O BoletIN revisitou as edições passadas do Seminário da Integralidade e preparou uma matéria especial com a memória do evento que, anualmente, tem reunido estudantes, pesquisadores, gestores, trabalhadores, usuários, docentes e associações públicas para pensar integralidade e saúde. O tema deste ano, que acontece entre os dias 13 e 17 de agosto no Acre, é “Integralidade sem fronteiras: itinerários formativos, de justiça e de gestão”. Enquanto você se programa para o XII Seminário, confira a retrospectiva.
As três primeiras edições do Seminário da Integralidade aconteceram no Instituto de Medicina Social (IMS), da Uerj. A temática girava em torno dos sentidos e significados atribuídos ao princípio da integralidade e era o momento de pensar ferramentas de análise de programas e serviços centrados nessa direção. O evento começou pequeno, reunindo uma média de 40 a 60 participantes por edição, mas logo precisou ser ampliado. A ideia sempre foi a de mapear os caminhos da pesquisa e, cada vez mais, associar a integralidade não apenas como um princípio que se firma na letra da lei, mas como atividade de afirmação da vida, como costuma ressaltar a coordenadora do Lappis, Roseni Pinheiro. O Seminário da Integralidade vem aprofundando esse debate ano-a-ano.
A partir da quarta edição, o Lappis passou a trabalhar a temática do cuidado em seus seminários. O IV Seminário da Integralidade tratou do “Cuidado: as Fronteiras da Integralidade”. Realizado entre os dias de 1º e 3 de setembrode 2004, ainda no Teatro Odylo Costa Filho, reuniu cerca de 800 pessoas . Pela primeira vez, foi introduzida no evento a Roda de Experiências de Integralidade, espaço para apresentação de relatos.
No ano seguinte, o V Seminário do Projeto Integralidade atraiu mais de 800 pessoas, um público diversificado que acompanhouatividades como apresentação de pôsteres, mesas-redondas e debates, organizados para discutir o tema “Construção social da demanda”.Ao final do evento, o Lappis elaborou um questionário para criar um canal direto com os participantes, que funcionaria também como um espaço para avaliação das atividades realizadas.A partir dessa avaliação, foi possível definir um panorama da opinião dos participantes com relação ao encontroe traçar as bases para o seminário no ano seguinte. À época, O diretor do Instituto de medicina Social da UERJ e um dos coordenadores do Lappis, Ruben Araújo de Mattos, declarou: “A produção de ideias é tão fértil que agora precisamos sentar para organizar aquilo que é possível dar conta. A interface com a questão do Ministério público é um ponto que merece um reforço importante e também com as políticas de comunicação em saúde e o Conasems”.
2006. O evento crescia. No VI Seminário da Integralidade, que teve como tema “Gestão em Redes: Avaliação, Formação e Participação”, foram organizadas seis mesas, duas para cada campo de abordagem. No espaço ‘Formação’ as mesas problematizaram os desafios e as possibilidades da avaliação na formação em saúde e seus efeitos. E, no espaço dedicado à discussão da ‘Participação’, foram apresentadas as redes de serviço-ensino, com a presença das experiências de diversas regiões do país. No último dia de evento, discutiram-se os desafios e as possibilidades de formação de redes participativas em saúde e, no encerramento, foi realizado um debate que tentava responder à pergunta: “Formuladores de Política ou Comunidade Orgânica Política? a especificidade da saúde brasileira". A conferência de abertura, “As Racionalidades e as práticas de gestão em saúde: os desafios epistemológicos e metodológicos para a Saúde coletiva”, apresentada pela professora Madel Therezinha Luz, aguçou os ânimos dos participantes. Nas palavras da professora, à época: “A prática é uma fonte de pensamento e de criação muito importante. A ação cotidiana é a práxis inspiradora de novos pensares, ou seja, inovação no pensamento, novas práticas de agir e atuar em saúde”.
Durante o seminário de 2006, aconteceu a exposição de fotografias “Olhares da Integralidade”, uma coletânea de experiências selecionadas para o evento.
No ano seguinte, com o tema"Razões Públicas para a Integralidade em Saúde: O cuidado como valor", o Seminário do Projeto Integralidade Saberes e Práticas no Cotidiano das Instituições de Saúde, chegou a sua sétima edição. O evento, que aconteceu em novembro de 2007, propunha discutir todas as faces do “cuidado”, sempre com uma pergunta-convite à reflexão. “Responsabilidade coletiva no cuidado: é possível julgar a responsabilidade individual?” e “Escuta como cuidado: é possível ensinar?” foram algumas dessas perguntas. O eixo temático debatia ainda o cuidado em saúde como uma construção de discursos e ações que exige o reconhecimento do ethos cultural de quem é cuidado, mediante a revalorização do diálogo entre diversidade e pluralidade. Nesse ano, o Seminário contou com o auxílio, na sua elaboração, da professora Elizabeth Barros (UFES) e do seu grupo de pesquisa.
Diferente das edições anteriores, em que foram realizadas rodas de experiências com apresentação de trabalhos na modalidade pôster comentado, a novidade do VII Seminário foi o Ateliê do Cuidado, espécie de oficina-texto que tinha como objetivo aprofundar o tema central do evento em três eixos de discussão, não excludentes entre si: ensino, pesquisa e serviços. No total, foram enviados 50 trabalhos, sendo selecionados 8 para o eixo serviço, 10 para a pesquisa e 6 para o ensino.
