Notícia

Carta do 17º Seminário Integralidade do Lappis

Nós, trabalhadores da saúde e usuários do SUS, reunidos para um trabalho coletivo de participação e discussão no XVII Seminário do Projeto Integralidade, realizado na UFES de 17 a 19 de outubro de 2017,  vimos denunciar/ declarar a situação de precarização dos processos de trabalho na administração e execução de políticas públicas no Espírito Santo . O ambiente de trabalho não tem sido benéfico e não tem  contribuído para a produção de saúde entre o trabalhadores e usuários do Sistema  Único de Saúde.

Muitos profissionais têm adoecido, e sabemos que o adoecimento não é individual. A precarização do trabalho, o processo de destruição do SUS, via terceirização e destinação precária de verbas que garantam um modelo de atenção com equidade e resolutividade, levam ao adoecimento dos trabalhadores e, consequentemente, a um trabalho que não acolhe e cuida dos usuários com dignidade. As relações, muitas vezes, assediadoras, a diminuição do número de profissionais, o desmantelamento dos serviços, a impossibilidade de co-gerenciar o trabalho cotidiano, a obrigatoriedade de quantitativos e procedimentos sem nenhuma discussão técnica e coletiva são, potencialmente, adoecedores. Precisamos falar sobre o nosso trabalho, nossas angústias, dificuldades, possibilidades e ideias. O dialogismo é o caminho para uma prática no campo da saúde que afirme os princípios do SUS. Queremos reinventar  juntos, incluindo os usuários, um outro modo de trabalhar em saúde. O território com suas peculiaridades precisa ser ouvido e os usuários participarem.

Importante destacar também que os setores designados para a saúde do trabalhador precisam estar atentos para não individualizar e não contribuir para pessoalizar o sofrimento e adoecimento dos trabalhadores. A Gestão de Recursos Humanos precisa, de fato, conhecer o trabalhador para contribuir com a saúde individual e coletiva, para Trabalhadores e usuários do SUS. Vale destacar que queremos um SUS que promova saúde, e a saúde não deve ser baseada em lucros. Recusamos práticas gerencialistas e autoritárias que lidam com a saúde como mercadoria.

Vitória (ES), 19 de outubro de 2017