As interfaces da integralidade em saúde com informação e comunicação foram aspectos abordados na primeira mesa redonda do Seminário Sudeste no RJ. As atividades foram realizadas no auditório da da Rede Sirius de Bibliotecas da UERJ e ressaltaram a integração entre especialistas e profissionais da informação nas instituições que atuam com a produção do conhecimento.
O primeiro dia do XV Seminário Internacional do Projeto Integralidade na edição da Região Sudeste focou nas interfaces da integralidade em saúde com informação e comunicação. As atividades da mesa Comunicação pública do conhecimento científico e tecnológico: desafios, caminhos da cooperação técnica ao promover a produção e operação descentralizadas de fontes de informação aconteceram na manhã do dia 20 de maio, no auditório da Rede Sirius de Bibliotecas da Universidade do Estado do Rio de Janeiro (UERJ).
A mesa foi coordenada por Luciana Danielli, da Biblioteca Virtual em Saúde (BVS – Fiocruz), tendo como expositoras a professora Cristina Dotta Ortega, da Escola de Biblioteconomia da Universidade Federal de Minas Gerais, Eliane Colepícolo, bibliotecária-chefe da Seção de Acesso a Bases de Dados da Biblioteca Comunitária da Universidade Federal de São Carlos, e Roseni Pinheiro, professora do Instituto de Medicina Social (IMS/UERJ), líder do grupo de pesquisa do CNPq Lappis e membro do comitê executivo da BVS Integralidade. Presentes ao debate estavam ainda representantes do Instituto de Comunicação e Informação Científica e Tecnológica (ICICT) da Fiocruz e da Rede Sirius de Bibliotecas da UERJ.
Luciana Danielli, coordenadora da BVS – Fiocruz, considera que a mesa abordou assuntos mais específicos do campo dos profissionais de informação e avalia como muito importante por retomar uma discussão necessária para as instituições que atuam com a produção do conhecimento sobre o trabalho integrado, colaborativo e em rede com as bibliotecas. “É fundamental que esse diálogo entre especialistas e bibliotecários, profissionais da informação, possa acontecer. A biblioteca não pode ficar fora das discussões da formação dos profissionais, da produção do conhecimento. Ela tem que ser uma instância envolvida nesses processos político-pedagógicos”, ressaltou.
A ideia da comunicação publica é uma categoria que Roseni Pinheiro está abraçando para pensar a questão da integralidade em saúde. Ela destaca a importância de trabalhar em conjunto com profissionais da informação e da comunicação para compor entendimentos e se diz preocupada com a possibilidade de um conhecimento não ser encontrado quando não se acerta os descritores e seus encadeamentos. “Não se pode reduzir isso tudo a uma disciplina na pós-graduação de como usar o Portal Capes. É muito mais do que isso”, ressalta.
Entre os exemplos apresentados, a líder do grupo de pesquisa Lappis conta que o termo de integralidade foi trabalhado por seis anos para produzir uma entrada no DeCS (Descritores em Ciência da Saúde), sendo uma forma de divulgar essa compreensão. A internacionalização também gerou dificuldades na catalogação, pois tem que dizer o que se entende em cada idioma e houve disputas para aceitarem o termo Integrality – Integralidad. Uma outra questão levantada foi como as práticas, que são uma ênfase do grupo de pesquisa Lappis na busca por oferecer um conhecimento concreto e reflexivo, conseguem ter visibilidade na produção do conhecimento. “Estamos no Laboratório de Pesquisas e Práticas de Integralidade em Saúde, que tem a prática como fonte de teoria viva, mas no escopo da catalogação não se consegue associar isso como árvore do conhecimento e ferramenta de busca”, atestou Roseni Pinheiro.
A proposta de fazer a discussão sobre o trabalho com informação em articulação com os especialistas da área foi uma iniciativa elogiada pela expositora Cristina Dotta Ortega, da Escola de Biblioteconomia da UFMG. Para a professora, o debate permitiu a abordagem de questões que efetivamente se colocam nas especificidades da área de informação, com complicadores, avanços e retrocessos que têm implicações no trabalho interativo com os especialistas. “A despeito das dificuldades no âmbito de uma BVS, é importante levar em conta que tem uma competência instalada que é relevante e se distingue”, constata, explicando que para poder avançar nesse tipo de trabalho é preciso reconhecer tanto pontos de destaque como pontos problemáticos, o que fez parte das discussões da mesa.
Conhecendo a BVS
A Biblioteca Virtual de Saúde (BVS) está completando 17 anos e tem avançado ao longo dos anos no trabalho de visibilidade para a produção científica no campo da saúde. Seu embrião está no trabalho em rede da Bireme*, com início nos anos 60, pautado pelo desenvolvimento de frentes focadas na tecnologia para descrição e disponibilização de conhecimento na área das ciências da saúde. Um exemplo é a metodologia Lilacs, desenvolvida a partir de 1982, que permite um tratamento comum e descentralizado da literatura científica-técnica em saúde produzida na América Latina e Caribe. Há uma participação efetiva das bibliotecas ligadas a universidades e centros de estudos dessa região como gestoras do conhecimento. Atualmente a BVS está presente em 31 países, envolvendo mais de 2000 instituições e redes associadas.
* O Centro Latino-Americano e do Caribe de Informação em Ciências da Saúde ficou conhecido pela sigla relacionada ao nome original Biblioteca Regional de Medicina (BIREME) e é um centro especializado da Organização Pan-Americana da Saúde / Organização Mundial da Saúde (OPAS/OMS).
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