XIII Seminário Clipping

Controle Social e participação são temas da última mesa do XIII Seminário

Por Patrícia Dorileo e Thiago Mattos – Publicado originalmente no ObservaRH
A última mesa-redonda do XIII Seminário da Integralidade teve como tema “Espaço Público, Atores e Práticas Participativas de Mediação em Rede no SUS”. Antes do debate, as estudantes de psicologia da UFMT de Rondonópolis, Bruna Leniny e Sara Pamêla, estavam esperando ouvir ações práticas na rede pública, permitindo que vários atores pudessem contribuir. “Acompanhamos todo o evento e essa tentativa de humanização é muito importante”, disseram elas.
 
O palestrante Osvaldo Leal, da Faculdade de Medicina da Universidade Federal do Acre (UFAC), iniciou as falas com uma reflexão sobre como é possível melhorar o SUS. Leal afirmou que existem inúmeros motivos práticos que impedem o desenvolvimento e melhoramento do Sistema Único de Saúde. Para ele, é preciso pensar uma forma de conciliar projetos municipais e federais, pois as eleições em anos diferentes prejudicam o planejamento das diversas esferas. Disse também que no país não é pensado um sistema de saúde que seja construído coletivamente – profissionais, governos e população –, e que os meios de comunicação não cooperam, ao privilegiar o que há de mais problemático no sistema. Osvaldo acredita que o SUS precisa estar sempre se renovando e, sobretudo, continuar existindo, pois foi o que as manifestações que afloraram em junho pediram.
 
Em seguida, Elizama Lima, também da UFAC, falou das práticas de controle social no Acre, feitas pela Central de Articulação das Entidades de Saúde (Cades). Esta é uma entidade civil, sem fins lucrativos, que há 10 anos atua no Acre e São Paulo. A Central já criou doze (12) postos de saúde no Acre e já realizou sete (7) feiras de saúde, onde disponibilizaram serviços e palestras educativas de saúde para a população. “A gente tem que se organizar, para poder melhorar”, afirmou Elizama, que acredita que serviços comunitários como este irão fazer com que todo o sistema de saúde brasileiro se aprimore.
 
Para Janine Cardoso, do Instituto de Comunicação, Informação Científica e Tecnológica da (Icit/ Fiocruz) do Rio de Janeiro, existe um problema comunicativo. Vozes culturais das minorias chegam com “ruídos” aos receptores. É preciso de um novo processo comunicativo, mais inclusivo. “O SUS não se comunica bem com a sociedade, pois há interesses conflitantes com a chamada “grande mídia”, por isso o retorno (feedback) fica comprometido e deturpado”, concluiu a pesquisadora.
 
Elza Soares, representante do Sindicato dos Médicos de Mato Grosso, relembrou que o SUS é um direito garantido constitucionalmente, mas que precisa de um Estado forte para assegurá-lo. Disse que a mídia deve continuar noticiando as mazelas do sistema, mas que também é preciso cobrar eficiência dos Sindicatos, que também são responsáveis por zelar pelo serviço de saúde da população. Soares acrescentou que o motivo da vinda de médicos do exterior para trabalhar no Brasil é culpa da corrupção política. Reiterou a criação do Comitê de Defesa da Saúde Pública em Mato Grosso e que essa é uma luta a ser defendida por todos os atores sociais.
 
O médico sanitarista e pesquisador do Núcleo de Desenvolvimento em Saúde (NDS), Júlio Muller Neto, analisou as conferências municipais de saúde. Ressaltou a importância delas para a democracia, controle social e elaboração de planos para a saúde, porém afirmou que a organização das conferências ainda é fraca, apresentando fragilidades no controle e prestação de contas da Gestão Municipal. O pesquisador avaliou que, apesar de avanços, a democracia brasileira precisa evoluir muito. “Embora termos chegado a 25 anos de práticas democráticas, ainda existem muitas raízes de autoritarismo, clientelismo e patrimonialismo em nossa sociedade”, concluiu.
 
“Essa última mesa mostrou que só teremos integralidade se batalharmos por ela. Infelizmente, não é uma mobilização grande que temos no país.” Analisou, ao final do seminário, a enfermeira Cristina Rosa, de Feliz Natal-MT.

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