AUTORES
Madel Terezinha Luz e Nelson Filice de Barros
Referência:
LUZ, Madel Terezinha; BARROS, Nelson Filice de. Racionalidades Médicas e Práticas integrativas em saúde: estudos teóricos e empíricos. Rio de Janeiro: Cepesc / Ims / Uerj / Abrasco, 2012. 360 p.
Citação com autor incluído no texto: Luz e Barros (2012)
Citação com autor não incluído no texto: (LUZ; BARROS, 2012)
Este livro é fruto de 20 anos de trabalho do grupo liderado por Madel T. Luz, conhecido atualmente como Grupo Racionalidades Médicas e Práticas de Saúde, do Diretório de Grupos de Pesquisa do Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico. Constituído por 16 capítulos de diferentes autores, o livro se divide em duas partes, Racionalidades Médicas e Práticas Integrativas em Saúde, respectivamente. Organizado por Madel T. Luz e Nelson Filice de Barros, o livro traz importantes reflexões sobre o Campo da Saúde Coletiva e a construção do conhecimento em racionalidades médicas/práticas integrativas em saúde.
SUMÁRIO
PARTE I
Refere-se à racionalidade médicas apresenta conclusões teóricas, além de um estudo empírico que evidencia a contribuição deste conceito para o campo da saúde coletiva. O conceito de racionalidades médicas é construído como um tipo ideal weberiano, o qual descreve/interpreta um conjunto de fenômenos observáveis de acordo com um modelo ideal logicamente definido, que é a posteriori comparado com realidades empíricas particulares específicas para estabelecer se estas se enquadram ao conceito ideal-típico. Isso difere do conceito clássico grego, em que procura-se explicar um fenômeno por uma operação lógica a priori, o que supõe o paradigma da causalidade, no qual busca-se uma lei que representaria o real.
O tipo ideal é, portanto, um constructo lógico que traz como principal benefício a desnaturalização da superioridade do conhecimento científico ocidental, colocando a medicina ocidental contemporânea em igual patamar de análise com os demais sistemas médicos que coexistem no mundo.
Racionalidades médicas é, assim, todo o sistema médico complexo construído sobre seis dimensões: uma morfologia humana, uma dinâmica vital, uma doutrina médica (o que é estar doente ou ter saúde), um sistema diagnóstico, uma cosmologia e um sistema terapêutico.
PARTE II
Composta por oito artigos que abordam as práticas integrativas em saúde, sua metodologia, institucionalização, paradigma, base sociológica e discute algumas pesquisas do respectivo tema. Doravante, a metodologia de pesquisa em PIS é levantada a questão de sua validação por meio de estudos clínicos randomizados, já que estes visam a uma homogeneização do tratamento para indivíduos diferentes; as práticas integrativas em saúde, por sua vez, possuem uma abordagem altamente subjetiva que considera outros fatores além do biológico, como o emocional, social e energético, quando se busca validá-las por estudos clínicos randomizados esvazia-se toda a sua lógica de funcionamento e os resultados são oscilantes e discordantes.
A relação com o corpo também marca a cultura das práticas integrativas em saúde, os autores contam a história do bodybuilding e realizam uma crítica de como tornar um corpo forte com caráter obediente e dócil é o reflexo da articulação do biopoder e da biopolítica. Em contraponto a essa cultura do bodybuilding, os autores apresentam outra pesquisa com práticas corporais terapêuticas aplicadas a pacientes com fibromialgia, demonstrando como estas podem proporcionar elementos que a biomedicina negligencia, como a dimensão dos sentidos e a relação com o corpo e a doença, proporcionando aos participantes novos valores por meio da gestualidade e da consciência corporal, estimulando o autoconhecimento corporal e o reencontro do sujeito consigo.