Thiago Mattos e Wellinton Nascimento – Publicado originalmente no ObservaRH.
Na tarde de 15 de agosto, o XIII Seminário da Integralidade contou com a mesa-redonda “Gestão Democrática e Humanização do Cuidado”. Para o estudante de Saúde Coletiva, Franco Lima, “O ser humano às vezes é tratado como coisa, mudanças tem que ocorrer desde a base, na academia”.
Um dos palestrantes foi o médico Gustavo de Oliveira que afirmou que “é preciso dar maior visibilidade às minorias, como indígenas e negros”. Para ele, apenas dessa forma poderemos discutir de verdade a saúde pública no Brasil. Gustavo ainda criticou sua própria categoria: “Sou médico, mas não sou desses”, brincou.
Elisabeth Artmann, pesquisadora da Escola Nacional de Saúde Pública (Ensp/Fiocruz), apontou dilemas para a integralidade em saúde. “Temos um cenário mundial de desemprego, aumento da expectativa de vida e menos contribuintes”, apontou. Artmann indicou que parcerias público-privadas podem ser boas soluções no nosso sistema. “Em Curitiba essas parcerias funcionam, mas exigem forte regulação do Estado”, concluiu.
O professor Aluísio Gomes da Silva, da Universidade Federal Fluminense, acredita que a integralidade pode ser uma solução melhor e mais barata para a gestão da saúde pública. Na sua exposição, o médico contrapôs a “saúde como direito” e a “saúde como mercadoria”, fazendo severas críticas à forma como o Brasil vem, desde os anos 1990, terceirizando os serviços de saúde pública. “As privatizações criam espaços para o uso abusivo e corrupto do bem público”, diz ele. E aponta como solução uma macropolítica nacional que invista na saúde pelo cuidado, na humanização dos relacionamentos e em práticas integradas de democratização na gestão.
Selma Lock estuda a liderança e gerência nas unidades de saúde básicas de Florianópolis e constata uma triste realidade. Os médicos que assumem o comando, no início, se mostram cheios de ideias e boas intenções. A maioria acredita no modelo de gestão participativa, mas se deparam com a falta de recursos para compra de equipamentos e medicamentos, além da carência de apoio da gestão pública. “As tensões são muitas: rotina de trabalho frenética, pressão por parte de superiores e inferiores, medo ao lidar com os limites éticos da profissão e a falta de retaguarda da administração da cidade”, aponta a médica.
Os palestrantes suscitaram diversos questionamentos para a reflexão sobre o tema. A estudante de psicologia Laura Sanches resumiu a discussão: “É preciso disseminar o diálogo. Como vimos, não há uma solução pronta para a integralidade funcionar e o maior problema está na comunicação”.
Ao final da mesa-redonda, Abel Santos fez uma apresentação com uma viola-de-cocho. Músico e professor na UFMT, Abel tocou diversas músicas acompanhadas pelo instrumento regional que animou o público, dentre elas “A Lua” e hino nacional.
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