siliansky (IESC/UFRJ).
Durante a manhã do segundo dia de evento, dia 12, ocorreram as oficinas temáticas Conflito de interesses, Global Mental Health, Medicalização da sexualidade, Protagonismo de usuários e familiares em saúde mental e Sistema Político partidário e organização do sistema de saúde. Na parte da tarde, houve a continuidade das apresentações dos Grupos de Trabalho. Em seguida, aconteceu a mesa redonda “O programa Mais médico traz medicalização?”, que encerrou as atividades do 8º Seminário de Pesquisa. Ela foi mediada pelo professor Kenneth Camargo Jr (IMS/Uerj) e teve como palestrantes Túlio Franco (CCM/UFF), Flávio Edler (ENSP/FIOCRUZ) e Jane Sayd (IMS/Uerj)
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