A Linha de Ensino e Pesquisa, do Hospital Sofia Feldman, abriu, terça-feira, 25, o “I Seminário Nacional Incubadora da Integralidade” e o “III Seminário do Programa Incubadora da Integralidade do Hospital Sofia Feldman”, que será realizado até 27 de setembro, no auditório Sabiá, na sede da instituição. O seminário tem por tema “Compartilhando saberes e práticas: atravessando as fronteiras na perspectiva da integralidade do cuidado”.
A mesa de abertura foi composta pela coordenadora do Lappis (Laboratório de Pesquisas de Práticas de Integralidade em Saúde), Roseni Pinheiro, coordenadora do Lappis, pelo diretor administrativo do Hospital Sofia Feldman, Ivo de Oliveira Lopes, e pela coordenadora da Linha de Ensino e Pesquisa (LEP) do Hospital, Lélia Maria Madeira.
A programação da manhã abordou três assuntos: Roseni Pinheiro falou sobre “A Experiência das Incubadoras da Integralidade em nível nacional”; Lélia Maria Madeira abordou a Incubadora da Integralidade do Sofia e a professora Ana Heckert, da Universidade Federal do Espírito Santo (UFES), apresentou os “Processos formativos em saúde e o Trabalho em Equipe”.
Roseni Pinheiro colocou sua satisfação em estar no Sofia: “Aqui me sinto em casa, me chamaram de louca quando em 1996 disse que o Sofia deveria se tornar um centro permanente de educação continuada, o que se tornou de fato”. O diretor administrativo do Sofia, Ivo Lopes, disse da sua alegria em ver o auditório cheio, com profissionais e futuros profissionais de todo o Brasil buscando as melhorias necessárias ao país.
Participam do seminário profissionais, estudantes de graduação e pós-graduação da área da saúde. A promoção é da LEP/HSF, com o apoio do Lappis e do NUPEPE (Núcleo de Pesquisa e Estudo sobre Ensino e a Prática de Enfermagem), da Escola de Enfermagem da UFMG.
Troca de Saberes
Lélia Madeira comentou que, quando se pensou em fazer o III Seminário da Incubadora, imaginou-se um evento à mineira, pequeno, para um grupo menor. “Mas, ao buscarmos a nossa grande parceira, Roseni Pinheiro, fomos levadas a outro caminho e o evento se expandiu”, contou. “Este seminário favorece a reflexão sobre nossas práticas no cotidiano e a troca de saberes”. Lélia explicou que a Incubadora da integralidade do Sofia promove atividades de ensino, pesquisa e eventos científicos. Instituiu a Especialização Multiprofissional em Neonatologia/Feluma, a Especialização em Enfermagem Obstétrica/UFMG e o Programa de Residência Médica em Obstetrícia e Ginecologia. Além disso, também oferece atividades de educação continuada para profissionais, nos cursos do ALSO, Reanimação Neonatal, Aleitamento Materno e Método Canguru.
A LEP incentiva e apoia profissionais em viagens de missão. Já fomos ao México, Camboja, Espanha e Inglaterra; e já recebeu profissionais das regiões Nordeste e Amazônia Legal para a implantação das boas práticas na atenção ao parto e nascimento, dentro do Plano de Qualificação das Maternidades, do Ministério da Saúde, desde 2010. O Sofia também é parceiro da JICA (Agência de Cooperação do Japão) e ABC/MRE (Agência de Cooperação do Brasil), no Curso Internacional de Atenção Humanizada à Mulher e ao Recém-nascido (TCTP) para profissionais de países africanos e da América Latina e Caribe.
Sofia pioneiro
A primeira incubadora da integralidade foi criada no Hospital Sofia Feldman em 2008. Segundo Roseni Pinheiro, também professora adjunta do Instituto de Medicina Social da Universidade Estadual do Rio de Janeiro (UERJ), as incubadoras já existiam para fomentar ideias em empresas. “Adaptamos para a integralidade”, explicou. “O Sofia sempre teve a vocação de qualificar e valorizar os seus trabalhadores, através da oferta de creche, do incentivo à pós-graduação, uma experiência que deve ser compartilhada. Desde então, foram criadas Incubadoras em Rio Branco, no Acre, em Juazeiro, na Bahia, em Petrolina, Pernambudo, e em Cuiabá, Mato Grosso”.