Ainda no Seminário de 2007, foram lançados os livros Razões públicas para a integralidade: o cuidado como valor, de Roseni Pinheiro e Ruben Araújo Matos; Saúde e Instituições Médicas no Brasil, de Madel Therezinha Luz; e Desinstitucionalização da Saúde Mental, de Ana Paula Guljor, Roseni Pinheiro e Aluisio Gomes Jr.As publicações dos pesquisadores/colaboradores do Lappis marcaram a inauguração da terceira fase do Projeto. Publicar coletâneas com os resultados das pesquisas realizadas pelos grupos passou a ser uma tradição dos seminários promovidos pelo LAPPIS. Nesse ano,a parceria com a Fiocruz permitiu que todo o evento fosse transmitido online em tempo real.
Os depoimentos na mesa de abertura, davam conta da expectativa dos participantes. A diretora do Centro Biomédico da UERJ, Maria Therezinha Nóbrega da Silva, afirmou sua convicção que o Cuidado "deve ser visto como um valor no sentido amplo da palavra, e não apenas no aspecto financeiro". Madel T. Luz ressaltou a importância de debater assuntos ligados ao tema entre profissionais e estudantes. "O trabalho deve ser socializado", disse a também professora do Instituto de Medicina Social (IMS/UERJ) e pesquisadora do LAPPIS. A certificação da BVS (Biblioteca Virtual em Saúde) Integralidade foi colocada em pauta por Janine Cardoso: "O Seminário se torna ainda mais especial com essa conquista. Esse evento é uma renovação do pensar na Integralidade, que intervém diretamente na agenda da Saúde", disse na ocasião. André Malhão, diretor da Escola Politécnica Joaquim Venâncio (EPSJV – Fiocruz), destacou o compromisso que os futuros profissionais devem ter ao propor trabalhar com o conceito de Integralidade. "Não existe atenção se o sujeito não for visto como um todo". Humberto Jacques, professor da Universidade de Brasília (UnB) e procurador geral da República, declarou que o Direito à Saúde deve ser visto como um Direito Humano. Fortalecer as parcerias para a formação médica foi o conselho de Sonia Acioli, da Faculdade de Enfermagem da UERJ. "O espaço para diálogo não é muito comum no meio acadêmico. O Lappis possibilita essa chance", disse. E Roseni Pinheiro, coordenadora do Seminário e do Laboratório, afirmou sua aposta na sensibilização das áreas humanas para a Integralidade e no fim da capitalização do Cuidado. "Devemos ter responsabilidade e ação. Não estamos aqui para discutir autoridade".
O VIII Seminário chegou em 2008 colocando na mesa de abertura a sub-reitora de Graduação da UERJ, Bendita Maria Rego Deusdará Rodrigues, que comentou a importância de seminários desse porte para fomentar reflexões no campo da saúde. O diretor do IMS/UERJ, Cid Mando de Mello Vianna, por sua vez, destacou o orgulho de ter o Lappis como integrante do Instituto de Medicina Social. E Inesita Soares de Araújo, do ICICT-Fiocruz, reafirmou a importância das parcerias como instrumento de permuta de informações entre os pesquisadores.
Como parte da programação do Seminário, o Cineclube do IMS exibiu uma sessão especial o filme Fahrenheit 451, de François Truffaut. Além disso, para inaugurar aexposição Singularidades, aconteceu no mês do evento, uma mesa de debates para discutir a importância da arte no cuidado dos usuários de saúde mental. Na época, a aluna de Enfermagem Desirée Simões, da Universidade Federal Fluminense, que participava pelo evento pela segunda vez, declarou que os Ateliês do Cuidado e mesas de debate oferecem renovadas oportunidades de interagir com o que há de mais inovador no estudo do tratamento do usuário: "Para quem tem interesse na área de saúde pública, este seminário é enriquecedor no sentido de nos fazer perceber através da ótica dos pesquisadores, aspectos que não eram tão perceptíveis para um estudante de Enfermagem".
Para marcar os 10 anos do Seminário da Integralidade, entre 20 e 22 de outubro, no teatrão da UERJ, o eixo temático escolhido foi “Por uma sociedade cuidadora”. A proposta era discutir a responsabilidade e o cultivo dos sentimentos públicos em relação à saúde, trazendo o cuidado como expressão de amor à coletividade e também como fruto de tensões entre razão e emoção, espaço e tempo, técnica e ética, racionalidade e participação. Sete Ágoras foram pensadas para debater o cuidado por esse viés. Na conferência inaugural, a professora Agnes Heller, da Universidade de Nova York. Confira aqui os vídeos exibidos durante o X Seminário da Integralidade, realizados pelo Lappis sobre a história do Laboratório.
Ano passado, os Seminários da Integralidade iniciaram uma nova jornada e passaram a acontecer de forma itinerante. A ideia agora é que, a cada ano, aporte em uma região do Brasil. A primeira parada aconteceu no Nordeste, em Recife, e reuniu centenas de pesquisadores no Auditório do Centro de Filosofia e Ciências Humanas da Universidade Federal de Pernambuco (UFPE). Com o tema “Cidadania do Cuidado: o universal e o comum na integralidade das ações de saúde”, o XI Seminário contribuiu com o debate sobre redes sociais, dádiva e dom e fez um convite à reflexão sobre diversidade, pluralidade e universalidade do cuidado integral à saúde como um direito de cidadania. Oprofessor José Ricardo Ayres (USP) falou na mesa “Entre a vontade e a virtude nas práticas do cuidado: por um ethos da ação e da responsabilidade na saúde”, que abriu as sessões do XI Seminário no dia 12 de setembro do ano passado. Confira a galeria de fotos do evento, clicando aqui.
Semanalmente, o BoletIN traz notícias, entrevistas e novidades sobre o evento. Inscreva-se e acompanhe todas as informações pelo link: https://www.lappis.org.br/site/inscricao.html
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