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Confira a cobertura do primeiro dia do XVI Seminário Integralidade

Este tema começou a ser discutido ontem (28), no Hospital Sofia Feldman, que realiza até amanhã, no Centro de Capacitação,  o ‘XVI Seminário Internacional do Projeto Integralidade: saberes e práticas no cotidiano das instituições de saúde’, que também celebra os 10 anos de parceria entre o LAPPIS (Laboratório de Pesquisas sobre Práticas de Integralidade em Saúde) e o Hospital; promotores do evento junto ao  Instituto de Medicina Social/ IMS e a Universidade Estadual do Rio de Janeiro/UERJ.

Participaram da mesa de abertura: a sanitarista e  coordenadora do LAPPIS, Roseni Pinheiro, Kelly Borgove representando a Associação Brasileira de Associação Brasileira de Obstetrizes e Enfermeiros Obstetras (ABENFO-Nacional) e o Sr. José Moreira Sobrinho, presidente da Fundação de Assistência Integral à Saúde/FAIS, mantenedora do Hospital Sofia Feldman.

Pela manhã, ocorreram mini-cursos sobre ‘Itinerários terapêuticos: método e prática’, com Tatiana Gerhart (Saúde Coletiva/UFRGS, ‘Projeto Terapêutico Singular’ (Gustavo Nunes/UNB) e Fábio Hebert (UFES); ‘Violência, saúde e educação’ (Pablo Francisco Di Leo/UBA), ‘Educação em saúde’ (César Augusto Paro/UFRJ) e ‘Integralidade em saúde: discutindo práticas de cuidado’ (Tatiana Coelho Lopes e Érika da Silva Dittz/Hospital Sofia Feldman). À tarde, o tema é ‘Direito à Comunicação e Redes Sociais’, com Juliana Lofego/UFAC.

“Este hospital nasceu de um esforço comunitário. Discutir estes assuntos que estão na base da sociedade e é de grande importância para o Sofia. Nossa parceria com o LAPPIS tem nos engrandecido muito”, disse, na mesa de abertura, o presidente da Fundação de Assistência Integral à Saúde – FAIS, Sr. José Moreira Sobrinho.

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“Quero falar da vulnerabilidade; quem conhece o Sofia sabe que a maioria da população que atendemos não é uma população de alta renda” – explicou Kelly Borgonove. “Temos passado, o Sofia e o país,   por um momento delicado, mesmo assim a gente segue. Esta é também a proposta da Abenfo. A enfermeira obstetra sempre esteve junto com as outras profissões da saúde; é uma das profissões que mais cuidam, principalmente das mulheres, sempre do binômio, a gente está próximo, à beira do leito, e o Sofia, vem sendo, como o Sr. José falou,  a base da política pública deste país. A Rede Cegonha, por exemplo; são basicamente são vivências do Sofia Feldman. A Abenfo está aí para apoiar, estamos crescendo; é uma entidade que precisa de reconhecimento de outras entidades, mas tem crescido cada dia mais; os compromissos têm aumentado muito. O objetivo é seguir lutando pelas mulheres, pelas famílias deste país, neste momento tão delicado que estamos passando”.

A coordenadora do LAPPIS, Roseni Pinheiro, iniciou a sua fala lembrando da construção do Centro de Parto Normal, em 1999, quando ainda não tinha a Linha de Ensino e Pesquisa: “era impossível pensar que chegaria tão longe. O Sofia  tem, hoje, um setor de Comunicação, antigamente tínhamos dificuldades para fazer um jornalzinho; agora está na rede social. Imaginava que a gente pudesse avançar nas discussões sobre as conquistas, mas hoje a gente está tendo que nos integrar para não perdermos o que já foi conquistado. Corremos o risco de acabar o SUS, é um desafio, como vamos fazer? O tema do Seminário é extremamente pertinente, populações vulneráveis e equidade”.
Comemorou o resultado do Seminário: “temos 220 inscritos, sempre neste ethos político, não cobrar nada, favorecendo o contato e compartilhamento de autores e, de alguma forma, repensar o que estamos fazendo e onde estamos fazendo o que estamos chamando de integralidade em saúde.” Afirmou: “eu não sou de desistir da luta, ao contrário, eu só me ajeito e consigo avançar. O conhecimento nos auxilia a promover e construir estratégias de enfrentamento à esta situação que estamos vivendo. Temos três dias para nos contaminar com as experiências do SUS que dá certo. A integralidade em saúde o Sofia faz. Temos que resistir a qualquer forma de amputação de direitos”, enfatizou.

PALHAÇADAS DE ALEGRIA

César Augusto Paro, professor do IESC/UFRJ e mestrando pelo IMS/UERJ, ministrou a oficina ‘Educação em Saúde’, enfocando a questão da palhaçaria. Esta oficina foi proposta uma vez que a inovação nas práticas de educação em saúde se constitui como um atual desafio para o setor saúde, exigindo a aproximação de novos saberes e fazeres neste processo. “A palhaçaria emerge em tal contexto como uma ferramenta capaz de desvelar novas sensibilidades e possibilidades narrativas que potencializam a experiência do encontro – clínico, cuidador, pedagógico e da/na investigação, assim como que criam novas dinâmicas que se contraponham à fragilização da vida no seu cotidiano e que exploram novas fronteiras do corpo e do fazer/produzir saúde”, declara o facilitador.

Cerca de 100 pessoas participam do Seminário – profissionais de saúde de várias especialidades, estudantes e gestores. Vieram de vários estados brasileiros. É o caso de Priscila Rosa e Lidiane Teichmann, de Porto Alegre, e Thaine Gonçalves, de São Leopoldo, Rio Grande Sul. Elas atuam na atenção básica.

Elas participaram na manhã de terça feira participaram desta dinâmica, que utiliza recursos circenses e   ganharam um nariz de palhaço. Priscila é nutricionista e trabalha no Hospital de Clínicas de Porto Alegre. “Achei muito legal, foram dinâmicas para trabalhar com os clientes e equipes de saúde, mostrando uma outra forma de compartilhar as informações”.

Para ela, “integralidade em saúde é compreender de forma mais ampla o sujeito que atendemos, incentivando a autonomia e o auto cuidado da pessoa; ir além, olhando-o de forma mais ampla”.  A enfermeira de Saúde da Família, Lidiane Teichmann,  aprendeu que “o profissional de saúde pode usar as ferramentas do riso na sua assistência. É um espaço inventivo e faz parte do encontro entre o usuário e o profissional”. Thaine Gonçalves acredita que “a dinâmica é um convite a fazer diferente, estar aberto a novas experiências e trocas.”

EXPECTATIVA ALCANÇADA

Tatiana Lopes, da Linha de Ensino e Pesquisa – LEP, e uma das organizadoras do Seminário, disse, analisando a frequência e o movimento do primeiro dia, que a expectativa da equipe organizadora foi alcançada. “Conseguimos reunir profissionais de saúde, pesquisadores, estudantes, de Minas e de outros estados que vieram fazer conosco esta discussão”.

Na sua opinião, “integralidade em saúde na verdade é pensar diferentes perspectivas do sujeito envolvido no cuidado, considerar a diversidade e a especificidade de cada pessoa.”  O que os participantes podem esperar das próximas atividades do Seminário? “As discussões que vão ser feitas ao longo dos dias, principalmente em relação à mulher, a abordagem na formação acadêmica dos estudantes e no cuidado”.

 

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