O que é uma incubadora de integralidade? Segundo Roseni, a ideia tem a ver com o SUS, o acesso aos cuidados de qualidade em diferentes níveis de complexidade. “Trata-se de uma estrutura inter-institucional de compartilhamento de saberes e práticas que envolvem trabalhadores, gestores e usuários. O objetivo é incubar as instituições, fazendo uma inseminação afetiva intelectual, onde todos compartilhem seus projetos e criem uma rede de solidariedade do conhecimento. O Sofia é uma grande inspiração de boas práticas no cuidado que pode ser estendida para outras áreas”, completou.
Integração e o SUS
O sociólogo argentino pós-doutorando da UERJ, Pablo Di Leo, tem Roseni Pinheiro como sua orientadora. Ele disse que veio ao Sofia para aprender sobre a integralidade na prática, já que tinha a teoria. “O SUS, em seu princípio fundamental, o direito a saúde para todos, tem uma abordagem dos processos de prevenção e promoção da saúde numa perspectiva não fragmentada. A integração é o horizonte do SUS. Aqui é uma escola prática de integralidade”.
A servidora pública da Secretaria Municipal de Saúde de Rio Branco, Eufrásia Santos Cadorin, e a jornalista Juliana Lofego estão criando a Incubadora da Integralidade no Acre. “Incubadora é uma lugar que puxa ideias e projetos”, disse Eufrásia, que veio conhecer a experiência do Sofia e ver como as coisas se dão na prática. “Uma semente que a gente planta na perspectiva do cuidado na atenção ao serviço de saúde. Na verdade, é uma retroalimentação, colhemos uma semente aqui e plantamos lá. Neste seminário, a gente ganhou um gás para continuar”.
Uma escuta atenta
As acadêmicas de enfermagem do Sofia, Ana Maria Gomes Cordeiro, Luana Aparecida de Oliveira e Flávia Luíza Rocha Silva participam do seminário. “Estamos aprendendo a atender o paciente como um todo. Cuidar dele interna e externamente”, comentou Flávia.
O trabalho em equipe foi abordado no seminário pela psicóloga Ana Heckert, da UFES. Ela se reencontrou com uma velha amiga Vera Figueiredo, consultora do Ministério da Saúde, que veio prestigiar a sua palestra. “Trabalhar em equipe não é um agrupamento de pessoas, cada um de uma área específica. Requer uma interlocução entre estes diferentes saberes, de forma a criar estratégias para produzir saúde. Uma formação fragmentada não potencializa a experiência de compartilhar o saber e a construção; este é o grande desafio , enfrentar esta fragmentação”, considera.
O que viu no Sofia? “Vi mais integralidade; deve ter alguma fragmentação, não é uma ilha da fantasia; a instituição é feita de carne e osso. O Sofia tem uma escuta atenta para as singularidades de suas usuárias”, disse.
Nos trabalhos da tarde, foi abordado o tema “O cotidiano Institucional e suas interfaces com o Programa Incubadora da Integralidade no âmbito da gestão, controle social e formação”. Participaram: Gislene de Oliveira Nogueira (Linha de Políticas Institucionais/HSF), Tatiana Coelho Lopes (Linha de Ensino e Pesquisa/HSF) e Ivo de Oliveira Lopes, sob a moderação da professoraRoseni Pinheiro. Ao final, os participantes fizeram uma visita às dependências do Hospital Sofia Feldman.
Programação de quarta-feira, 26
9h –Reflexões sobre as experiências locais das Incubadoras da Integralidade na perspectiva da formação e do trabalho em equipe
Moderadora: Dra. Tatiana Coellho Lopes
• Fátima Ticianel (Instituto de Saúde Coletiva- UFMT)
• Juliana Lofego (Universidade Federal do Acre)
• Bárbara Cabral (Colegiado de Psicologia da Universidade do Vale do São Francisco Incubadora LAPPIS-Vale)
• Glória Coelho (Colegiado de Enfermagem da Universidade do Vale do São Francisco Incubadora LAPPIS-Vale )
12h –Intervalo
14h –Reflexões sobre as experiências locais das Incubadoras da Integralidade na perspectiva da gestão
Moderadora: Profa. Dra. Roseni Pinheiro
• Dr. Júlio Müller (Instituto de Saúde Coletiva- UFMT)
• Eufrásia Santos Cadorin (Coordenadora do Departamento de Gestão de Pessoas da SMS Rio Branco)
• Geandry Peres (Diretora da Atenção Básica da SMS Juazeiro da Bahia –
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